UOL Esporte Vôlei
 
27/07/2010 - 07h01

Boa fase de Marlon e volta de Ricardinho deixam Bernardinho em 'sinuca de bico'

Paula Almeida
Em São Paulo

As finais da Liga Mundial trouxeram ao técnico Bernardinho um pequeno “problema” na preparação rumo ao Mundial de vôlei masculino que começa em setembro e termina em outubro. O treinador terá que escolher dois levantadores em uma lista que tem três fortes candidatos: Bruninho, Marlon e Ricardinho.

TRÊS LEVANTADORES PARA DUAS VAGAS

Melhor levantador da Superliga nos últimos quatro anos, Bruninho ganhou a titularidade da seleção em 2009, com o início do novo ciclo olímpico.
Convocado para servir de mentor para Bruninho, Marlon ganhou espaço graças às boas apresentações na fase final da Liga Mundial 2010.
Um dos símbolos principais do Brasil na década, Ricardinho deixou ao time em 2007 por problemas com Bernardinho, mas está disposto a voltar.
A “sinuca de bico” não aparecia na vida do treinador há muito tempo. Nos últimos anos, as transições na posição foram tranquilas e seguiram como o esperado, com Maurício passando o bastão a Ricardinho, que repassou a Marcelinho, que entregou a Bruninho. Mas agora, a situação é muito mais complicada, e três nomes não brigam apenas por uma vaga no elenco, mas sim pela titularidade do time.

Na segunda-feira, ao desembarcar no Rio de Janeiro um dia após a conquista do nono título da Liga, Bernardinho preferiu minimizar a questão. “Essa possibilidade [de Ricardinho voltar ao time] sempre existe, mas vamos ver, a gente tem que pensar no que for melhor para a seleção”, comentou o técnico.

Na prática, porém, não se trata de uma questão tão simples. Bruninho vem sendo titular desde o ano passado. O levantador passou a ser chamado com frequência desde o Pan de 2007, quando Ricardinho foi cortado do time, mas esperou a saída de Marcelinho da seleção para ficar definitivamente com a vaga. A titularidade de Bruninho, porém, já não parece mais tão garantida assim, já que o carioca não foi bem nas finais da Liga e perdeu posição para Marlon, até então considerado apenas seu fiel escudeiro dentro da equipe.

Agora, com o crescimento de Marlon e com a intenção pública de Ricardinho em voltar à seleção, insinuando que não pensa em ficar na reserva, Bernardinho não terá vida fácil na convocação para o Mundial.

Aparentemente tranquilo com toda essa situação, Bruninho não vê seu lugar na seleção tão ameaçado. “Eu fiz dois jogos abaixo da média [nas finais da Liga], talvez não estivesse tão concentrado ou confiante, mas isso faz parte. O grupo quer sempre vencer e não existe essa coisa de ego. Já passei por provas bem maiores que essa”, comentou o levantador, que pelo fato de ser filho de Bernardinho, sempre recebeu cobranças maiores. "Pra gente [ele e o pai], não existe mais esse problema, a gente amadureceu muito bem essa relação. Eu ainda posso fazer muito mais, mas eu acho que o que eu já fiz me credencia a estar lá, embora não tenha vaga catiba".

Bruninho ainda nega que esteja sentindo-se pressionado pelo possível retorno de Ricardinho. “Não tenho muito conhecimento do que vai acontecer, mas se ele vier, que venha com o pensamento do grupo”, afirmou. “Eu sempre me espelhei nele, ele me ajudou muito quando a gente esteve junto. Pode existir concorrência, mas se ele quiser voltar, tem mais é que ajudar mesmo.

Um reserva de peso

Com a má fase de Bruninho, Marlon teve sua maior chance dentro da seleção. Foram apenas alguns jogos, somente um como titular - justamente na final -, mas o paranaense mostrou que, aos 33 anos, tem qualidade para estar no sexteto principal.

A princípio, o levantador aceita continuar no papel de reserva, mas não quer mais perder o posto de convocado. “Tudo já está definido, eu fui segundo levantador e ajudei o Bruno e o grupo em tudo que eu pude, que é o intuito”, declarou. “Esse grupo está formado, ganhou títulos, mas mudanças podem ocorrer, só depende da gente”.

Para Marlon, a titularidade na final da Liga foi um prêmio após tantos meses de recuperação de uma grave lesão na mão que o tirou dos playoffs da Superliga e o fez reestruturar todos os seus treinos, voltando a realizar exercícios de jogadores iniciantes. “A lesão foi importante, porque você passa a refletir e volta alguns passos atrás, mas me fez ficar tranquilo. Tiro essa final como lição de que estou no caminho certo, que chegou o momento de desfrutar após tanto trabalho”.

Na semifinal contra Cuba, Marlon levou uma joelhada de Leandro Vissotto em um lance curioso e caiu quase desacordado em quadra. Mesmo um pouco zonzo, o levantador seguiu no jogo até o final. “Tem que fazer muito para me tirar lá de dentro, só desmaiado mesmo”, brincou o levantador, mostrando, indiretamente, que não será fácil tirá-lo da seleção daqui por diante.

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