UOL Esporte Vôlei
 
15/04/2010 - 07h01

Após dois abandonos, Harley vive situação inversa e volta no tempo com Solberg

Paula Almeida
Em São Paulo

Se o mercado de vôlei de praia entrou em turbulência no final do ano passado com o anúncio do fim da longa e vitoriosa parceria de Ricardo e Emanuel - o que mexeu com outras várias parcerias brasileiras -, o rompimento de Ricardo e Pedro Solberg nesta semana também não ficou devendo em nada em termos de agitação. Mais ainda porque a separação do time, junto há apenas quatro meses, acabou refazendo uma antiga parceria, de Solberg com Harley.

“Eu e o Pedro formamos um grande time no passado, quase disputamos uma Olimpíada juntos, fomos campeões mundiais. Isso pesou muito na minha decisão”, explicou ao UOL Esporte Harley, para quem a formação da nova/antiga parceria não deixa de ser um breve retorno no tempo. “Não vejo como um erro consertado, porque a gente tem que pensar pelo lado bom. Estamos refazendo uma dupla campeã. Nossa separação fez bem para as duas partes, os dois tiveram de aprender a lidar com as coisas que aconteceram”.

  • FIVB/Divulgação

    A partir de maio, Harley (e) e Solberg vão refazer a dupla que conquistou o Circuito Mundial 2008

  • Geremias A. Junior/CBV

    Para se juntar a Solberg, Harley teve de se separar de Fábio Luiz, com quem ficou menos de 2 meses

  • Mauricio Kaye/Divulgação

    Do outro lado, Solberg acabou desfazendo a dupla com Ricardo, formada no início desta temporada

Campeã do Circuito Mundial de 2008, após quase chegar à classificação para os Jogos Olímpicos de Pequim, a dupla se desfez no final daquele ano e os jogadores oscilaram momentos bons e ruins de lá pra cá. Solberg, que formou uma promissora parceria com Pedro Cunha, resolveu desfazê-la logo em seguida, em decorrência de uma séria lesão do parceiro. Depois, jogou algumas etapas do Circuito Mundial com parceiros variados e chegou a vencer uma ao lado de Benjamin, até decidir reunir-se a Ricardo.

Harley, por sua vez, teve um 2009 de relativo sucesso ao lado de Alison, com quem foi campeão brasileiro, vice-campeão do Circuito Mundial e do Campeonato Mundial, além de obter, pelo segundo ano consecutivo, o título de melhor jogador do mundo. A boa fase, porém, parou por aí. Neste início de 2010, ao lado do jovem Billy, o brasiliense não conseguiu nada mais do que um quinto lugar no Circuito Nacional, o que o fez a formar uma dupla relâmpago com Fábio Luiz. A parceria foi bem em sua primeira competição, com uma prata na etapa de Campo Grande, mas um convite de Pedro Solberg fez tudo mudar.

A vontade de disputar uma Olimpíada foi o principal motivo para o reencontro dos jogadores. A contagem efetiva de pontos para a classificação olímpica começa no ano que vem, mas Harley e Solberg estavam com dificuldades de entrosamento com seus atuais parceiros.

“O Pedro era minha primeira opção no ano passado, mas ele já tinha acertado com o Ricardo. Eu o escolhi pela confiança que tenho nele. A gente tem tudo para fazer um grande ciclo olímpico. Por nós já termos jogado juntos, nosso entrosamento vai ser bem mais acelerado, com certeza”, analisou Harley. “O que eu achei interessante foi que no Rei da Praia [torneio disputado no início do ano] eu joguei a final com ele e, pouco depois de começar o jogo, a gente parecia aquela dupla que jogava junto, tal o entrosamento. Isso vai nos ajudar bastante”.

Além da busca pela vaga olímpica, outro fator que contribuiu na volta da antiga parceria foi o descontentamento dos jogadores com o fato de estarem treinando fora do Rio de Janeiro, local onde viviam antes. Harley foi para Fortaleza treinar com Fábio Luiz e toda a comissão técnica do medalhista olímpico. Já Solberg estava com Ricardo e sua equipe em João Pessoa. “Isso pesou muito também. O fato de ter que me mudar para Fortaleza estava ‘pegando’ um pouco”, revelou Harley, casado com a também jogadora de vôlei de praia Cris, que ficou no Rio.

Ex-abandonado

Apesar das boas expectativas com Pedro Solberg, Harley, para reunir-se ao antigo parceiro, teve de desfazer uma dupla que acabara de começar com Fábio Luiz. Uma situação atípica para quem, nos dois últimos anos, fora abandonado por dois parceiros.

“Eu fiquei muito indeciso com o convite do Solberg, com a cabeça pensando, porque tinha acabado de começar com o Fábio. E quando decidi, ele foi a primeira pessoa com quem eu falei. É uma situação muito difícil. Eu até brinquei que é mais fácil levar um tchau do que dar um”, afirmou Harley.

Em nota oficial, Fábio Luiz lamentou a decisão do parceiro e chegou a citar que foram motivos financeiros que fizeram o brasiliense aceitar a proposta de Solberg. Sem querer responder à crítica, Harley apenas declarou que entende qualquer tipo de mágoa recente de Fábio.

“Eu acho que ele entendeu. É difícil não ficar magoado, é natural de qualquer ser humano. Mas espero que isso não vá adiante. Espero que lá na frente, com as cabeças mais tranquilas, ele não demonstre nenhuma mágoa. Ele é uma pessoa sensacional”, completou Harley, que ainda jogará com Fábio Luiz na etapa de Brasília, a primeira do Circuito Mundial, na semana que vem. Seus treinos com Solberg começarão logo depois.

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