UOL Esporte Vôlei
 
17/04/2010 - 07h01

Freguesia, superação, nova casa e troca de favoritismo acirram final da Superliga

Paula Almeida
Em São Paulo

TIMES TITULARES NA FINAL DE DOMINGO

  • Satiro Sodré/ adorofoto

    Unilever: Dani Lins e Joycinha, Érika e Regiane, Fabiana e Carol Gattaz, além da líbero Fabi.

  • João Pires/Divulgação (Sollys)

    Osasco: Carol Albuquerque e Natália, Jaqueline e Sassá, Thaísa e Adenízia, e a líbero Camila Brait.

No dia 18 de abril de 2009, Rexona e Finasa/Osasco entraram no ginásio do Maracanãzinho para fazer uma das mais emocionantes finais de Superliga feminina de vôlei. Exato um ano depois, as equipes se reencontrarão neste domingo, às 9h45 (transmissão da TV Globo), com a mesma promessa de um jogo vibrante, com 13 das 14 titulares da temporada passada (inclusas as líberos) de volta à quadra, mas com nomes de time diferentes, em uma casa diferente e com experiências de sobra vividas em um ano, no mínimo, agitado.

Agora, as equipes comandadas pelos mesmos Bernardinho e Luizomar de Moura são chamadas de Unilever e Sollys/Osasco, respectivamente. Além disso, a decisão da Superliga vem pela primeira vez para o Ibirapuera, em São Paulo, na terra da equipe paulista, contra cinco finais anteriores disputadas no Maracanãzinho.

E as mudanças não param por aí. Embora o time osasquense relute em admitir, do outro lado as cariocas veem nas rivais um leve favoritismo neste ano, diferente das temporadas passadas. Apesar de ficar em primeiro lugar na classificação geral, à frente de Osasco no set average, a Unilever passou por momentos turbulentos ao longo da Superliga, enquanto as adversárias fizeram uma de suas temporadas mais fortes, com um time tecnicamente bastante equilibrado.

Todos estes fatores, acrescidos da freguesia de Osasco para o Rio nas últimas quatro finais (em 2004/2005 as paulistas venceram), empurram as duas equipes para o duelo. E abaixo você confere o que técnicos e jogadoras pensam da partida e o que deverá fazer dela um jogo para entrar para a história do vôlei nacional.

Superação

Cada um a sua maneira, Unilever e Osasco fizeram da palavra ‘superação’ seu termo mais utilizado ao longo da temporada. Na Superliga mais equilibrada dos últimos anos, as duas equipes tiveram de suar para confirmar o favoritismo e chegar à final. O time carioca, além de jogar abaixo de seu melhor nível, enfrentou uma série de lesões (Carol Gattaz, Fabi, Fabiana e Dani Oliveira), doenças, encarou uma semifinal duríssima contra São Caetano e teve de passar uma noite no Maracanãzinho, ilhado pelas chuvas que castigaram o Rio de Janeiro. Osasco, por sua vez, perdeu um dos patrocinadores mais tradicionais do vôlei brasileiro, chegou a acabar e ainda perdeu Paula Pequeno.

ASPECTO EMOCIONAL: TÉCNICOS E JOGADORAS FALAM

UNILEVER OSASCO
Bernardinho: "O que eu acho é que essas questões todas nos trouxeram certo fortalecimento. Passamos por tantas adversidades, a chuva, gripes, lesões, doenças, tivemos treinamentos em dificuldade, e nós tivemos que lidar com essas situações todas e seguir em frente. Terminamos em primeiro, chegamos mais uma vez na final, então acho que tudo isso gerou um fortalecimento do coletivo". Luizomar: "Quando nós saímos do Maracanãzinho no ano passado, meu sentimento era de uma tristeza muito forte. Três dias depois, nós ficamos desempregados, então existia algo pior do que perder a Superliga, que era perder o patrocínio. A partir daí, houve uma busca muito grande desse grupo para continuar junto. Aí fomos premiados com uma temporada muito competitiva, mantivemos as tradições de uma cidade e ganhamos um presente, que foi a volta da Nestlé ao vôlei. Então a gente vai entrar para defender uma coisa em comum".

Casa nova

Se as últimas cinco finais de Superliga, todas entre Unilever e Osasco, foram disputadas no Maracanãzinho, agora o time paulista terá a chance de jogar praticamente em casa. Longe de seus domínios, o time carioca confia na experiência e na concentração para fugir de qualquer provocação da torcida anfitriã. Já a equipe paulista conta com um Ibirapuera cheio e com a vibração vinda das arquibancadas - todos os ingressos foram vendidos, e a expectativa é de um público superior a 10 mil pessoas.

CASA NOVA: AS JOGADORAS FALAM

UNILEVER OSASCO
Fabi (líbero): "Óbvio que eu prefiro jogar no Rio, porque é minha casa, mas não vejo problema de jogar aqui. O público tem muito carinho, o maior respeito pelo nosso time. quem vier aqui ao Maracan... eu ia falar Maracanãzinho. Quem vier aqui ao Ibirapuera vai fazer parte de um momento da história". Natália (oposta): "Além de a família toda poder vir, tem a torcida daqui. Alguns não podem ir quando é no Rio, e tem bastante gente lá em Osasco que acompanha o nosso time, então fica tudo mais fácil. Espero que o ginásio lote de branco e laranja pra torcer pra gente".

