UOL Esporte Vôlei
 
30/10/2009 - 19h12

Após 17 anos, Mundial de Clubes volta com nova regra que pode ajudar Cimed

Roberta Nomura
Em São Paulo

O Campeonato Mundial masculino de Clubes de vôlei retorna ao calendário após 17 anos de ausência. A competição, que terá início no dia 3 de novembro, em Doha, no Qatar, será utilizada pela FIVB (Federação Internacional de Voleibol) para testar uma nova regra que limita o ataque e visa aumentar os ralis. Adaptada, a Cimed espera se beneficiar da nova determinação para trazer o inédito título ao Brasil.

CIMED NO MUNDIAL DE CLUBES

  • Atual campeã da Superliga, a Cimed venceu o Sul-Americano e garantiu a vaga no Mundial

    MAIS OPINIÕES SOBRE A REGRA

    A regra não deveria ser testada em uma competição tão importante. Mas vamos trabalhar com alternativas e criatividade para conseguir

    Marcos Pacheco, técnico da Cimed

    Eles querem que tenham mais ralis, como no feminino. Com essa nova regra, a bola vai bater mais no bloqueio e vai demorar mais a cair

    Mário Júnior, líbero da Cimed

No mesmo ano em que analisa a escalação de dois líberos nas competições das seleções, a entidade que controla a modalidade tenta criar mais uma dificuldade para os potentes ataques. A ideia é que o terceiro toque após o saque seja efetuado atrás da linha dos três metros – os contra-ataques e as bolas de segunda seguem sem restrições.

A regra é considerada contraditória pelo técnico Marcos Pacheco, da Cimed. “É um grande contrastante. Se vingar, o líbero está com os dias contados. Temos que colocar os centrais para passar e quanto mais atacante do fundo, melhor. Não vai ser vantagem ter um jogador somente defensivo, porque temos a necessidade de atacar também”, explicou.

Desde que conquistou o direito de disputar o Mundial de clubes, ao vencer o Sul-Americano em 11 de outubro, a Cimed teve duas semanas e meia para se adaptar à nova regra e espera levar vantagem sobre os principais rivais como o russo Kazan, o italiano Trentino e o polonês Belchatow. As equipes europeias já estão disputando os campeonatos nacionais com a regra antiga e não tiveram o mesmo período para as ‘atividades intensivas’.

“Eu ainda estou sofrendo um pouco ainda. Mas no último treino comentamos que o jogo está fluindo ao natural. No começo a gente esquecia até de jogar, pensando o que não podia fazer. Como deu para treinar algumas variações, acho que a Cimed pode sair um pouco na frente. Mas não sei como os outros times estão fazendo”, falou Thiago Alves, que atua como ponteiro, posição considerada como a de maior dificuldade de adaptação por Pacheco.

“O mais complicado é o ataque do fundo pela saída, que é menos usado. O fundo pela ponta, praticamente não é usado. Ponteiros estão com dificuldade com a trajetória é mais longa”, contou o treinador. Neste período, a Cimed realizou três jogos, um amistoso e dois pela semifinal do Campeonato Catarinense. Embora a regra em uso seja a antiga, o atual campeão sul-americano atuou já tentando implantar a regra do ataque do fundo.

Ao impedir o ataque junto à rede na primeira bola, a nova determinação limita a atuação dos centrais. “Uma das minhas principais características é o ataque. Nunca fui excepcional no bloqueio e estou melhorando o saque agora. Então não gostei nem um pouco. O jogo fica mais fácil e previsível também”, opinou Lucão, titular da Cimed e da seleção brasileira. “Para o meio-de-rede não foi muito boa. A vantagem é que estamos treinando. Se as outras equipes não tiverem, com certeza vai ter muito erro”, falou o central Éder, também do time verde-amarelo. Os equívocos, aliás, eram uma constante no início dos treinamentos com a nova regra. “Dava até raiva”, contou Lucão.

Há um consenso sobre a eficiência da determinação: atletas e comissão técnica acreditam que a partida terá mais volume e os ralis serão mais frequentes. No entanto, o terceiro toque pelo fundo também desagrada ao levantador Bruninho. “Meu trabalho ficou mais burocrático. Um levantador médio, que saiba sacar bem e colocar nas três posições do fundo pode se igualar a um craque como o Ball [campeão olímpico com os EUA], porque tem menos variáveis”, opinou.

A Cimed embarca na madrugada desta sexta-feira para sábado rumo a Doha. Integrante do grupo B, o time catarinense estreia contra o Payakan, do Irã, às 15h (horário de Brasília) de terça-feira. A chave ainda tem o polonês Belchatow e o anfitrião Al-Arabi, do Qatar. O grupo A é integrado pelo italiano Trentino, o russo Zenit Kazan, o porto-riquenho Corozal e o egípcio Zamalec. 

 

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