UOL Esporte Vôlei
 
03/10/2010 - 11h09

Resultados "estranhos" mancham 2ª fase pautada por discurso ensaiado

Roberta Nomura
Em Ancona (Itália)

Os Estados Unidos perderam para a República Tcheca. Rússia levou uma virada surpreendente da Espanha. O Brasil teve uma derrota atípica para Bulgária em duelo que teve vaias e gritos de “palhaçada”. Obviamente, ninguém admite entregar o jogo para ter vida mais fácil e o discurso parece até ser ensaiado. Os técnicos pouparam seus atletas e não há nada de errado nisso. No entanto, os resultados “estranhos” e as críticas ao regulamento do Campeonato Mundial de vôlei mancharam a segunda fase, encerrada no sábado.

    REVÉS AINDA REPERCUTE NO BRASIL

  • A atípica derrota para a Bulgária ainda ecoa. Os jogadores mais experientes da seleção brasileira falaram com tranquilidade sobre o assunto um dia após a equipe ser derrotada por 3 a 0 sob vaias e gritos de “palhaçada” da torcida.

    Já em Roma para a disputa da terceira fase do Campeonato Mundial de vôlei, os bicampeões mundiais Giba e Rodrigão assumiram responsabilidade e voltaram a criticar a rival europeia. Leia mais

Favoritos, Rússia, Brasil e Estados Unidos terminaram em segundo em suas chaves. Os europeus ficaram nesta condição porque perderam para a Espanha. Eles venciam o jogo por 2 a 0 e levavam vantagem na terceira parcial. O técnico Daniele Bagnoli tirou o oposto Mikhaylov para colocar o experiente Poltavskiy. Após o revés e o auge da suspeita de “entrega”, o técnico teve que se justificar.

“O objetivo era avançar para a terceira fase e eu tenho que ajustar o regulamento da melhor forma para a minha equipe. Tenho que preservar meus jogadores importantes. O campeonato é vencido por quem terminar em primeiro”, afirmou. Os jogadores brasileiros se mostraram indignados e insinuaram que os europeus entregaram o jogo para fugir do Brasil.

Àquela altura, a equipe verde-amarela era favorita para terminar na primeira colocação do grupo N e mediria forças com o primeiro do I (chave da Rússia) e o segundo do H (Cuba). A possibilidade de três candidatos ao título estarem no mesmo agrupamento provocou revoltas e chuva de críticas.

Um dia após dar declarações fortes sobre o sistema de disputa e as suspeitas de entregas, o Brasil amenizou o discurso pela manhã. À noite, entrou em quadra em jogo que valia a liderança do grupo N – o segundo colocado teria mais vantagem por ir direto para Roma, sede das finais, e cair em chave mais fácil. Dos dois lados da rede o que se viu foram equipes desfiguradas. O Brasil jogou sem levantador – o oposto Théo substituiu o gripado Bruninho.

“Em primeiro lugar eu peço desculpas ao público. Eu entendo que tenham agido assim, porque o vôlei envolve a paixão. Bruninho acordou com febre e eu não tive opção. O que eu vou fazer no próximo jogo se acontece alguma coisa com ele? Tenho jogo na segunda e na quarta”, justificou o técnico Bernardinho.

E a Bulgária foi para o duelo desinteressado contra o Brasil com o time todo reserva e sequer relacionou os titulares Zhekov (levantador) e Salparov (líbero). Principal pontuador da equipe no Mundial, o ponteiro Kaziyski ficou no banco. “O levantador estava com uma contratura muscular. E o líbero eu quis colocar para jogar mesmo”, explicou o treinador Silvano Prandi.

O capitão búlgaro Nikolov não mediu palavras e afirmou com o ar debochado que o Brasil entregou o jogo para fugir de Cuba, mas criticou o regulamento. “Um jogo como este só acontece porque o regulamento é mal feito e permite isso. Se fosse como há quatro anos, isso não teria acontecido”.

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