UOL Esporte Vôlei
 
10/03/2010 - 12h57

No embalo de astros brasileiros, gringos invadem Superliga e ofuscam anfitriões

Roberta Nomura
Em São Paulo

A Superliga de vôlei repatriou importantes jogadores nas duas últimas temporadas. E o retorno das estrelas ao Brasil ajudou a impulsionar um fenômeno raro na história recente da competição: a invasão de atletas de outros países. Com o maior número de estrangeiros em dez anos, o torneio nacional aponta os holofotes para os gringos, que já ofuscam os astros verde-amarelos.

Nove atletas nascidos fora do Brasil disputam a atual edição da Superliga. Nas duas temporadas anteriores, apenas três estrangeiros entraram no torneio. “Todos procuram o melhor campeonato do mundo. Por muitos anos, o Italiano concentrou a grande maioria dos estrangeiros, depois foi a Rússia. Os tops do mundo estão voltando para o Brasil, o torneio fica mais forte e isso atrai. Tem uma série de outros fatores. Mas a volta dos brasileiros provocou a vinda de estrangeiros”, disse o técnico do Blausiegel/São Caetano, Mauro Grasso.

Mas não foi somente a quantidade que aumentou e os gringos trouxeram qualidade ao principal torneio nacional. Na disputa feminina, por exemplo, a norte-americana Nancy Metcalf, do Usiminas/Minas, é a maior pontuadora e melhor atacante. Na lista das dez jogadoras que mais pontuam ainda figuram as dominicanas Gina Mambru, do Vôlei Futuro, em sétimo, e Annery Vargas, do Minas, em oitavo.

O cubano Dariel Cortina, do Soya/Blumenau/Furb/Barão, é o único estrangeiro no top 10 dos maiores pontuadores – está em quarto. O compatriota Alain Roca é o quinto melhor atacante e o sétimo melhor sacador, segundo as estatísticas da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol).

CONFIRA OS ESTRANGEIROS DA SUPERLIGA 2009/2010


Norte-americana Nancy Metcalf: Capitã da seleção norte-americana no Grand Prix de 2009, a veterana de 31 anos tem passagens por clubes da Espanha, Porto Rico e Turquia. Em seu primeiro ano no Brasil, a oposta é a principal jogadora do Minas e a maior pontuadora da Superliga, com 332 pontos (284 de ataque, 40 de bloqueio e oito de saque). A norte-americana desbancou as selecionáveis brasileiras Natália (Sollys/Osasco), Mari e Sheilla (São Caetano) e Joycinha (Unilever). Segundo as estatísticas da CBV, Metcalf é também a melhor atacante com 26% de eficiência. A equipe mineira ainda conta com a dominicana Annery Vargas, que também já defendeu a seleção de seu país. A central é a oitava maior pontuadora e a terceira melhor bloqueadora.

Norte-americano Riley Salmon: Titular na campanha do ouro olímpico dos Estados Unidos em Pequim-2008, o ponteiro foi um dos destaques da final na China – foi o segundo maior pontuador do time com 13 pontos, atrás apenas de Clayton Stanley. Após três tentativas frustradas de atuar no vôlei brasileiro, Salmon acertou com o Vivo/Minas graças ao contato de seu agente com o clube. Agora, o campeão olímpico pretende disputar mais uma Olimpíada e, depois, quer encerrar sua carreira no Brasil, mais especificamente no Minas. Após nove temporadas na Europa, com passagens por Itália, Turquia, Grécia, Rússia e Polônia, o norte-americano queria mudar. "O nível do campeonato contribuiu para minha decisão. Aqui tem dez grandes times que disputam o título. E eu também quero ajudar o vôlei do meu país a ter uma projeção internacional", afirmou o ponteiro.

