A temporada 2009 provavelmente foi a última de um dos maiores ícones do vôlei de praia mundial. Parada desde a etapa de Barcelona do Circuito Mundial, em setembro, quando machucou a perna, Shelda não retornou mais às areias e só deve fazê-lo uma única vez, em um jogo festivo de despedida, possivelmente no início de 2010.
Com a aposentadoria de Shelda (e), Ana Paula já se prepara para jogar com uma nova parceira
Renata (d), que jogou a temporada 2009 com Val, deverá formar uma nova dupla com Ana Paula
Mas, mais do que deixar a modalidade um pouco carente, a aposentadoria da cearense mexerá com o mercado nacional do vôlei de praia, a começar por Ana Paula. Embora o fim da carreira de sua atual parceira ainda não seja oficial, a medalhista olímpica não acredita na permanência de Shelda.
“Ela não está querendo jogar mais. No ano passado eu ainda insisti e consegui convencê-la, mas acho que nesse ano não vai dar. Ela sofreu muito no último Circuito Mundial por ficar longe de casa”, explicou Ana Paula em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, por telefone. “Mas ela está parando feliz, está calma. No ano passado, ela achava que ia se arrepender, então resolveu jogar mais um ano para não sentir isso depois. Mas agora não tem isso”.
Diante da situação que se desenha, Ana Paula já começa a traçar os planos de um futuro sem Shelda. Apesar de ser um ano mais velha do que a cearense - tem 37 anos -, a ex-jogadora de quadra está decidida a permanecer em atividade até os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Se conseguir, disputará sua quinta olimpíada, em busca de ser a primeira brasileira a conquistar duas medalhas olímpicas em modalidades diferentes (conquistou o bronze no vôlei indoor em Atlanta-1996).
Entretanto, para atingir sua meta, a jogadora terá de fazer algumas revisões em seu planejamento. “Eu vou continuar, porque ainda quero disputar uma vaga para Londres. Mas se essa for mesmo a decisão da Shelda, eu vou ter que rever minhas opções. Primeiro preciso decidir minha vida com ela. Se ela falar que vai parar, se estiver decidida, vou ter que correr atrás de outra parceira”, analisou a mineira.
Mas a busca por uma nova duplista não deverá ser tão demorada assim. Pelo contrário, Ana Paula já fez um convite para Renata, que gostou da ideia. “A gente já conversou alguma coisa muito por alto. Foi a Shelda, inclusive, que falou pra eu conversar com a Renata. Eu estava relutando, mas ela me empurrou, pelo menos pra ter uma conversa. A Renata sinalizou um interesse e ficamos de nos falar mais pra frente”, detalhou Ana.
Há, porém, um empecilho. Grávida de quatro meses, Renata está afastada das quadras desde setembro. “Em Barcelona, ela me mandou um e-mail dizendo ‘Ana, tô grávida’. Eu só disse pra ela ‘Fica muito feliz, porque vai ser a melhor coisa da tua vida’”, lembrou Ana Paula. “Aí ela falou que, se eu não achasse uma parceira, na volta da gravidez ela gostaria de jogar comigo. Então, eu não estou correndo tanto também, porque a Renata não vai voltar antes de maio. E o ano que vem ainda não conta nada para a classificação para Londres”.
Sem parceira para treinar por enquanto, Ana Paula vem mantendo apenas a parte física e já está quase certa do que fará nestes pelo menos cinco meses sem parceira. A mineira está tentada a disputar o AVP, circuito norte-americano de vôlei de praia.
“Abriu um leque muito grande pra mim no AVP. Aqui [nos Estados Unidos, de onde falava durante a entrevista] tem ótimas jogadoras, algumas top, que não saem daqui pra nada, nem pro Circuito Mundial, e é o campeonato mais forte do mundo”, comentou.
Nas praias americanas, Ana Paula poderá reeditar dupla com uma antiga parceira, Tati Minello, com quem foi vice-campeã nacional em 2002.
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