Topo

Valores travam rescisão e Rodrigão pode treinar com auxiliar de Bernardinho

Roberta Nomura

Em São Paulo

27/01/2011 07h07

Rodrigão ainda é atleta do Pinheiros/Sky. Mais de um mês após ter a dispensa anunciada pelo clube, o central negocia a rescisão para definir seu futuro na temporada. O provável destino é a Turquia. Mas o meio de rede também trabalha com a possibilidade de treinar com Rubinho, auxiliar de Bernardinho na seleção brasileira. Enquanto não encerra o vínculo com a Sky por conflito de valores, o jogador mantém a cautela ‘parado’ e faz somente trabalho físico.

RODRIGÃO APONTA 'AÇÃO ORQUESTRADA'

  • Alexandre Arruda/CBV/Divulgação

    Rodrigão ainda não engoliu a polêmica dispensa do Pinheiros/Sky. Em conversa com o UOL Esporte, o central relembrou uma reunião ainda no início da temporada que, para ele, indica que o clube já pretendia dispensá-lo em um momento certo para impedir que ele defendesse outro clube.

    "Eu voltei do Mundial e fiquei dez dias de folga. Treinei na segunda para jogar no sábado. Perdemos no Paulista. Quatro dias após a eliminação, teve uma reunião e falaram que eu estava na marca no pênalti. Como assim? É um absurdo. Em uma semana eu fiz alguma coisa que ameaçou meu emprego? Isso aí veio da outra temporada e eles meio que organizaram para esperar a hora certa", desabafou.

    Rodrigão disse que ainda não entendeu a repentina dispensa. "Da forma que foi, eles perderam a razão. Podia deixar a gente no banco pelo menos treinando. E, se fosse assim, eu ia pedir para sair. Como uma pessoa que joga no time titular é dispensada por deficiência técnica?", questiona.

A polêmica dispensa foi anunciada no dia 22 de dezembro e se arrasta por um mês e cinco dias. Envolvido no mesmo imbróglio, o levantador Marcelinho rescindiu com a Sky e assinou com o italiano Treviso. O medalhista olímpico de prata já até estreou pelo novo clube. No entanto, Rodrigão sofre com um rompimento mais traumático. O central fez duas reuniões sem acordo com a empresa e esbarra em conflito de valores.

“Eles não romperam meu contrato ainda e querem um acordo muito abaixo. Eles querem pagar só 50% da multa rescisória. O justo seria o integral, mas não é isso que me incomoda. Pedi o salário deste mês, porque como ainda tenho vínculo não posso negociar com nenhuma outra equipe. E, na verdade, eles tinham que dar o aviso prévio de 20 dias, como foi aquela bagunça ainda teriam que pagar dois salários”, afirmou Rodrigão ao UOL Esporte.

O central espera chegar ao acordo com a Sky ainda nesta semana para fechar com time da Turquia. A ideia de Rodrigão é permanecer fora do Brasil por apenas quatro meses. Ele não levará nem a família. Caso a negociação no exterior não se concretize, o meio de rede tem ainda a possibilidade de treinar no BMG/São Bernardo, clube comandado por Rubinho, auxiliar de Bernardinho na seleção brasileira.

“O Bernardo não quer que eu fique parado. Se precisar vou treinar com o Rubinho no São Bernardo”, revelou. Por enquanto, Rodrigão faz apenas trabalho físico. O central está com receio de utilizar a estrutura de algum outro clube e atrapalhar a negociação da rescisão com a Sky. “Tenho medo de treinar e eles usarem isso para romper o contrato sem pagar os meus direitos. Preciso da carta de liberação”, explicou. O jogador poderia apenas treinar no Brasil, já que pela regra da Superliga ele não pode mais atuar na competição por já ter defendido um clube – jogou em todos os dez jogos do Pinheiros até ser dispensado.

Rodrigão se mostrou chateado e disse não entender o motivo da saída forçada. A primeira justificativa dada foi questão técnica. Em nota oficial divulgada uma semana após as demissões, o Pinheiros explicou que “o fato ocorreu por decisões estratégicas e projetos distintos apontados pelas partes envolvidas [jogadores, clube e patrocinador]”. A parceria foi procurada pela reportagem, mas manteve apenas a explicação já divulgada.

O tricampeão mundial com a seleção rebateu ainda acusações de que os motivos que provocaram a dispensa foram a tentativa de montar um time em Santos e o fato de agenciar atletas. “É ridículo isso. Primeiro porque tem uma cláusula no meu contrato que permite a rescisão sem multa se eu fosse para uma equipe da Baixada. E eu não agencio atletas, não tenho empresa disso em meu nome. É do Douglas, meu empresário. Eu jamais faria o contrato de alguém. O que acontece é que a ideia foi minha e do Giba e quem toca é só o Douglas. Não negocio transferência. É a mesma coisa que o Kid já fez um dia de indicar empresário para outros jogadores”, explicou.