UOL Esporte Vôlei
 
12/10/2010 - 08h05

Giba perde holofotes e Murilo assume papel de líder e estrela da seleção

Roberta Nomura
Em São Paulo
  • Murilo e Giba: Mundial marcou a passagem definitiva do bastão do veterano para o sucessor

    Murilo e Giba: Mundial marcou a passagem definitiva do bastão do veterano para o sucessor

A presença de Giba na reserva causou, primeiro, uma grande surpresa na mídia internacional. E o capitão respondeu a inúmeras perguntas sobre a razão de estar no banco em pleno Campeonato Mundial de vôlei. Em todas elas, enalteceu os titulares. Os holofotes, então, voltaram-se para outro personagem. Murilo roubou a cena e assumiu status de líder e estrela da seleção brasileira.

Durante todo o Mundial, Giba entrou em quadra somente em dois dos nove jogos da campanha que rendeu o tricampeonato mundial ao Brasil (2002, 2006 e 2010). Substituiu Murilo no fim do quarto set do revés para Cuba na primeira fase, quando o gaúcho sofreu com cãimbras. O capitão também atuou na polêmica derrota para a Bulgária, em que as duas seleções já estavam classificadas e pouparam titulares.

A ausência de Giba entre os titulares causou estranheza logo na primeira partida. Um jornalista italiano perguntou para a imprensa brasileira o motivo do melhor jogador do Mundial de 2006 estar no banco. Um repórter polonês indagou qual lesão tirou o atleta de 33 anos da estreia e ficou surpreso ao ouvir que a reserva era uma opção de Bernardinho.

“Estou aqui porque quero estar e ajudar o time. O Brasil tem diferentes jogadores que podem contribuir. O meu jeito agora é este, até de passar experiência”, explicou em uma das várias vezes em que foi abordado sobre o assunto. E, de fato, é assim que tem colaborado. Nas paradas técnicas obrigatórias, Giba conversa com o time e passa instruções diretas aos jogadores.

Na final contra Cuba, os olhares de Murilo procuravam pelo experiente jogador na área reservada para os reservas. E Giba sempre retribuía com uma dica. “O Giba tem sido um líder importante. O Murilo tem dado provas, aos poucos, que pode assumir este papel. Ele é o ponto de equilíbrio do time pela seriedade nos treinamentos e pelo seu envolvimento. O Giba sente isso e passa para ele o que foi sua responsabilidade por muito tempo”, falou o técnico Bernardinho.

Murilo teve sua primeira chance na seleção em 2003. Mas durante muitos anos permaneceu como reserva e coadjuvante. Esperou seu momento e, agora, vive o auge de sua carreira. Titular no novo ciclo, o ponteiro foi eleito o melhor jogador do Mundial e faturou seu terceiro MVP neste ano – foi assim nos títulos da Liga Mundial e de torneio amistoso na Polônia.

Dentro de quadra, Murilo tem características diferentes da de Giba, que se consagrou pela plástica de seus ataques e por “parar no ar” para efetuar um ponto. O ponteiro gaúcho é completo. Tem ótimo passe, ataca com eficiência e encaixou bom saque no Mundial. Além disso, compensa a ‘baixa’ estatura de 1,90 m com impulsão no bloqueio.

E com a confiança do grupo virou o co-capitão da seleção brasileira. Em quadra, é ele quem conversa com o árbitro e, na ausência de Giba, representa o grupo nas entrevistas coletivas. Mesmo que a equipe tenha jogadores mais experientes como os tricampeões mundiais Dante e Rodrigão.

“A liderança nasce com a pessoa. E Murilo a exerce dentro de quadra. O Rodrigão tem um jeito mais fechado, mas é importante para o grupo. O capitão é apenas uma figura que representa o grupo. Mas não é possível ter a liderança sem que o conjunto te permita liderar e esta equipe deixa”, disse Giba, que havia confirmado a aposentadoria da seleção após os Jogos Olímpicos de Londres-2012. Mas deixou a permanência na equipe verde-amarela em aberto. “Vamos ver, depois a gente conversa”. Com ou sem o capitão, Murilo já é uma realidade. Para os torcedores, o melhor do mundo em 2006 ainda é o xodó.

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