UOL Esporte Vôlei
 
30/04/2010 - 13h56

'Clone' da Cimed, Montes Claros usa experiência contra atual campeão

Paula Almeida
Em São Paulo

Se Unilever e Sollys/Osasco fizeram a final da Superliga feminina de vôlei pela sexta vez consecutiva nesta temporada, a decisão masculina deste sábado, 9h30, no Ibirapuera (com transmissões de TV Globo e Sportv), será inédita. Não pela Cimed/Malwee, que chega à final pelo quinto ano seguido e busca seu quarto título, mas pelo estreante Bonsucesso/Montes Claros.

Coincidentemente, na temporada 2006/2007, a Cimed também fazia sua primeira temporada quando decidiu e faturou o título. Mas essa é apenas a primeira semelhança entre as duas equipes finalistas deste ano. Com orçamentos razoáveis, os dois times se equivalem pelos elencos equilibrados, o estilo de jogo parecido e a força caseira.

FINAL DA SUPERLIGA MASCULINA 2009/2010

CIMED MONTES CLAROS
TIME TITULAR TIME TITULAR
Bruninho e Bob, Thiago Alves e Renato, Éder e Lucão, além do líbero Mário Jr. Rodriguinho e Lorena, Acácio e Salsa, Piá e Diogo (Ezinho), além do líbero Tiago Brendle.
PRINCIPAL JOGADOR PRINCIPAL JOGADOR
Levantador Bruninho,
23 anos - 5º melhor levantador e 10º melhor defensor da Superliga
Oposto Lorena, 31 anos Maior pontuador, melhor sacador e melhor defensor da Superliga
TÉCNICO TÉCNICO
Marcos Pacheco, 43 anos, dois títulos de Superliga Talmo de Oliveira, 40 anos, primeira final de Superliga

O desafiante

“Na quadra, é todo mundo igual, badalado ou não. Não chegamos aqui porque os outros times deixaram, mas sim porque nós não demos espaço a eles”, avisa o técnico Talmo de Olieiveira, que disputa sua primeira final nacional em apenas quatro anos como treinador. “Mantivemos uma regularidade durante o campeonato, e isso foi o principal”.

Deixando para trás equipes apontadas como favoritas, Montes Claros fechou a primeira fase da Superliga na terceira colocação. Nas quartas de final, teve mais dificuldades do que esperava, mas eliminou o Brasil Vôlei Clube. Já nas semifinais, derrubou o favoritismo do Sada/Cruzeiro e fechou a série em apenas dois jogos.

“Aquelas vitórias sobre o Brasil Vôlei nos deram mais força”, lembra o oposto Lorena. “Nossa equipe tem um poder muito forte de recuperação, conseguimos reverter as partidas mesmo depois de perder um ou dois sets. Chegar na final já foi muito bom, mas ser campeão vai ser muito importante para esse time”.

O atacante do interior paulista, por sinal, é o grande nome do time mineiro na Superliga. Depois de passar cinco temporadas fora do país, o oposto voltou ao Brasil quase que como um anônimo, mas aos 31 anos virou, talvez, o grande destaque do campeonato. Maior pontuador da Superliga – bateu o recorde de pontos marcados em uma única edição do torneio -, o oposto ainda tem o melhor saque do campeonato, com 74 aces, e a melhor defesa, mesmo jogando em uma posição que não tem este fundamento como ponto forte.

Mas Lorena faz questão de dividir os louros com os companheiros. “Nosso grupo é forte, não tem só o Lorena, tem 12, 14, 15 jogadores que remaram juntos para chegar até aqui. Mas eu só posso dizer que vou dar minha vida nessa final”, avisa.

O defensor do título

Marcos Pacheco sabe bem a equipe que seu time enfrentará na final. O técnico a vê como uma reprodução do que já foi a Cimed, mas faz um alerta a seus comandados. “É um time que surgiu e, logo em seu primeiro ano, já foi para a final. Mas numa decisão como essa, surgem várias armadilhas pelo caminho, e essa é justamente uma em que não podemos cair. Achar que só porque é um time estreante não pode nos superar. O time deles é novo como time, mas tem jogadores muito experientes como o Ezinho, o Acácio, o Lorena, o Rodriguinho. De uma maneira geral, é um time muito perigoso”, aponta o treinador.

