UOL Esporte Vôlei
 
22/04/2010 - 07h01

Após trocas, brasileiros lutam contra o tempo para recuperar hegemonia do Circuito

Paula Almeida
Em Brasília
  • Alison/Emanuel (f) e Thiago/Pedro Cunha largam em vantagem no Circuito Mundial nesta temporada

    Alison/Emanuel (f) e Thiago/Pedro Cunha largam em vantagem no Circuito Mundial nesta temporada

O título dos alemães Brink e Reckermann no Circuito Mundial 2009 de vôlei de praia pôs fim a uma longa sequência de seis anos de campeões brasileiros. Desde 2003, apenas Ricardo/Emanuel (cinco vezes) e Harley/Pedro Solberg haviam ficado com a taça do campeonato, mas a conquista europeia no ano passado acendeu um sinal: há vôlei de praia bom em outros lugares do mundo além de Brasil e Estados Unidos. O Circuito Mundial 2010 começa oficialmente para os homens nesta quinta-feira, com a abertura da chave principal na etapa de Brasília, e os brasileiros já sabem que terão de se desdobrar para recuperar a hegemonia interrompida no ano passado.

Os grandes rivais da vez são os mesmos das últimas temporadas. Além de Brink e Reckerman, os olhos brasileiros estão voltados para os norte-americanos Rogers e Dalhausser, campeões olímpicos em Pequim-2008, os holandeses Schuil e Nummerdor, vencedores das três últimas etapas do ano passado, e para outras duplas que costumam surpreender, como as suíças.

Para o experiente Franco, que está no vôlei de praia há mais de duas décadas, este é um momento delicado para o país. “O Brasil é muito respeitado, tem a hegemonia desse esporte e eu espero que a gente possa lançar novos jogadores para continuar com isso. Mas sem dúvida, o ano passado foi um alerta com o título da Alemanha”, ressaltou o veterano de 43 anos que, apesar de não ter passado do duro qualifying em Brasília, espera rodar todo o Circuito mais uma vez. “Tem também os americanos, que foram campeões olímpicos e ficaram juntos”.

As dificuldades para 2010, porém, não esbarram apenas na qualidade técnica dos adversários. O vôlei de praia brasileiro passa por um momento de grande turbulência, com inúmeras mudanças de duplas, período que começou no final da temporada passada e que ainda não acabou.

PRINCIPAIS TROCAS NO VÔLEI DE PRAIA

DUPLAS NO FINAL DE 2009 DUPLAS NO INÍCIO DE 2010 DUPLAS A PARTIR DE MAIO/2010
Alison/Harley

Ricardo/Emanuel

Márcio/Fábio Luiz

Benjamin/Bruno Schmidt

Franco/Nalbert

Thiago/Jan

obs: Pedro Cunha estava machucado
Alison/Emanuel

Ricardo/Pedro Solberg

Harley/Billy

Márcio/Fábio Luiz

Thiago/Pedro Cunha

Benjamin/Bruno Schmidt

Franco/Jan
Alison/
Emanuel

Thiago/Pedro Cunha

Harley/Pedro Solberg

Márcio/Ricardo

Fábio Luiz/Bruno

Benjamin/
Bruno Schmidt

Franco/Jan

“O vôlei de praia no Brasil está muito competitivo, muitos times mudando, a busca por uma parceria ideal, e isso acabou nivelando um pouco os times. Antes, tinha um time num nível superior, que era Emanuel e Ricardo, mas eles se separaram, formaram novos times, e está todo mundo recomeçando”, avaliou Franco.

O capixaba Fábio Luiz, um dos que mais sofreram com as mudanças neste momento, concorda. “Todos os times estão se fortalecendo. Essas mudanças que estão acontecendo são normais do vôlei de praia. Os times vão se ajeitando, às vezes dá certo, às vezes não, todos com o objetivo de chegar à Olimpíada”, comentou o vice-campeão olímpico, que terminou 2009 jogando com Márcio, formou no mês passado uma dupla relâmpago com Harley (com quem disputará em Brasília o último torneio) e a partir da semana que vem se unirá ao jovem Bruno.

Assim como Fábio, Márcio também terá novo parceiro. Eliminado no quali em Brasília, o veterano já se prepara para jogar com Ricardo, campeão olímpico, e está confiante no sucesso da parceria. Para ele, o início tardio do time não será tão prejudicial assim. “Acho que não atrapalha não, a gente já sabe muito bem o que fazer. O Ricardo é um cara que tem muita experiência, eu também tenho. Acho que a gente vai formar um grande time unindo o que a gente tem de melhor, que é o bloqueio dele, a minha defesa e a nossa experiência. Acho que ver Márcio e Ricardo do outro lado vai ser complicado pros outros, e eu acho que isso pode ser um fator determinante contra os adversários”, apostou o cearense.

Igualmente veterano, Ricardo também prefere ver as trocas entre brasileiros como um ponto de partida. “Eu penso em uma etapa por vez. Acho que isso não é o fim, é um novo começo”, opinou o baiano, que em Brasília ainda jogará com Pedro Solberg, a quem se uniu no início de 2010 para uma parceria que, de promissora, passou a frustrante.

Solberg, por sua vez, reformará o time campeão com Harley, com quem venceu o Circuito Mundial 2008 e quase conquistou uma vaga olímpica. Para muitos, a nova/velha dupla leva vantagem neste início de Circuito em razão do entrosamento de anos anteriores. Mas quem parece largar na frente mesmo são outros dois times formados também no início de 2010: Alison/Emanuel, que já venceram uma etapa do Circuito Nacional, e os surpreendentes Pedro Cunha e Thiago, que faturaram o ouro em quatro dos seis eventos do campeonato brasileiro neste ano.

“Com essas últimas trocas, Emanuel e Alison foram um time que continuou junto e se fortaleceu. No meu ponto de vista, eles largam na frente em função disso”, apontou Franco. Fábio Luiz concorda, mas com ressalvas. “Acho que eles estão num ritmo bom, mas Circuito Brasileiro é uma coisa e Circuito Mundial é outra. Uma boa sequência no Brasileiro pode dar confiança para que eles façam um bom torneio, mas só o próprio torneio vai dizer. E o Mundial é um campeonato longo, cansativo, que não dá para tirar base só por uma etapa”.

Quem também pode correr por fora é Benjamin/Bruno Schmidt, que tiveram um bom início de temporada no Circuito Nacional e já mostraram força contra outras duplas top do Brasil. “O Brasil está muito bem representado, os times estão bem acertados, e a gente quer aparecer também, encaixamos uma dupla boa”, avisou Bruno.

A chave principal em Brasília começa nesta quinta-feira, e a etapa brasileira é apenas a primeira de 14 que formarão o Circuito Mundial em 2010, entre elas seis Grand Slams (rodadas que contam mais pontos no ranking e oferecem maiores premiações em dinheiro).

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