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Rodrigão terá que burlar regra ou sair do país após dispensa em data-limite

Central Rodrigão e levantador Marcelinho foram dispensados pelo Pinheiros e estão sem clube - Alexandre Arruda/CBV
Central Rodrigão e levantador Marcelinho foram dispensados pelo Pinheiros e estão sem clube Imagem: Alexandre Arruda/CBV

Roberta Nomura

Em São Paulo

23/12/2010 07h07

A dispensa de Rodrigão e Marcelinho pelo Pinheiros/Sky pegou todos de surpresa. Os motivos ainda não foram revelados integralmente, mas a justificativa inicial é a de razões técnicas. Tricampeão mundial com a seleção brasileira, o central não atirou contra o agora ex-clube e demonstrou resignação. A preocupação do meio de rede é com o futuro. Rodrigão rejeita retorno ao exterior, mas terá que burlar o regulamento da Superliga de vôlei para defender outro clube na competição ou deixar o país para não ficar por um longo período inativo.

A saída de Marcelinho e Rodrigão foi confirmada na tarde de quarta-feira. O Pinheiros ainda não se pronunciou sobre o assunto. O clube e o patrocinador devem soltar nota oficial nos próximos dias. O técnico Mauro Grasso também não deu detalhes e apenas informou que a decisão foi conjunta. Os jogadores foram informados logo após o treino da manhã por dirigentes da equipe e pelo próprio treinador.

“Eles agradeceram pelo o que fizemos neste um ano e meio e falaram que estávamos dispensados”, explicou Rodrigão ao UOL Esporte. “Eles estavam descontentes com a nossa postura. Mas é difícil estar sorrindo quando se está perdendo. Saímos derrotados em todos os jogos contra clubes grandes e isso não é uma coisa que ajuda a estar com uma postura boa”, justificou.

E, de fato, o Pinheiros não se saiu bem em clássicos. A equipe de Mauro Grasso soma quatro derrotas em 11 partidas – todas em duelos contra adversários diretos na briga pelo título: Sada Cruzeiro, Cimed, Vôlei Futuro e Sesi-São Paulo. A única vitória contra um rival de peso ocorreu na estreia contra o Vivo/Minas.

“O que me incomoda é não saber se poderei jogar a Superliga. Não quero jogar fora do Brasil e não sei se poderei defender outro time”, disse Rodrigão. E o receio tem fundamento. Primeiro porque a data-limite para uma equipe inscrever mais jogadores na Superliga era justamente a quarta-feira, dia em que o central foi dispensado. Mas o caso ganha ainda proporções mais dramáticas para o tricampeão mundial.

O artigo 30 do regulamento da Superliga diz: “O atleta inscrito poderá ser transferido para outra associação até 22 de dezembro de 2010, desde que não tenha sido relacionado em nenhuma súmula de jogo oficial da competição”. Rodrigão atuou em dez das 11 partidas do Pinheiros na Superliga até aqui, sendo titular em todas elas.

Marcelinho vive situação semelhante, já que atuou em nove partidas do Pinheiros. Esta, aliás, não é a primeira vez que o levantador tem o contrato rescindido. Em meio à disputa da Superliga, ele foi afastado pelo então técnico Giovane Gávio. Pouco tempo depois a extinta Unisul oficializou a saída do titular da seleção brasileira na campanha da prata olímpica em Pequim-2008.

Na temporada passada, o Pinheiros entrou na Superliga com status de galáctico, apresentou irregularidade e passou por crise interna. Rodrigão foi um dos protagonistas. O central expôs no Twitter seu descontentamento com o desempenho do time e chegou a falar em vergonha. No entanto, a equipe reagiu e negou os rumores de crise.

Agora, o que incomodava eram as derrotas diante de rivais diretos na luta pelo título. “Não tinha muita conversa da situação. Mas o ambiente não é bom quando não se está ganhando, principalmente jogos importantes”, falou Rodrigão.  

Após as dispensas, o Pinheiros fez a última partida pela Superliga em 2010 e venceu o São Caetano/Tamoyo por 3 a 1, de virada. Contratados junto com os excluídos para formar o galáctico time do Pinheiros na temporada passada, Giba e Gustavo lamentaram as saídas, mas não se aprofundaram sobre o assunto.