UOL Esporte Vôlei
 
29/09/2010 - 11h00

Italiano que treinou com Brasil vira "traidor" e pode ser punido; Giba repudia

Roberta Nomura
Em Ancona (Itália)
  • O italiano Maurizio Latelli, do Marmi Lanza Verona, foi escolhido para substituir Marlon nos treinos

    O italiano Maurizio Latelli, do Marmi Lanza Verona, foi escolhido para substituir Marlon nos treinos

A seleção brasileira não conta com Marlon desde o início do Campeonato Mundial. Para suprir a ausência, a comissão técnica convidou o italiano Maurizio Latelli para participar do treino em Verona, na semana passada. A ajuda, no entanto, não foi vista com bons olhos e gerou polêmica. O jogador foi chamado de traidor e agora vive a expectativa de uma possível punição. O fato causou indignação no time verde-amarelo e Giba repudiou o caso.

Maurizio Latelli treinou com a seleção brasileira na manhã de sexta-feira, véspera da estreia no Mundial contra a Tunísia. Empolgado com a oportunidade, o italiano levou até a família para acompanhar a prática. Na ocasião revezou com Marlon, que ainda está com suspeita de Doença de Crohn (inflamação crônica intestinal).

“Traidor eu? Eles dizem isso porque pensam com a cabeça do futebol”, criticou em entrevista ao jornal local La Arena. “Estamos falando de um jogador que fez um pequeno treino com a seleção brasileira. Quem falou isso não está no mundo do voleibol, mas sim do futebol. Nós somos diferentes e é por isso que chamamos de ‘família do voleibol’. Estas coisas não nos importam”, ratificou.

A história repercutiu na seleção brasileira. O capitão Giba demonstrou indignação em relação ao caso. “Chamar o cara de traidor é um absurdo. É inaceitável um cidadão ser tachado de traidor sendo que nem na seleção ele joga. Eles estão vendo o lado negativo ao invés do positivo”, criticou.

De acordo com a imprensa italiana, o jogador e o clube de Verona correm o risco de serem punidos. O ex-jogador e jornalista italiano Andrea Zorzi afirmou que não sabe qual seria a justificativa para uma penalização. “A minha opinião como jogador é que um treino não vai mudar tanto assim. O Bernardinho e os jogadores têm relação de amizade com pessoas aqui na Itália e conseguem isso sem problema. Estão vendo como uma ajuda para uma das rivais da Itália e concorrente ao título. Mas eu não acredito que um treino seja crucial”.

A participação de Maurizio Latelli no treino do Brasil foi acordada entre os técnicos Bernardinho e Bruno Bagnoli, irmão do comandante da Rússia, Daniele Bagnoli. O treinador do Verona se solidarizou com seu jogador. “A melhor resposta foi dada pelo Latelli. Vôlei não é futebol. Também porque foi feito tudo de boa fé. Achei até que era um prêmio para aquele que foi escolhido pelo aspecto técnico. Honestamente eu nem pensei em outros aspectos porque a Rússia tem treinado com a Itália e nunca pensaria em uma situação assim”.

Ao saber que Marlon ficaria fora por tempo indeterminado, Bernardinho expôs a vontade de contar com jogadores emprestados. Mas, agora, deve encontrar dificuldade. No primeiro treino em Ancona, a seleção brasileira improvisou o repórter da Sportv Alexandre Oliveira, ex-levantador profissional de 1990 a 2005.

O Brasil disputa a segunda fase na pequena cidade banhada pelo mar Adriático de quinta a sábado e ainda não deve ter Marlon. O levantador espera o resultado de uma biópsia, que deve sair até esta quinta-feira, para ter o diagnóstico definitivo. Mesmo que tenha recuperação clínica, o jogador ainda não deve ter condições físicas.

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