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Roberta Nomura/UOL

Torcedoras brasileiras acompanham e criticam a derrota para a Bulgária

02/10/2010 - 21h57

Italianos protestam e pedem dinheiro de volta; búlgaros e brasileiros se dividem

Roberta Nomura
Em Ancona (Itália)

O jogo não valia nada. Mas a torcida deu sinais de que não acreditava em corpo mole de Brasil e Bulgária. Em dia de recorde de público no Palarossini, em Ancona, os 6.050 presentes acompanharam uma vitória fácil dos europeus por 3 a 0 neste sábado. E diante da suspeita de entrega de jogo protestaram ao longo da partida com gritos e ao ficar de costas. Mas os fãs foram além. Jogaram objetos na quadra e ficaram na frente da bilheteria para pedir o dinheiro de volta. Torcedores dos países envolvidos se mostraram envergonhados, mas se dividiram sobre a polêmica.

BRASIL 'ENTREGA' CONTRA A BULGÁRIA

  • Times irreconhecíveis em quadra. E uma torcida indignada, que vaiou e classificou o jogo como "palhaçada". Foi assim que o Brasil encerrou sua participação na segunda fase do Mundial.

    Em duelo de times modificados e desinteressados, a equipe do técnico Bernardinho atuou sem um levantador de ofício e, cometendo erros infantis, foi derrotada pela Bulgária por 3 sets a 0.

“Hoje não foi um jogo. Foi uma vergonha. Eles não jogaram. Enfrentaram um time quase juvenil da Bulgária. Eles são os atuais campeões mundiais, número 1. Eu nunca esperava isso, mas eles fizeram e não estão errados porque o regulamento é péssimo. Ambos foram uma vergonha, mas o Brasil tinha que vencer porque tem condições de vencer qualquer um”, opinou a búlgara Stanimira Yaneva.

Os mais revoltados eram os próprios italianos que encontraram meios de demonstrar a insatisfação ainda durante o jogo. Eles gritaram: “palhaçada, palhaçada”. Ao pedido do narrador para aplaudir as duas seleções, ouviram-se sonoras vaias. Vários torcedores viraram de costas. E o ginásio explodiu com os gritos de “Itália, Itália”.

Brasil e Bulgária entraram em quadra classificados. E a partida deste sábado valia apenas a liderança. De acordo com o controverso regulamento, a equipe que perdesse enfrentaria dois times teoricamente mais fracos e ainda faz viagem direta para Roma, sede da fase final do Mundial.

Após a vergonhosa derrota, a equipe verde-amarela foi para o grupo R ao lado de República Tcheca e Alemanha. A líder Bulgária integrará o grupo Q ao lado de Espanha e Cuba, algoz do time verde-amarelo na primeira fase.

“A fórmula não é correta e isso é nítido. Mas se você quer chegar a algum lugar, precisa passar pelos caminhos mais difíceis também. Não pode fugir. O Brasil é o país do futebol, mas o vôlei é um resgate de todos os outros esportes brasileiros. Ver o vôlei fazendo isso é desesperador”, falou Ana Cardoso, técnica de basquete em cadeiras de rodas. A brasileira mora na Itália há dois anos, viajou 2h30 e pagou 40 euros para ver a partida. “Vim aqui para ser gozada pelos italianos. Eles falaram que é melhor a gente ir embora e que vão pedir o dinheiro de volta”.

O Brasil entrou em quadra sem nenhum levantador. Única opção para a função, Bruninho está com gripe e foi poupado. O oposto Théo foi escolhido para suprir a ausência. O atacante já atuou na posição, mas teve muita dificuldade. Até porque não jogou com o passe na mão.

“Eu nunca vi a seleção fazer um jogo tão ruim. O Brasil está entregando sim. O Bernardinho nem está agitado e gritando como sempre. Mas, se o regulamento foi mal feito, tem mais é que entregar mesmo. Fazer o que é certo. Eu, como brasileira, não fico chateada não. Nada muda para mim, continuo torcendo muito para eles”, falou a estudante Fernanda Silva Veloso, de 28 anos.

“Eu não sei se estão fazendo de propósito. Mas eu não acho errado não. É uma técnica para obter uma vantagem. O objetivo não é chegar à final e ser campeão? Se a regra permite, não tem problema ir pelo caminho mais fácil”, opinou a terapeuta ocupacional Eva Calatayud.

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