Jogadores do Brasil comemoram ponto contra a República Tcheca |
A vitória era, de fato, o único resultado que interessava ao Brasil nesta segunda-feira. Após a polêmica derrota para a Bulgária, que colocou a equipe na chave mais fácil da terceira fase do Campeonato Mundial de vôlei, o time verde-amarelo precisava do triunfo para encaminhar a vaga na semifinal e apagar a má impressão deixada no jogo desinteressado. Mesmo com o real interesse na vitória, quase não conseguiu. Os comandados de Bernardinho sofreram, mas superaram apatia inicial para derrotar a República Tcheca por 3 a 2 (25-20, 22-25, 23-25 e 25-21 e 15-8) no vazio Palalottomatica, em Roma.
Atual bicampeão mundial, o Brasil folga nesta terça e assiste ao duelo entre a República Tcheca e Alemanha, adversária de quarta no encerramento do grupo R. Os brasileiros suaram para obter a liderança da chave que teoricamente seria a mais fácil para os comandados de Bernardinho na terceira fase. E foi a polêmica derrota para a Bulgária que colocou o Brasil no grupo.
Caso vencesse e terminasse na liderança da segunda fase iria para Florença enfrentar Cuba e Espanha. Com o peso das cobranças pelo jogo da “palhaçada”, a equipe verde-amarela foi alvo de vaias inicias dos presentes. Mas, desta vez, os 3.700 presentes viram o Brasil entrar em quadra completo com o levantador Bruninho e o oposto Leandro Vissotto; os ponteiros Dante e Murilo; os centrais Lucão e Rodrigão; e líbero Mário Júnior.
Além da volta de todos os titulares, a seleção teve o reforço de Marlon, que está recuperado de colite ulcerativa (inflamação crônica intestinal). Com o retorno do jogador, Bernardinho contou pela primeira vez no Mundial com dois levantadores entre os 12 relacionados para a partida. E o atleta de 33 anos não decepcionou. Jogou pouco, mas teve boa participação.
Na véspera do confronto, Dante alertava para o bom oposto Stokr, que já jogou com o ponteiro brasileiro no Modena. E foi ele quem mais complicou o passe brasileiro no primeiro set. Os europeus adotaram a estratégia de sacar em Murilo, mas o destaque verde-amarelo do Mundial não vacilou e obteve 100% de aproveitamento em dez bolas.
O ponteiro gosta de enfatizar que a fase é boa, tudo funciona bem. E isso se aplica a ele neste momento. No ponto alto da carreira, Murilo é o jogador mais acionado por Bruninho e tem correspondido bem. O camisa 8 e Dante foram ótimas opções na saída e o Brasil fechou em 25-20.
Na segunda parcial, a República Tcheca mostrou como conseguiu complicar a vida dos atuais campeões olímpicos Estados Unidos na segunda fase. O Brasil se mantinha na frente e o levantador Bruninho sentiu o bom momento de Vissotto e chamou a jogada pela saída de rede. Mas acabou sobrecarregando um pouco o oposto. E quando Lucão parou no simples, os europeus assumiram o comando.
A equipe verde-amarela logo reassumiu ao fazer 14-13 na malandragem de Murilo e Rodrigão. Os campeões mundiais em 2006 subiram no bloqueio, mas abaixaram o braço no arremate do atacante tcheco, que mandou para fora. O ponteiro sorriu em um dos raros momentos de descontração e foi muito festejado pelos companheiros. O Brasil estava em desvantagem de dois pontos (21-19) quando Bernardinho fez pela primeira vez no Mundial uma inversão verdadeira com as entradas de Marlon e Théo nos lugares de Vissotto e Bruninho, respectivamente.
E na primeira participação de Marlon no campeonato uma polêmica. O Brasil finalizava o ponto quando o sinal de pedido de tempo soou. O árbitro mandou voltar o ponto, para irritação dos brasileiros. O técnico Bernardinho se levantou de muletas e tentou justificar, em vão. O levantador, então, sacou novamente. Os campeões mundiais obtiveram chance de contra-ataque e Murilo não desperdiçou em bonita diagonal curta. Não foi suficiente. Os tchecos erraram menos e empataram o jogo (25-22). Sem a responsabilidade de vencer, os europeus jogaram mais soltos e mais vibrantes.
Voltaram embalados no terceiro set e dominaram praticamente todo o período. Como perseguidor, o Brasil foi eficiente. Bastava os tchecos abrirem vantagem para os comandados de Bernardinho reagirem. Empatavam, mas erravam na hora de liderar. Os ponteiros adversários Hudecek e Platenik mantiveram a eficiência e complicaram o jogo. E os europeus fizeram o improvável ao fazer 25-23 e virar a partida.
Com Théo no lugar do nervoso Vissotto, o Brasil melhorou. Reduziu o número de erros e apresentou bom volume de jogo. Os tchecos ainda mantiveram perseguição ferrenha, mas o oposto reserva deu nova cara ao time verde-amarelo. Mesmo visivelmente ansioso, Théo teve 73% de aproveitamento no ataque e ajudou a equipe verde-amarela a empatar e levar o jogo para o tie-break. Bruninho vibrou e contagiou. O time inteiro passou a extravasar. E deu resultado. Com um ótimo desempenho no saque e no bloqueio, todos os fundamentos ficaram alinhados e a seleção atropelou. E a torcida nem mais lembrou de vaiar.
REPÚBLICA TCHECA BRASIL |
REFORÇO Familiares da delegação brasileira estão em Roma. A mulher de Giba, Cristina Pirv, e a filha de Dante, Giovanna, por exemplo, estavam nas arquibancadas. | PRESENTE Os atletas jogaram réplicas da bola para a torcida. Dante mandou a sua para o fisioterapeuta Fiapo, mas errou. Dois pegadores de bola brigaram, mas devolveram o objeto ao brasileiro. |
CUIDADO O oposto Stokr foi tentar salvar uma bola do lado brasileiro. Na iminência da trombada, o técnico Bernadinho levantou suas muletas para evitar choque. | REVOLTA Ao ser impedido de entrar na partida em inversão, Leandro Vissotto ficou irritado e jogou a placa no chão. Depois, teve que pegar do chão e entregar quebrada para Bruninho. |
THÉO Oposto entrou no terceiro set e foi fundamental para a virada da seleção brasileira na partida | VISSOTTO Mais uma vez teve um desempenho ruim. Foi facilmente marcado pela defesa da República Tcheca. | ||
MURILO O ponteiro resolve a vida do Brasil quando a situação fica complicada. Foi assim no jogo contra os tchecos, com 25 pontos marcados. | BERNARDINHO Demorou para colocar Théo no jogo, mesmo com Leandro Vissotto jogando abaixo do esperado. |
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