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AFP/Mustafa Ozer

Tranquilidade da semifinal olímpica de Pequim-2008 não deve se repetir em Roma

09/10/2010 - 07h07

Íntimos, Brasil e Itália duelam por 'justiça' e para findar briga de bastidores

Roberta Nomura
Em Roma (Itália)

A seleção brasileira masculina insinuou que o regulamento do Campeonato Mundial de vôlei favorece a anfitriã Itália. Os donos da casa, por sua vez, não pouparam críticas aos atuais bicampeões após a polêmica derrota para a Bulgária que colocou o time verde-amarelo em chave mais fraca na terceira fase. Às 16h (horário de Brasília) deste sábado, as duas seleções se enfrentam na semifinal e terão a chance de fazer ‘justiça’ e acabar, na bola, com rivalidade que foi acirrada com episódios de bastidores.

EPISÓDIOS QUE ACIRRARAM RIVALIDADE

Antes mesmo do embarque, os jogadores da seleção brasileira criticaram a fórmula e disseram que era para beneficiar a Itália
O italiano Maurizio Latelli treinou com a seleção brasileira para render o doente Marlon em Ancona. O jogador foi chamado de traidor, mas a federação italiana negou punição e falou em "laços de amizade" com o Brasil
Auge da revolta contra o regulamento ocorreu após a Rússia perder de virada para Espanha. O Brasil voltou a criticar o regulamento e citou a Itália.
Depois do técnico Bernardinho dizer que a imprensa italiana estava encobrindo o regulamento, jornal Gazzeta dello Sport fez um pequeno editorial criticando o treinador
Em duelo em que nenhuma seleção precisava vencer - ambas estavam classificadas -, o Brasil improvisou um atacante no lugar do levantador e perdeu jogo feio para a Bulgária, que só usou reservas e nem relacionou levantador e líbero titulares. A torcida vaiou, gritou "palhaçada", pediu dinheiro de volta e jogou objetos na direção dos brasileiros
Imprensa italiana volta a pegar pesado. Publicou nota com destaque para o fato de o oposto Théo ter jogado de levantador, mas não colocou nenhuma frase de Bernardinho ou Giba. Ainda teve coluna do ex-jogador e agora jornalista Andrea Zorzi sobre o assunto
Alvo da ira da torcida em Ancona após a polêmica derrota para a Bulgária, o Brasil disse não temer a hostilidade excessiva do público.
O clássico começou antes mesmo da Itália se classificar. Ao assegurar vaga na semifinal, o Brasil expôs seu desejo de encontrar os anfitriões. Vissotto foi além e falou em discriminação aos brasileiros.
Enquanto a maioria dos italianos adotou um discurso mais político, Alessandro Fei destoou. O oposto demonstrou seu respeito ao rival, mas disse que o Brasil não é mais de Ricardinho e Gustavo.
A Itália marcou academia para o único horário reservado e que seria do Brasil. Após o episódio, a comissão técnica minimizou para evitar nova polêmica .

“Toda a festa foi feita para eles e a gente está aqui para tentar estragá-la. Eles já chegaram onde queriam, mas nós não. Queremos muito estar nesta final”, afirmou o central Rodrigão. O bicampeão mundial foi um dos mais críticos ao regulamento ao dizer que a Itália teria caminho fácil até a semifinal.

De fato, os invictos italianos enfrentaram somente um adversário de peso – venceram os campeões Estados Unidos na terceira fase. O Brasil encontrou adversários mais fortes: Cuba (primeira fase), Bulgária e Polônia (segunda fase). Na terceira etapa, o time verde-amarelo integrou a chave mais fácil após perder por 3 a 0 para a Bulgária em jogo que poupou seu único levantador disponível e improvisou o oposto Théo na função.

O público vaiou, definiu como palhaçada e atirou objetos na direção dos jogadores brasileiros. A imprensa italiana classificou como farsa e o ex-jogador Andrea Zorzi se disse enjoado e criticou duramente o time de Bernardinho. Não bastasse tudo isso, problemas de bastidores apimentaram ainda mais o clássico. Possibilidade de punição a italiano que ajudou o Brasil, problemas de logísticas de treinos e até acusações de discriminação com os brasileiros tomaram conta do noticiário.

“Vão ter mais de 12 mil pessoas contra a gente. Ainda mais depois de todas as polêmicas. Mas temos que focar dentro de quadra, fazer nosso jogo e esquecer o que está de fora”, falou o meio de rede Lucão. “Há um respeito mútuo. Na semifinal da Olimpíada de 2008 [vencida pelo Brasil] não teve nada demais. Mas eu não sei o que esperar. Temos que fazer nosso melhor para ganhar na bola”, concordou o levantador Bruninho.

Como oito jogadores da seleção brasileira que já defenderam clubes da Itália, os rivais deste sábado passam a ser íntimos. Por conhecer tão bem o adversário, o capitão Giba alerta para possível provocação do outro lado da rede. “Eles sempre fizeram isso. Fazem de tudo para desestabilizar e baixar nosso nível. A gente sabe que eles jogam assim e a gente precisa segurar isso e entrar muito fechado para superar”, afirmou o ponteiro.

Itália e Brasil disputam uma vaga na final do Mundial. A expectativa é de casa cheia para o 71º confronto da história do clássico – são 42 vitórias do time verde-amarelo e 28 da Azzurra. Na partida preliminar, às 12h (horário de Brasília) deste sábado, Cuba e Sérvia medem forças também no Palalottomatica, em Roma, para definir o primeiro finalista do campeonato.

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