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Andrew Medichini/AP

Seleção brasileira de vôlei celebra ponto durante vitória sobre a Itália

09/10/2010 - 18h04

Brasil cala caldeirão, faz sua 'justiça' ao bater Itália e vai à final do Mundial

Roberta Nomura
Em Roma (Itália)

O Brasil entrou na quadra do Palalottomatica, em Roma, diante de 12.178 pessoas, recorde de público do Campeonato Mundial masculino de vôlei. O caldeirão estava armado e sobraram vaias e críticas principalmente ao técnico Bernardinho pela derrota polêmica para a Bulgária. E justamente por isso, os italianos queriam fazer ‘justiça’. Mas foi o time verde-amarelo que fez a sua ‘justiça’ ao vencer a anfitriã Azzurra por 3 a 1 (25-15, 25-22, 23-25 e 25-17) , neste sábado.

Agora, a seleção brasileira busca seu terceiro título consecutivo em final contra Cuba, algoz na primeira fase. As duas seleções se enfrentam às 16h (horário de Brasília) deste domingo. A anfitriã briga pela terceira colocação com a Sérvia e tenta voltar ao pódio após dois quintos lugares em 2002 e 2006.

A equipe verde-amarela entrou em quadra disposta a fazer a sua ‘justiça’. Os brasileiros foram críticos ferrenhos à fórmula do Mundial e insinuaram favorecimento a Itália para que a anfitriã chegasse até a semifinal sem encontrar grandes rivais. O único adversário de peso foram os campeões olímpicos Estados Unidos que ficaram pelo caminho.

Burburinhos de bastidores ajudaram a apimentar a rivalidade. E a esperada provocação começou cedo, mas de forma sutil. Mastrangelo parou Dante no bloqueio e encarou o ponteiro brasileiro. O bicampeão mundial não entrou na dele. O alvo do mais velho jogador em quadra – o italiano tem 35 anos –, então, mudou. Os olhares foram direcionados para Leandro Vissotto. Bruninho interveio: “Não cai na dele”.

CUBA BATE SÉRVIA E PEGA O BRASIL

Cuba retornou ao cenário do vôlei mundial nos últimos dois anos. E com uma geração talentosa parece ter chegado para incomodar. O time corria por fora, mas desbancou cabeças de chave e alcançou sua segunda final de Campeonato Mundial após 20 anos. Para ir à decisão, a equipe caribenha desbancou a experiente Sérvia neste sábado por 3 sets a 2 (22-25, 25-17, 31-29, 22-25 e 16-14 ), em Roma. Leia mais

E o oposto brasileiro não caiu. Respondeu na bola. Passou no meio do bloqueio, atacou belas diagonais, explorou o paredão rival e ainda bloqueou. Vissotto foi o mais acionado por Bruninho e teve 86% de aproveitamento em sete ataques. Com problemas na recepção, a Itália se complicou nos saques forçados e flutuantes e facilitou a vida do time verde-amarelo, que passeou: 25-15.

O segundo set teve o que se esperava da partida. Com dois times com bom volume de jogo, os ralis aumentaram. As defesas trabalharam melhor e os atacantes sofreram. O Brasil encontrou mais dificuldade e passou boa parte do tempo na condição de perseguidor. Bruninho sentiu o pé e deixou o jogo para a entrada de Marlon.

O primeiro momento de maior tensão na rede foi quando o Brasil retomou o comando do placar (17-16). Savani atacou pela entrada de rede na diagonal, a bola desviou e saiu. O ponteiro italiano pediu toque do bloqueio. Dante e Vissotto alegaram que a bola não encostou neles. E se havia a preocupação com possível arbitragem tendenciosa, ela não ocorreu naquele momento. O juiz confirmou ponto verde-amarelo. À frente no marcador, foi só administrar.

A Itália jogou o terceiro set empurrada pela barulhenta torcida. E as provocações aumentaram. Vermiglio resmungava com Dante e Mastrangelo gesticulava para Vissotto. O ‘calejado’ Brasil caiu no jogo emocional. Murilo ainda tentava trazer os companheiros de volta para o jogo e evitava embate na rede. O Brasil sentiu a falta de Bruninho, já que Marlon ainda está sem ritmo de jogo por causa de uma colite ulcerativa que o tirou das duas primeiras fases. Os comandados de Bernardinho erraram demais, sofreram com bolas duvidosas dos juízes de linha e viram o oposto Fei brilhar com nove pontos no período, finalizado em 25-23, para delírio do público presente.

Era o momento de o Brasil conter a euforia rival e foi isso que os comandados de Bernardinho fizeram. Com a vantagem no placar desde o início foi mais fácil segurar os adversários. Marlon entrou no jogo, conseguiu boa variação e os atuais campeões mundiais souberam controlar a partida e calar o caldeirão mesmo sem atuação de gala de seus ponteiros. E a 'justiça' brasileira terminou com um 25-17: a Itália realmente caiu no seu maior teste no Mundial.

FICHA DO JOGO

ITÁLIA
Vermiglio e Fei; Savani e Parodi; Mastrangelo e Sala; Marra. Entraram: Cernic, Birarelli, Lasko, Travica, Zaytsev


BRASIL
Bruninho e Leandro Vissotto; Murilo e Dante; Rodrigão e Lucão; Mário Júnior. Entraram: Marlon, Théo, João Paulo Bravo

DIRETO DO GINÁSIO

VISITA ILUSTRE
Jogadores brasileiros que atuam em clubes da Itália estiveram no Palalottomatica. Lúcio (Inter de Milão), Juan, Taddei e Simplício (Roma) foram torcer para o Brasil.
RIVAIS?
Apesar da forte rivalidade, os italianos se rederam ao Brasil. Enquanto esperavam para entrar em quadra, os brasileiros foram alvo de flashes da torcida, especialmente Giba e Murilo.
CRÍTICA DIRECIONADA
A seleção ouviu gritos de “palhaçada” novamente. Mas o alvo principal era o técnico Bernardinho. Além de faixas ofensivas, foi o mais vaiado pelos italianos.
FAIR PLAY
A rivalidade estava acirrada. Nem por isso os jogadores deixaram o fair play de lado. Bruninho, Lucão, Vissotto se acusaram em pontos reclamados pela Itália.

MELHORES E PIORES

VISSOTTO
Após boa atuação na vitória sobre a Alemanha, o oposto brasileiro conseguiu uma sequência. Foi o principal atacante brasileiro no clássico
MARRA
Líbero italiano teve dificuldade em defender bolas fáceis e complicou o sistema defensivo e de recepção da Azzura
BRUNINHO
Enquanto esteve em quadra, o Brasil atropelou. O levantador sentiu dor no pé e deixou o jogo. A equipe sentiu sua falta, mas superou.
SAVANI
Um dos destaques da Itália no Mundial, ponteiro teve atuação apagada e chegou até a ser substituído

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