Troca de favoritismo

Se dá pra falar em favorito em um clássico deste, nesta temporada é o Osasco. Apesar de ter perdido a primeira colocação na fase classificatória, o time paulista se mostrou mais forte tática e tecnicamente, fruto do maior entrosamento entre as atletas que chegaram na temporada passada e também do retorno da ponteira Jaqueline, que deu maior estabilidade ao passe. Na Unilever, ninguém se furta a reconhecer a superioridade atual do time adversário, mas em Osasco a ideia é escapar do rótulo.

TROCA DE FAVORITISMO: OS TÉCNICOS FALAM

UNILEVER OSASCO
Bernardinho: "Nós sabemos a força que Osasco tem. Ao longo dos anos, eles levaram jogadoras que estavam conosco, acharam essa líbero sensacional que é a Camila Brait e montaram uma linha de passe excepcional. E é uma equipe que saca e bloqueia muito bem. Adenizia e Thaisa formam a melhor dupla de bloqueio do país, acho até do mundo. Elas têm um time superior ao nosso". Luizomar: "Não gosto de falar em favoritismo num clássico como esse. Essa Superliga foi a mais equilibrada dos últimos anos. Então ninguém conseguiu, durante a temporada, pensar nesse último jogo. Buscava-se nos últimos anos que a Superliga fosse mais emocionante, e foi o que aconteceu. Então, o que foi feito ao longo da temporada credencia as duas equipes a fazerem um grande jogo".

Freguesia 

Osasco venceu os dois jogos que fez contra a Unilever na primeira fase da Superliga 2009/2010, mas nos duelos que realmente contam, ou seja, nas últimas quatro finais, as cariocas levaram a melhor. Por isso, as jogadoras do time paulista admitem publicamente que estão entaladas com a freguesia que se criou nas últimas decisões. Enquanto isso, a equipe da Unilever treina sob um lema: retrospecto não ganha jogo.

FREGUESIA: TÉCNICO E JOGADORA FALAM

UNILEVER OSASCO
Bernardinho: "Essas vitórias nos dão o que de vantagem? Nada. Só criam expectativa. Elas sabem da capacidade delas, conhecem as nossas jogadoras, sabem que nós não somos melhores. Elas têm uma motivação enorme de querer acabar com essa história. Para nós, a questão é como sustentar essa posição por mais um ano. São pressões de origens diferentes, mas de intensidade igual". Camila Brait (líbero): "Nosso time está bem entusiasmado. Na verdade, está mordido, né, pelos outros quatro anos. Essa é minha segunda final, e eu já estou mordida, imagine então as jogadoras que estão há mais tempo. O que não vai faltar é a palavra motivação e vontade. Toda hora a gente pensa, ‘vamos, vamos, nesse ano dá’. Isso é um incentivo a mais".

Aspecto emocional

Mais do que táticas, os técnicos Luizomar de Moura e Bernardinho buscaram aprimorar na semana da grande final alguns pontos de autoconfiança de suas atletas. O consenso é de que o aspecto emocional deverá ser decisivo neste domingo, sobretudo por se tratar de uma final em jogo único (tal como nos dois últimos anos).

ASPECTO EMOCIONAL: TÉCNICOS E JOGADORAS FALAM

UNILEVER OSASCO
Bernardinho: "A maior parte delas tem experiência, então elas já aprenderam a lidar com este tipo de momento. O segredo dessa história é você se sentir confortável em um momento de extremo desconforto. Os campeões têm que se sentir à vontade nesses momentos. Nos últimos treinos, vou procurar passar algumas gotas de experiência que possam dar alguma confiança a elas. Sejam frases, sejam histórias que estou buscando em alguns livros". Luizomar: "Quando a gente sai do vestiário, entra e vê o ginásio lotado, já é um fator extremamente motivacional. Esse é um jogo cheio de armadilhas, para o qual você tem que se preparar. É claro, tem que estar concentrada, conhecer o adversário. O que eu acho que vale muito numa final de Superliga é o algo a mais, aquela bola impossível, ou aquela bola que você trata como se fosse a mais difícil, jogar o primeiro ponto como se fosse o 25º. São coisas que eu acho que numa final podem fazer a diferença".
Fabi: "Não sei se vai existir alguma surpresa. Em final a gente fala muito de coração, de vibração, de estar no seu dia, porque a final é em jogo único. A surpresa vai ser quem acordar melhor no domingo e conseguir fazer uma boa manhã pra levar esse título pra casa". Camila Brait: "O emocional vai fazer diferença com certeza, ainda mais numa final com ginásio lotado. A gente tem que entrar lá e fazer o que a gente sabe. Na hora do jogo, tentar não ouvir nada de fora, só focar nas meninas e no jogo".

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