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Divulgação/FIVB

Dancinha dos jogadores de Camarões conquistou simpatia no Mundial de vôlei

03/10/2010 - 19h43

Em Mundial 'suspeito', Camarões vira exemplo, sai como estrela e afronta futebol

Roberta Nomura
Em Ancona (Itália)

As suspeitas de entrega de jogo pairam o Campeonato Mundial de vôlei. Acusações, críticas e justificativas pautaram o discurso dos favoritos. Longe de tudo isso, Camarões roubou a cena. Se despede da Itália como exemplo da competição e sai com status de sensação. Carismática, a equipe africana fez história, conquistou o público e recebeu badalação de estrela. Agora, tenta provar que seu país vai muito além do futebol.

    REVÉS AINDA REPERCUTE NO BRASIL

  • A atípica derrota para a Bulgária ainda ecoa. Os jogadores mais experientes da seleção brasileira falaram com tranquilidade sobre o assunto um dia após a equipe ser derrotada por 3 a 0 sob vaias e gritos de “palhaçada” da torcida.

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A segunda vitória em sua curta história em Mundiais garantiu a vaga na segunda fase. A Austrália foi a vítima. A comemoração com dancinha e choro encantou e os africanos avançaram já com o status de sensação. Para amplificar ainda mais a badalação, o oposto Jean-Patrice Ndaki Mboulet foi o maior pontuador da fase inicial.

Os camaroneses trocaram Modena por Ancona. Na cidade menos populosa do Mundial, iniciaram a segunda fase como azarões e assumiram o papel de tietes. Tiraram foto com o técnico Bernardinho e com a seleção brasileira. Dentro de quadra, endurecerem o jogo contra os Estados Unidos e quase complicaram a vida dos atuais campeões olímpicos. Depois do 3 a 2 para os norte-americanos, mais fotos. Desta vez com o oposto Stanley – eleito o melhor jogador dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008.

Camarões perdeu para a República Tcheca e deu adeus ao Mundial. Mas sai de cabeça erguida e com a missão cumprida. “A primeira ambição era chegar na segunda fase. Chegamos e fizemos um belo jogo contra os Estados Unidos. Era isso que queríamos, evoluir”, disse Wounembaina ao UOL Esporte. O jogador é quem puxa a agora famosa pose após dos jogos.

Os jogadores ficam a sua frente esperando seu sinal. E, ao mesmo tempo, todos flexionam os joelhos, esticam os braços e balançam as mãos depois de gritar: “Booooo”. “Não tem significado. Fazemos porque somos felizes. Começou aqui no Mundial e encantamos porque transmitimos felicidade”, falou Wounembaina.

E o público abraçou de fato a seleção. Sem estrutura profissional de vôlei no país, Camarões impressionou pelo desempenho. E despertou o sonho dos camaroneses. Os torcedores levaram uma faixa na partida contra a República Tcheca: “Impossível não é, camaroneses. Vamos Leões”. No entanto, o cansaço da partida contra os Estados Unidos falou mais alto, eles lutaram até o fim, mas sucumbiram. E de recompensa: um imenso aplauso do lotado Palarossini.

VÔLEI X FUTEBOL?


Mostramos ao mundo que Camarões não é só futebol. Podemos ter vôlei em alto nível. Pode ser o início de uma bela história do esporte no país

Mboulet, capitão de Camarões, que dançou até com as voluntárias do Mundial na Itália

A partir de então começou a festa de despedida. Com direito a música tema da Copa do Mundo, de Shakira, que diz: “It’s time to África”. “Booooo” para todos os lados do ginásio e agradecimento especial com os camaroneses presentes. Os jogadores se aproximaram da arquibancada e juntos cantaram o hino nacional com a mão no peito.

“Antes de começar eu nunca poderia imaginar que faria o jogo com República Tcheca e Estados Unidos na segunda fase. Mostramos ao mundo que Camarões não é só futebol. Podemos ter vôlei em alto nível. Pode ser o início de uma bela história do esporte no país”, falou o capitão Mboulet.

Depois de muito tietar, Camarões sentiu o outro lado da moeda. Ao término de seu último jogo no Mundial, recebeu assédio da torcida e dos pegadores de bola do torneio. Nem os campeões olímpicos (EUA), nem os campeões mundiais (Brasil), nem os anfitriões (Itália) passaram por isso. Até mesmo quando já não estavam em quadra foram lembrados.

Diante do péssimo jogo entre os classificados Brasil e Bulgária, o público começou a vaiar as duas seleções que entraram desfiguradas e cometeram erros bobos. Os torcedores viraram de costas em protesto, gritaram “palhaçada” e atacaram objetos na quadra. Também recorreram ao exemplo de esportividade do Mundial: “Camarões”, pediam os presentes.

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