22/01/2010 - 07h07

'Gilsão mão de pilão' preside clube falido e beira top 10 da Superliga

Roberta Nomura

Em São Paulo

"Eu presidindo vai ter que ter a minha cara. Para ganhar de mim vai ter que cuspir sangue, porque aqui tem muita dedicação", disse o presidente-atacante Gilson (d)

PÁGINA DA SUPERLIGA MASCULINA

Em sua quarta passagem pela Ulbra/São Caetano, o oposto Gilson divide duas funções dentro da equipe com raízes gaúchas. Aos 41 anos, o famoso ‘Gilsão mão de pilão’ assumiu a presidência do clube que soma R$ 3 milhões em dívidas e entra em quadra como atacante. O veterano, aliás, tem se destacado e beira o top 10 dos maiores pontuadores da Superliga de vôlei.

Gilson foi repatriado em julho do ano passado para defender a Ulbra após rodar por clubes da Grécia, Itália, Japão e França, além da seleção brasileira. Mas, antes mesmo da principal competição nacional começar, o oposto aceitou o desafio de presidir o clube, que já havia anunciado a saída do voleibol.

“História e tradição não se compra. Se eu montasse um time novo, perderia a identificação com a cidade de Canoas (RS). A gente vai penar um pouco. No começo ainda vão falar Ulbra, mas a Universidade Sport Club [novo nome do clube] vai se consolidar. Se conseguir ser metade do que a Ulbra foi, já vou ficar muito satisfeito”, disse ‘Gilsão mão de pilão’ ao UOL Esporte.

O presidente do clube explicou que na temporada 2009/2010 o time de vôlei ainda leva o nome de Ulbra por força de contrato. A universidade, inclusive, ainda é a responsável pelo pagamento dos salários dos atletas. No futebol, Gilson convive com sua maior preocupação, já que não conseguiu patrocínio para bancar a equipe que disputa a primeira divisão do Campeonato Gaúcho.

“O mais difícil é saber que sou responsável por várias famílias. Mas graças a Deus o salário não está atrasado. A nova reitoria está pagando os salários do voleibol. A minha maior preocupação agora é com o futebol, as dívidas e ações trabalhistas”, contou. Segundo o jogador-cartola, a Ulbra tem uma dívida de R$ 3 milhões – somados credores, impostos e ações trabalhistas.

DESEMPENHO DE GILSÃO NA SUPERLIGA

RODADA	ADVERSÁRIO	PONTOS
1ª	Vitória	16 (reserva)
2ª	Volta Redonda	13 (reserva)
3ª	Blumenau	10 (reserva)
4ª	Cimed	20 (titular)
5ª	Minas	16 (titular)
6ª	Sada	13 (titular)
7ª	Santo André	16 (titular)
9ª	Vôlei Futuro	0 (reserva)
10ª	Lupo	13 (reserva)
11ª	Pinheiros	9 (reserva)
12ª	Sesi	17 (titular)

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A burocracia do cargo de mandatário, no entanto, não tirou ‘Gilsão mão de pilão’ das quadras. “Eu estou treinando normal, mas ouço um garoto dizer que está com problema em casa. Isso vira uma preocupação minha. Me dedicar 100% à quadra é difícil. Tenho me dividido em quatro: família, vôlei, presidência e cama”. E o presidente tem conseguido se destacar dentro das quatro linhas.

A potência no saque e ataque, que renderam o apelido na década de 1990, diminuíram, mas ainda o colocam próximo da lista dos dez maiores pontuadores da Superliga. “Antes era mais potente, mas não perdi minha característica, só estou mais tranquilinho. Eu gosto disso. Nunca um apelido caiu tão bem. É uma identificação imediata”, opinou.

‘Gilsão mão de pilão’ terminou a 12ª rodada como o nono maior pontuador, sendo que atuou como titular em apenas cinco das 11 partidas do time. O auge do desempenho individual do oposto foi após a 6ª rodada, quando estava em terceiro no ranking da CBV.

Em suas primeiras passagens pela Ulbra, o atacante foi destaque nos títulos nacionais de 1997/1998 e 1998/1999. Na primeira conquista, ele foi eleito o melhor jogador da Superliga, além de liderar nas estatísticas de saque e ataque. Na temporada seguinte, Gilson foi premiado com o serviço mais eficiente.

“Aos 41 anos me divirto mais. Tenho menos preocupação com o que as pessoas vão pensar de mim. Já estou rodado e não fico pensando no que o pessoal vai falar. Mas tem o outro lado também, de acordar no outro dia com dor aqui, dor ali”, brincou.