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AP Photo/Felice Calabro

Jogadores cubanos comemoram um ponto na difícil vitória por 3 a 2 sobre o Brasil

27/09/2010 - 18h26

Arbitragem apimenta clássico, Brasil perde para Cuba e encontra Bulgária

Roberta Nomura
Em Verona (Itália)

A disputa pelo primeiro lugar do grupo B do Campeonato Mundial de vôlei já tinha ingredientes suficientes para a partida em Verona ser tensa. E alguns lances polêmicos da arbitragem apimentaram ainda mais o clássico. Os cerca de 7 mil presentes no Palaolimpia criaram o clima de decisão. Com este cenário, o Brasil foi derrotado por 3 sets a 2 (34-32, 18-25, 23-25, 25-21 e 15-12) por Cuba nesta segunda-feira, acabou na vice-liderança da chave e terá um encontro precoce com a Bulgária na segunda fase. 

A seleção brasileira masculina se despediu de Verona com um belo confronto contra os cubanos. Mas com a derrota, integra o grupo N, a "chave da morte", ao lado de Bulgária e da Polônia e disputará os jogos entre 30 de setembro e 2 de outubro, em Ancona. Cuba avança em primeiro e vai para Milão, duelar com o México e Sérvia. 

A previsão era de jogo psicológico. E foi assim desde o início. Os ânimos exaltados até extrapolaram o limite e teve enfrentamento na rede. A partida ficou ainda mais apimentada com decisões controversas da arbitragem. O ambiente parecia ideal para a seleção brasileira, que apostava no desequilíbrio emocional cubano para triunfar.

O Brasil tinha no papel a fórmula para neutralizar o rival: encaixar bons saques e bloqueios para tirar a paciência adversária. Murilo fez um ace no primeiro ponto do jogo. Mas a seleção não conseguiu colocar em prática seu objetivo. O levantador Hierrezuelo ajudou o poderoso ataque cubano a ir ao chão com facilidade, em certos momentos até sem marcação.

Cuba comandou o marcador, mas sempre com o Brasil em seu encalço. Uma decisão errada da arbitragem colocou mais fogo no jogo. Em bela defesa de Camejo em saque de Murilo, o juiz assinalou ace brasileiro. Os caribenhos reclamaram muito. E as faíscas na rede passaram a ser constantes.

Os técnicos jogaram junto com o time. Bernardinho parava o jogo para impedir arrancada rival. Orlando Samuel pedia tempo para segurar os ânimos exaltados. Perseguidor, o Brasil assumiu o comando em momento decisivo – quando o set já tinha passado do 25º ponto. O time verde-amarelo ainda salvou uma chance de Cuba fechar em lance polêmico.

Em passe quebrado, Bruninho atravessou a quadra e tentou passar por fora da antena – intervenção permitida. A jogada seguiu e o Brasil pontuou. Os cubanos se exaltaram e foram para cima do árbitro. Murilo chegou perto e se desentendeu no ápice do nervosismo dos times. Mas a superioridade cubana foi confirmada no 34-32.

No segundo set, o Brasil fez tudo o que não fez no anterior. O saque melhorou e a relação bloqueio-defesa também evoluiu muito. A equipe comandada por Bernardinho teve o controle permanente da parcial e jogou a responsabilidade de pontuar para Cuba. E foi justamente assim que os caribenhos falharam e viram os atuais campeões empatarem: 25-18.

O volume de jogo de Cuba aumentou consideravelmente no início do terceiro set, e o bloqueio passou a amortecer os contra-ataques brasileiros. A diferença chegou a seis pontos (12-6), e o set parecia perdido. A virada brasileira veio no momento em que Leandro Vissotto enfim entrou no clima da partida.

Ameaçado por Théo, que estava pronto para entrar, o oposto marcou três pontos consecutivos, e o Brasil virou a parcial. Na reta final do set, com Vissotto e Murilo inspirados, a seleção brasileira não perdeu mais a dianteira e fechou com 25-23 em um ace de Lucão que agitou o público no Palaolimpia.

O equilíbrio do duelo permaneceu na quarta parcial. Vibrações fortes dos dois lados após pontos disputados. O Brasil perdeu novamente o tempo de ataque de Cuba e voltou a enfrentar dificuldades no bloqueio. Mas o set ficou mesmo marcado pelo fair play de Murilo. O co-capitão da seleção esfriou a rivalidade dentro de quadra ao assumir toque na bola e ceder ponto a Cuba após a arbitragem errar novamente. Foi muito aplaudido. O ponteiro deixou o jogo com cãimbras e deu lugar a Giba - muito festejado pelo público. O Brasil, no entanto, não conseguiu evitar o tie-brek ao perder por 25-21.

Na véspera Dante, advertiu: "Cuba na frente é igual boiada estourada, não tem como segurar". Para evitar a empolgação cubana no set desempate, o Brasil entrou agressivo e logo abriu 2-0. Mas a recepção instável atrapalhou e os caribenhos assumiram o controle do jogo (5-3). E ao contrário do que imaginava a seleção verde-amarela, Cuba não demonstrou instabilidade emocional, administrou a vantagem e fechou em 15-12.

DIRETO DO GINÁSIO

CARINHO
Doente, Marlon foi pela 1ª vez ver um jogo do Brasil no ginásio. O levantador, que jogou na Itália, foi afagado por muitos torcedores e amigos.
REFERÊNCIA AO PASSADO
O jovem cubano Leon, de apenas 17 anos, tem o hábito de jogar com uma toalhinha pendurada na parte de trás da bermuda, mas não chega a usá-la. Lembra o vôlei de antigamente.
NA PONTA DA LÍNGUA
A seleção brasileira é que escolhe a trilha sonora. Quando começou a tocar “Chove, Chove”, de Jorge e Mateus, Dante e Giba ficaram cantaram.
TORCIDA CONTRA
Em dia de recorde de público, não havia o som do pandeiro. A maioria italiana gritava em peso: "Cuba, Cuba". Principalmente em ataques cravados.

FICHA DO JOGO

CUBA
Hierrezuelo e Hernandez, León e Leal, Simón e Camejo. Líbero: Gutierrez. Entrou: Díaz.

BRASIL
Bruninho e Vissotto, Murilo e Dante, Lucão e Rodrigão. Líbero: Mário Jr. Entraram: João Paulo Bravo, Théo e Giba.

MELHOR E PIOR

HIERREZUELO
Levantador facilitou a vida de seus atacantes. Com belas bolas deixou a dupla León e Simón bater sem bloqueio.
ARBITRAGEM
O húngaro Bela Hobor apimentou o clássico. Em uma defesa clara de Camejo em saque de Murilo, deu ace brasileiro, entre outros lances polêmicos.

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