UOL Esporte Vôlei
 
23/04/2010 - 07h01

May evita fazer planos, sente-se 'velha' no Circuito e admite: 'queria ser como Shelda'

Paula Almeida
Em Brasília

A norte-americana Misty May-Trenor tem sido um dos destaques da etapa de Brasília do Circuito Mundial de vôlei de praia. Não exatamente por seus resultados, já que ela e a parceira Nicole Branagh foram eliminadas precocemente, no segundo dia da chave principal. No entanto, a bicampeã olímpica foi uma das jogadoras mais assediadas pelos torcedores na arena montada na Esplanada dos Ministérios e mostrou boa disposição em sua volta ao campeonato após quase um ano e meio de ausência.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, a norte-americana falou sobre seu retorno às areias, revelou que chegou a pensar que não poderia voltar a jogar, comentou as diferenças entre Branagh e Kerri Walsh, a antiga parceira com quem jogou por mais de uma década e conquistou dois ouros olímpicos, e ainda demonstrou toda a sua admiração pelo público brasileiro e, principalmente, pelas jogadoras brasileiras. Admitiu que Juliana e Larissa têm o melhor time do mundo na atualidade e lamentou a aposentadoria de Shelda. “Não me faça chorar”, brincou. “Eu queria ser como ela”.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Misty May.

UOL Esporte: Como está sendo jogar ao lado de uma parceira nova?
Misty May: Está sendo muito bom e desafiador. Só tive duas parceiras na minha carreira toda, Holly [McPeak] e Kerri [Walsh], aí surgiu a oportunidade de jogar com a Nicole. Ela é uma grande jogadora e fez uma temporada fantástica no ano passado.

UOL: É estranho olhar para o lado e não ver a Walsh na quadra com você?
Misty May: Sim e não. Sabe, é preciso seguir em frente, mas eu e Kerri tínhamos muita química, jogamos juntas por um longo período, tal como Juliana e Larissa, e nos entendíamos muito bem. Isso só vem com a experiência.

UOL: Vocês pensam em retomar a parceria quando ela voltar para o vôlei de praia [Kerri está grávida]?
Misty May: Bom, agora que eu voltei eu estou pensando em uma etapa de cada vez. Por enquanto, só quero sobreviver nos campeonatos.

UOL: Quais as principais diferenças entre Kerri e Nicole?
Misty May: A Kerri é mais alta, e cada uma delas traz coisas diferentes a um time. A Nicole tem um saque muito bom e uma grande forma física, a Kerri é uma jogadora esperta. Na verdade, elas são completamente diferentes, e fica até difícil comparar.

UOL: Como está sendo essa sua volta ao Circuito após mais de um ano?
Misty May: Nossa, eu estou me sentindo uma avó, uma velha (risos). Tem muita gente nova no Circuito. E muitas das jogadoras que jogaram comigo, como a Shelda e a Adriana [Behar], não jogam mais! Está sendo muito difícil, ainda mais por voltar de uma lesão como essa [May teve uma grave contusão no tendão calcâneo]. Eu não sabia se conseguiria voltar a jogar ou não, até voltei a estudar, estou fazendo mestrado porque quero ser técnica e professora. Mas aí eu comecei a treinar de novo e pensei ‘é, acho que eu consigo voltar a jogar’. Eu sei que não serei mais a mesma, mas quero fazer meu melhor.

UOL: Vocês começaram a dupla em uma etapa do AVP (a liga norte-americana), na semana passada, e ficaram com o título. Você esperava por isso?
Misty May: Pessoalmente, eu não esperava. Nessa minha volta, eu penso em uma coisa de cada vez, quero melhorar um pouco a cada momento. Mas quando você se foca em algo que esteja fazendo, as coisas acontecem, e elas estão acontecendo.

UOL: Agora você pensa em jogar uma outra Olimpíada?
Misty May: Ah, não sei, está tão longe ainda. Nunca se sabe o que vai acontecer. Há uma chance disso acontecer, mas também pode não acontecer. Vamos ver mais pra frente.

UOL: Você gosta de jogar no Brasil?
Misty May: Eu amo o Brasil. Gosto das pessoas, gosto da cultura, tenho amigos aqui. Nunca tinha vindo a Brasília, e fiquei feliz por vir justamente na comemoração do 50º aniversário.

UOL: Os fãs aqui adoram você...
Misty May: E eu os adoro também. É bom jogar aqui porque eles apoiam, incentivam durante todo o jogo, passam muita energia. Os brasileiros entendem de voleibol e gostam de assistir a uma boa partida.

UOL: O que você acha da dupla Juliana/Larissa?
Misty May: Nossa, a Juliana passou por momentos muito difíceis [ficou parada por um semestre inteiro em razão de uma grave lesão no joelho] e eu fiquei feliz de vê-la voltar. Eu acho que elas juntas formam um grande time, possivelmente o melhor do mundo na atualidade.

UOL: E o que você achava da Shelda, que acabou de se aposentar?
Misty May: Ah, não me faça chorar (risos). Eu amo a Shelda. Ela foi uma das minhas inspirações quando eu comecei a jogar com a McPeak, ela e a Adriana. Todas as brasileiras foram, porque o Brasil é a melhor escola de voleibol do mundo, mas eu queria jogar como a Shelda, queria ser como ela.

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