UOL Esporte Vôlei
 
13/08/2010 - 20h56

Sem dinheiro, AVP cancela suas atividades; Ana Paula crê em reviravolta

Paula Almeida
Em São Paulo*

O AVP (Circuito norte-Americano de vôlei de praia) acaba de informar o fim de suas atividades. Principal competição nacional do esporte no mundo, o evento vinha enfrentando dificuldades financeiras há pelo menos três anos e decidiu interromper a atual temporada pela metade.

ANA PAULA CRÊ EM REVIRAVOLTA DO AVP

  • Maurício Kaye/Divulgação

    Principal fonte de renda para a grande maioria dos atletas norte-americanos de vôlei de praia, o AVP vinha contando com a participação crescente de brasileiros. Neste ano, por exemplo, a medalhista olímpica de quadra e campeã do Circuito Mundial de praia Ana Paula tentou aventurar-se no AVP, jogando com a compatriota Tati Minello.

    Em entrevista ao UOL Esporte por telefone, a jogadora lamentou o fim da competição. “Vai ser uma baixa muito grande para o vôlei mundial. O AVP é uma das melhores ligas do mundo, com o melhor nível técnico, e eu pude comprovar isso neste ano”, comentou Ana Paula. “Agora os atletas vão ter que priorizar o Circuito Mundial”.

    No entanto, a brasileira mostrou otimismo sobre o futuro do campeonato e até revelou que algumas etapas deste ano devem ser disputadas, mesmo sem a chancela do AVP. “O AVP sofreu muito com a crise, mas acho que essa parada servirá para o campeonato se reestruturar para o ano que vem. Algumas etapas de promotores locais, inclusive, podem acontecer. E pelo e-mail que nós recebemos, ele não está oficialmente cancelado. Acho que eles vão conseguir se reestruturar. Se não se reerguer, a Confederação Americana de vôlei vai fazer alguma coisa, porque eles não vão deixar a casa dos campeões olímpicos ficar nessa situação”, completou.

Em um e-mail enviado aos atletas nesta sexta-feira, os organizadores do AVP confirmaram o fim da competição. “É com muita dor no coração que informamos a vocês que, apesar de todos os esforços e da agitação entre os investidores, nós estamos inabilitados a assegurar o financiamento necessário para o restante desta temporada”, diz o texto assinado pelo dono do circuito, Jason Hodell, e o representante entre os atletas, Mike Dodd.

O site oficial do AVP confirma a informação e indica que não só esta temporada está cancelada como o futuro do campeonato corre sério risco.

“Se o AVP vai recomeçar algum dia, com novos patrocinadores e aporte financeiro? Ninguém sabe ao certo”, diz informe assinado por Hans Stolfus, ex-jogador e principal colunista do AVP. “Mas podemos dar a vocês uma pequena ideia do que acontecerá em 2011, por exemplo. Os melhores atletas do AVP não voltarão a competir em solo americano. Acabou. Duplas como os campeões olímpicos de 2008, Rogers e Dalhausser, e as campeãs mundiais de 2009, Ross e Kessy, serão forçadas a jogar todas as etapas do Circuito Mundial e desaparecerão do noticiário americano até Londres-2012”.

As perdas de patrocínio do AVP começaram em 2007, e segundo a organização, a grande culpada foi a RJSM, proprietária majoritária dos direitos do evento. Naquele ano, foi rompido um contrato de parceria no valor de US$ 36,9 milhões. Em 2008, outros cinco patrocinadores gigantes (entre eles McDonald’s e Hilton) se retiraram e levaram consigo suas cotas de US$ 7,8 milhões, deixando o AVP na iminência de ser cancelado.

O campeonato conseguiu ser salvo, mas a recessão norte-americana do ano passado voltou a derrubar o AVP, resultando em seu cancelamento agora em 2010.

Nas últimas duas décadas, o AVP, criado em 1983, teve força tão grande no vôlei de praia internacional que os principais atletas norte-americanos viraram as costas para o Circuito Mundial, disputando apenas os Grand Slams. Neste ano, porém, já se viu uma mudança de atitude, agora justificada. Rogers e Dalhausser, por exemplo, disputaram quase todas as etapas do Circuito 2010 e estão disparados na liderança.

Para se ter uma ideia, a última vez que uma dupla norte-americana realmente se dedicou ao Circuito Mundial foi em 2002, quando as bicampeãs olímpicas Walsh e May ficaram com o título. Entre os homens, a última conquista é ainda mais antiga, de 1992, de Sinjin Smith e Randy Stoklos.

"Na verdade, isso não é uma grande surpresa", afirmou Todd Rogers às agências internacionais. "Soubemos que as coisas não iam bem há cerca de quatro meses, então percebi que poderíamos ter problemas financeiros mais tarde".

Tentativa de solução

Enquanto o AVP corre para tentar recuperar patrocínios, a Confederação Norte-Americana de vôlei já está se mobilizando para socorrer os atletas e realizar uma liga. Isso porque o país precisa de um campeonato nacional para levar suas duplas ao Circuito Mundial e, consequentemente, disputar o qualificatório olímpico, feito nos próximos dois anos.

Além disso, a entidade está disposta a se reunir com a FIVB (Federação Internacional) para que o Circuito Mundial volte a realizar uma etapa nos Estados Unidos, fato que não acontece desde 2003.

*Atualizada às 21h49, com agências internacionais

Placar UOL no iPhone

Hospedagem: UOL Host