UOL Esporte Vôlei
 
04/10/2010 - 09h11

Brasil não teme hostilidade excessiva por dividir casa com Itália no Mundial

Roberta Nomura
Em Roma (Itália)

Os bastidores esquentaram a rivalidade Brasil x Itália neste Campeonato Mundial de vôlei. O embate sequer aconteceu, mas o clima não é dos melhores. Agora, as seleções que dividem o domínio das duas últimas décadas na competição estão na mesma sede: Roma, cidade que abrigará, inclusive, a reta final. O time verde-amarelo já foi alvo da torcida em Ancona após polêmica partida contra a Bulgária. Mesmo diante da possibilidade de maior público, os atuais bicampeões mundiais não temem hostilidade excessiva por dividir casa com a Azzurra.

EPISÓDIOS QUE ACIRRARAM RIVALIDADE

Antes mesmo do embarque, os jogadores da seleção brasileira criticaram a fórmula e disseram que era para beneficiar a Itália
O italiano Maurizio Latelli treinou com a seleção brasileira para render o doente Marlon. O jogador foi chamado de traidor, mas a federação italiana negou punição e falou em "laços de amizade" com o Brasil
Auge da revolta contra o regulamento ocorreu após a Rússia perder de virada para Espanha. O Brasil voltou a criticar o regulamento e citou a Itália.
Depois do técnico Bernardinho dizer que a imprensa italiana estava encobrindo o regulamento, jornal Gazzeta dello Sport fez um pequeno editorial criticando o treinador
Em jogo em que nenhuma seleção precisava vencer - ambas estavam classificadas -, o Brasil improvisou um atacante no lugar do levantador e perdeu jogo feio para a Bulgária, que só usou reservas e nem relacionou levantador e líbero titulares. A torcida vaiou, gritou "palhaçada", pediu dinheiro de volta e jogou objetos na direção dos brasileiros
Imprensa italiana volta a pegar pesado. Publicou nota com destaque para o fato do oposto Théo ter jogado de levantador, mas não colocou nenhuma frase de Bernardinho ou Giba. Ainda teve coluna do ex-jogador e agora jornalista Andrea Zorzi sobre o assunto

“Não tem nada disso. Nenhuma hostilidade. Vai ser tudo tranquilo”, opinou o técnico Bernardinho. A seleção brasileira deixou para trás duas cidades pequenas e com ginásios com capacidade para pouco mais de 6,5 mil pessoas. Agora, atuará no Palalottomatica, em Roma. O ginásio é o segundo maior de todo o Mundial e pode acolher até 10.710 pessoas.

E a expectativa é de bom público. Para o Brasil, cresce a chance de hostilidade. A equipe se despediu de Ancona na segunda fase sob a ira dos torcedores. Na derrota por 3 a 0 para a Bulgária em que as duas seleções atuaram improvisadas e o número de erros infantis foi excessivo, os 6.050 presentes gritaram “palhaçada”, viraram de costas e vaiaram. Entoaram cantos de incentivo para a Itália e atiraram objetos na direção dos brasileiros.

“A gente está preparado para tudo. Mas não acho que vai ser muito diferente do que já vem acontecendo. Em Verona, a maioria torcia abertamente para Cuba. Em Ancona nem se fala. Mas aqui é assim, ninguém vai torcer para o Brasil. Assim como no Brasil ninguém torce para eles ou para a Argentina. O nosso foco é a quadra, é jogar”, disse o levantador Bruninho.

Integrante do grupo R, o Brasil inicia a terceira fase diante da República Tcheca, às 16h (horário de Brasília) desta segunda. Na quarta, fará duelo com a Alemanha às 12h (de Brasília), em preliminar da anfitriã Itália, que encara a França.

“Se tiver mais hostilidade não tem problema. Acho que vai ser até melhor. Não nos importamos com isso. Melhor ou pior, temos que focar no nosso objetivo e seguir nossa estrada”, falou o bicampeão mundial Dante. “A gente já esperava por isso. Aqui é todo mundo contra o Brasil. Como eu já disse, as coisas nunca foram fáceis para nós”, declarou o capitão Giba,

Todo o clima de rivalidade foi ampliado mesmo sem Brasil e Itália se cruzarem no caminho. Nos bastidores, os anfitriões fazem de tudo para impedir o terceiro título consecutivo do time verde-amarelo – resultado que igualaria feito da Azzurra, tricampeã em 1990, 1994 e 1998. A delegação brasileira alertou antes do início da competição para o regulamento que privilegia os rivais e recebeu o apoio de outras seleções.

Enquanto o duelo não chega – caso se classifiquem, as duas equipes se cruzam na semifinal –, a rivalidade teve um pequeno aquecimento. As duas seleções se encontraram nos corredores do Palallotomatica. O Brasil deixou a quadra após treino enquanto a Itália se preparava para entrar. A maioria dos anfitriões mudou a rota. O levantador Vermiglio parou para conversar com Giba. “Estamos loucos para encontrar os italianos”, disparou Rodrigão.

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