UOL Esporte Vôlei
 
03/10/2010 - 07h07

Decisão coletiva expõe Bernardinho e Giba a bombardeio e blinda seleção

Roberta Nomura
Em Ancona (Itália)

Único levantador à disposição, o gripado Bruninho foi poupado da atípica derrota para a Bulgária após uma decisão coletiva. É o que o técnico Bernardinho explicou após o revés sofrido no sábado por 3 a 0, em derrota que levou o Brasil para chave mais fácil na terceira fase do Campeonato Mundial de vôlei. E não foi só isso que o comandante da seleção brasileira teve que justificar. Um dos poucos a falar, o treinador foi alvo de um bombardeio ao lado do capitão Giba enquanto o restante do elenco foi blindado.

Sob os gritos de “palhaçada” e a hostilidade dos 6.050 presentes no Palarossini, os jogadores brasileiros deixaram a quadra cabisbaixos. E foram alvo de objetos da torcida. A maioria passou rápido pela área de entrevistas e sequer olhou para os jornalistas. Théo dava entrevista, mas foi puxado por Murilo. Sidão parou ao ser abordado.

“Aconteceu que Bruninho não está bem, está um pouco gripado. A gente achou melhor poupar. Fizemos de tudo para inscrever outro levantador quando o Marlon estava ruim e não foi possível. Não podemos arriscar, porque o campeonato começa na verdade semana que vem”, explicou.

Classificadas, as duas seleções entraram em quadra desfiguradas em duelo que valia a liderança do grupo N – terminar no topo representaria uma viagem a mais e uma chave mais difícil na próxima etapa. Os dois times entraram, então, sem peças importantes. Com gripe, Bruninho ficou no banco. Como Marlon ainda se recupera de problemas crônicos intestinais, o Brasil improvisou o atacante Théo na função de levantador. Sidão entrou no lugar de Lucão no time titular e o capitão Giba na vaga do destaque Murilo.

A Bulgária sequer relacionou o levantador Zhekov e o líbero Salparov, ambos titulares. Maior pontuador da equipe no Mundial, o ponteiro Kaziyski ficou no banco de reservas e não entrou. E o duelo que não valia nada foi, de fato, muito ruim. Foram 49 pontos cedidos aos adversários na partida – 22 do Brasil e 27 dos europeus. E Bernardinho sabia que teria que dar explicações.

“Em primeiro lugar eu peço desculpas ao público. Eu entendo que tenham agido assim, porque o vôlei envolve a paixão. Bruninho acordou com febre e eu não tive opção. O que eu vou fazer no próximo jogo se acontece alguma coisa com ele? Tenho jogo na segunda e na quarta”, justificou o técnico no início da entrevista coletiva.

“Quando eu disse que Bruninho não jogaria, eles me deram razão. Os jogadores me pediram para não fazê-lo jogar. A preocupação sempre existiu. Nos treinos é: ‘não se levante’, ‘não corra’, ‘espere’. Ele tem desgaste físico e emocional e teve febre”, falou Bernardinho. Na sala de entrevistas, ouviram-se muitas risadas e burburinhos. E ataques aos brasileiros.

O capitão Giba foi o primeiro. Foi monossilábico nas primeiras respostas. Se soltou um pouco mais depois, mas evitou se aprofundar nos temas. Na última pergunta, Bernardinho foi perguntado sobre o que achava da comédia que acabara de participar e rebateu: “Não é comédia, é tragédia”. A jornalista internacional insistiu: “Isso não foi um jogo, foi uma comédia”.

Neste clima de desconfiança de entrega de jogo para se beneficiar e enfrentar adversários mais fracos, o Brasil viaja nesta segunda para Roma, mesma cidade onde será disputada a fase final. A equipe verde-amarela compõe o grupo R ao lado de República Tcheca e Alemanha. A líder Bulgária vai para Florença, onde integra chave Q com Espanha e Cuba, algoz brasileiro na primeira fase.

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