Seus jogadores parecem ter aprendido bem a lição. “Esse time de Montes Claros tem vários jogadores que já venceram a Superliga, disputaram finais de campeonatos e são muito experientes. Mas o que a gente mais vê neles é a empolgação de um time de primeiro ano. E essa vontade deles de crescer e vencer não vai faltar nessa final, com certeza”, ressalta Bruninho, o grande cérebro do time catarinense.

Para o levantador, a Cimed até conta com um ligeiro favoritismo, dado seu histórico na última década, o primeiro lugar na fase classificatória e as vitórias sobre o Pinheiros nas semifinais, mas não pode se deixar levar por nada disso. “Chegar nessa final, depois de uma Superliga tão disputada, já é uma campanha vitoriosa pra gente. Talvez nossa responsabilidade seja um pouco maior, mas não temos que pensar que temos algo a perder. A gente está exatamente onde queria estar”, salienta.

 

O jogo

A final deste sábado será um verdadeiro tira-teima. Além de opor dois dos melhores times da fase classificatória – que venceram um jogo cada um em seus confrontos diretos -, a partida terá frente a frente duas equipes com estilos de jogo bastante semelhantes, liderados pelos levantadores Bruninho e Rodriguinho. Por isso, tanto um quanto outro time têm a mesma estratégia para a decisão: forçar o saque.

“Neste jogo, dois fundamentos vão fazer a diferença. O primeiro é o saque deles, que vai tentar dificultar o nosso trabalho ofensivo e quebrar nossa recepção. E o segundo é justamente a nossa recepção. Vamos ter que sacar bem e passar bem. Essa será nossa grande busca no jogo”, acredita Marcos Pacheco. “Se a gente não sacar forte, vai ser complicado, porque os meios deles são muito altos e muito fortes. E é uma equipe completa também”, reitera Lorena.

E se os levantadores prometem um duelo interessante na rede, o mesmo deve acontecer com os atacantes. Além de contar com Lorena, Montes Claros joga bastante pelas pontas e, para isso, aproveita-se da boa fase de Piá, Diogo e Ezinho, este último sempre saindo do banco como arma. Já a Cimed tem no ponteiro Thiago Alves e no oposto Bob seus principais trunfos, mas, com o passe na mão, Bruninho deixa os centrais Lucão e Éder em boas condições de virarem a bola.

Neste jogo de ‘iguais’, o novato Montes Claros pretende contar com a experiência de seus atletas. “O projeto é novo, mas os jogadores são rodados. O fato de chegar à final logo no primeiro ano aconteceu com a Cimed também, mas a gente espera que na final nossa experiência faça a diferença”, diz Lorena. Já a Cimed, com uma média de idade inferior (25,8 anos entre os titulares contra 30 dos adversários), espera usar o retrospecto a seu favor. “Por ter disputado outras finais, a Cimed tem um trunfo”, acredita Marcos Pacheco. Mas ele observa. “Com final em jogo único, como nesse caso, não existe um favorito”.

Para completar, embora já saibam que de suas cidades sairão dezenas de ônibus lotados de torcedores que virão acompanhar a final in loco, as duas equipes, que notadamente estão entre as mais caseiras da Superliga – Montes Claros perdeu apenas dois jogos em seus domínios, e a Cimed, só um -, terão de provar que podem se virar muito bem mesmo fora de seus ginásios.

“Dentro das dificuldades, eles até vão se adaptar melhor no Ibirapuera [o ginásio de Montes Claros é apenas um pouco menor do que o palco paulistano]. Mas a gente já foi campeão no Maracanãzinho, no Mineirinho, então não tem diferença”, diz Marcos Pacheco. “Eles tem 4 ou 5 jogadores de seleção que estão acostumados a jogar em ginásios grandes, então não acho que isso vá fazer a diferença. Nosso público nos ajudou muito ao longo do campeonato, mas a gente venceu fora de casa também”, completou Lorena.

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