UOL Esporte Vôlei
 
18/03/2010 - 07h02

Grasso vê entrosamento com olímpicas como razão para ascensão do S. Caetano

Paula Almeida
Em São Paulo

Às vésperas dos playoffs da Superliga feminina de vôlei, parece que o São Caetano enfim está próximo de sua melhor forma na competição. Após um início difícil, recheado de altos e baixos, o time conseguiu engrenar no returno, com direito a vitórias em dois clássicos consecutivos (contra Sollys/Osasco e Pinheiros/Mackenzie). A equipe ainda está longe da perfeição, mas diante da ascensão, o técnico Mauro Grasso se vê livre para avaliar os obstáculos enfrentados por suas comandadas ao longo do campeonato.

  • Gabriel Inamine / Photo&Grafia

    Um dos mais vitoriosos técnicos do vôlei brasileiro, Mauro Grasso chegou ao São Caetano em maio de 2009 com a missão de evitar uma nova decepção após o terceiro lugar na Superliga 2008/2009

  • Gabriel Inamine / Photo&Grafia

    Ao longo da temporada 2009/2010, enfim o técnico conseguiu tirar o melhor de seu trio olímpico - Mari, Fofão e Sheilla - e viu sua equipe ganhar o devido entrosamento, vencendo jogos importantes

  • CBV/Divulgação

    Mauro Grasso está de volta ao vôlei feminino, onde iniciou sua carreira, após 12 temporadas no esporte masculino. Para a temporada 2010/2011, porém, o técnico ainda não sabe qual caminho irá tomar

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o treinador contou que viu uma dificuldade muito grande de suas atletas se adaptarem à chegada de Sheilla e Mari, que voltaram da seleção brasileira no final do Campeonato Paulista e só conseguiram participar definitivamente dos treinamentos no início da Superliga. “Quando começa todo mundo junto, é diferente, tem mais tempo de convivência, acaba todo mundo se conhecendo, e o jogo flui melhor”, justificou Grasso.

Na entrevista, o técnico ainda falou sobre a “atitude” que Sheilla cobrou publicamente do time após uma derrota por 3 a 0 para o Minas, comentou sua reestreia no vôlei feminino e deu seus palpites sobre as finais da Superliga.

Confira os principais trechos do bate-papo com Mauro Grasso.

UOL Esporte: Na sua opinião, por que o São Caetano foi tão inconstante ao longo da Superliga?

Mauro Grasso: A entrada da Mari e da Sheilla mudou muito o comportamento do time. Toda inserção de jogadores de seleção brasileira é meio difícil. Lembro da época que eu jogava. Eu era titular até o Xandó chegar. Quando ele chegava, eu sentava no banco. Eu era muito amigo do Xandó, mas mesmo assim eu não conseguia tratar com ele dentro de quadra de uma forma natural. Isso só foi com o passar dos anos e da convivência. Então, pra gente conseguir um grupo forte e coeso, a gente precisa de convivência, e aos poucos a gente tá conseguindo.

UOL Esporte: Você acha então que as meninas do time viam a Mari e a Sheilla como jogadoras olímpicas de um nível diferente do delas?

Mauro Grasso: Sem dúvida, e não é por ser aqui no São Caetano, não é por ser a Mari e a Sheilla. Eu tive o mesmo tipo de dificuldade com o Nalbert, com o Giovane, com o André Nascimento e André Heller e outros jogadores de seleção que passaram pelos times que eu trabalhei. E realmente essa inclusão, principalmente quando vem na metade de um trabalho, é difícil. Quando começa todo mundo junto, é diferente, tem mais tempo de convivência, acaba todo mundo se conhecendo, e o jogo flui melhor, a comunicacao flui melhor, como acontece na Unilever, onde elas já jogam juntas há mais de três anos. Isso acontece em todos os times, e no nosso parece que agora está zerando.

UOL Esporte: Quem você considera o principal favorito ao título da Superliga?

Mauro Grasso: Está difícil de dizer, tendo em vista o “perde-e-ganha” que está sendo esse campeonato. A gente fez uma projeção de que, com esse equilíbrio, os primeiros teriam três, quatro derrotas, e é o que está acontecendo. Arriscar um palpite de quem é mais forte? Não tenho. Mas tudo aponta para cinco equipes: Unilever, que é supercampeão, o Osasco, nós, o Minas, que ganhou da gente em Belo Horizonte, e o Pinheiros.

UOL Esporte: Por falar nessa derrota para o Minas, naquele dia, a Sheilla falou que faltou atitude ao time. O que você acha que ela quis dizer com aquilo?

Mauro Grasso: Acho que ela quis dizer que o time precisa acreditar mais. Porque de tanto a gente oscilar no campeonato, ficou difícil acreditar que a gente poderia jogar.

UOL Esporte: E ao que tudo indica, Minas e São Caetano deverão se encontrar nas quartas de final (o time paulista ocupa o quarto lugar, enquanto a equipe mineira é a quinta colocada). O que você espera desse jogo?

Mauro Grasso: Vai ser outro jogo duro. Eles têm uma boa mescla de jogadoras, das estrangeiras experientes com as meninas fortes, como a Ivna. A gente tem que tomar todo cuidado e ter a mesma aplicação tática e atitude que a gente teve na vitória contra Osasco.

UOL Esporte: Como está sendo essa sua primeira temporada de volta ao vôlei feminino? (Grasso começou a carreira de técnico justamente em um time feminino, o Sadia, em 1987, passou cinco temporadas lá e outras seis em equipes italianas. Depois migrou para o vôlei masculino, onde ficou por 12 anos)

Mauro Grasso: Está sendo difícil (risos). São muitas coisas a serem adaptadas. Algumas coisas até por uma questão de caráter meu, que não consigo gritar muito, falar palavrão, e algumas jogadoras estão acostumadas a isso. Então é difícil pra mim, e às vezes eu tenho que atuar. E todas as vezes que você atua, fica menos convincente. Eu tenho que fingir que falo palavrão, que sou durão, e com mulher, né. Isso é culpa do meu pai, que me deu essa educação (risos). Eu trabalhei 11 anos com time feminino, comecei no feminino com um time de feras também, mas os valores eram diferentes. Então a gente tem que se adaptar também à mudança social. Tem um monte de coisa que a gente precisa aprimorar para ter um trabalho perfeito.

UOL Esporte: E você pretende continuar no vôlei feminino no ano que vem? E no São Caetano?

Mauro Grasso: Isso não dá pra saber ainda. Tudo vai depender dos resultados, de como a gente vai se sair.

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