Cubana Regla Bell: Tricampeã olímpica, a ponteira foi a estrangeira mais badalada na chegada ao Brasil, mas ainda não brilhou. A veterana jogadora encontrou problemas burocráticos e foi integrada ao elenco com o trabalho já iniciado. E com o segundo turno em andamento, Regla Bell ainda não conquistou seu espaço no São Caetano. "Inicialmente eu estava protegendo a figura dela. Ela é muito bacana e não merecia entrar aquém e frustrar a expectativa de quem queria vê-la jogar", explicou o técnico Mauro Grasso, que é frequentemente questionado sobre a ausência da cubana. O treinador disse ainda que Regla Bell está evoluindo a cada dia e espera contar com ela nos playoffs. “Eu posso colocar ela de titular, mas tem outro fator. As meninas que estão jogando, estão bem. Seria injustiça colocar a Regla só por causa do nome. Ela realmente precisa mostrar que está melhor que as outras”, concluiu.

Cubano Dariel Cortina (à esquerda): Também com passagem pela seleção de seu país, o jogador é um dos destaque individuais da Superliga mesmo defendendo um time mais modesto, o Blumenau – atual 11º colocado. Dariel Cortina terminou o primeiro turno como quarto maior pontuador do torneio, ficou no terceiro posto da terceira à sétima rodada do returno e, atualmente, está em quarto, segundo dados da CBV. "Ele tem a personalidade forte e é vibrante, como os cubanos que todos nos já conhecemos. Ele chama a responsabilidade do jogo. Nós brasileiros e os cubanos temos muito em comum. Ele é muito companheiro, então não houve dificuldade de adaptação", falou o técnico André Donegá. O atleta chegou ao clube por intermédio de empresário e tem contrato até o final do torneio. "Mas temos o interesse em permanecer com ele", revelou o treinador.

Dominicana Gina Mambru (à esquerda): O técnico William ganhou o reforço da jogadora com a Superliga já em andamento. Mas desde que chegou ao Vôlei Futuro, Mambru disputou 14 partidas, sendo que em dez delas foi a maior pontuadora da equipe de Araçatuba. "Ela é sensacional. Quando escolhi, tinha opções entre ucranianas e americanas. Mas como o campeonato estava em curso, foi ótimo ter vindo dominicanas. Por ser latina, a língua é de mais fácil compreensão e isso ajudou no entrosamento. O estilo da República Dominicana é parecido com o nosso e ela se encaixou perfeitamente", elogia o treinador. A negociação para a chegada de Mambru e da compatriota Jeoselyna Santos foi feita via empresários, mas William revelou que o fato do brasileiro Marcos Kwiek ser técnico da seleção dominicana facilitou o acerto. A latina de sangue quente – discutiu com a central Adenízia (Osasco) e chegou a ser advertida com cartão amarelo – aponta a convivência com o treinador Kwiek como ponto favorável na adaptação. "Graças a Deus foi rápida. Como o técnico da seleção é brasileiro, tem o mesmo sistema de jogo daqui e eu pude me adaptar rapidamente", comemorou Mambru.

Cubano Alain Roca: Da lista de nove estrangeiros que atuam na Superliga 2009/2010, o ponteiro do Pinheiros/Sky é o atleta mais adaptado ao vôlei brasileiro. Roca já havia disputado duas temporadas pela extinta Unisul. Integrante do estrelado time paulista, o cubano tem deixado os companheiros brasileiros Giba, Rodrigão e Gustavo para trás e é o atacante mais eficiente da equipe, o quinto do torneio, com 34,29%, segundo a CBV. O ponteiro tem também o melhor saque entre os comandados do técnico Cebola.

Letão Ansis Medenis (ao centro): Apaixonado pelo Brasil, o oposto veio ao país com a intenção de se inserir no voleibol que apresenta a melhor preparação, em seu ponto de vista. E deu certo. Indicado por um procurador, Medenis passou duas semanas sendo observado em seu bate-bola, agradou e passou a integrar o elenco do Vôlei Futuro. "Vimos características interessantes nele, o poder de ataque. Ficamos surpresos com o que ele tinha mostrado nos treinamentos. Força, braço rápido, tem habilidade de variação de golpe. Nós acreditamos e ele também. Ansis ficou satisfeito com o lugar de treinamento e foi crescendo", elogiou o técnico Cesar Douglas. O interesse em vir ao Brasil aumentou porque Medenis é namorado da jogadora de vôlei Fofinha, que atua no Japão. "Eu amo jogar aqui. Eu gosto porque tem treino em alto nível, jogos muito bons e a fisioterapia. É o melhor período da minha vida", falou o letão.

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