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Vôlei Futuro vê multa como insuficiente e dispara: 'discriminação tem preço'

"No jogo em Contagem eram cerca de duas mil pessoas, o ginásio estava super lotado e todos me chamando de "bicha", "gay" e outras ofensas. Me senti ofendido e constrangido pelo ocorrido", acusou Michael, após a partida em Contagem (MG) - Divulgação
"No jogo em Contagem eram cerca de duas mil pessoas, o ginásio estava super lotado e todos me chamando de 'bicha', 'gay' e outras ofensas. Me senti ofendido e constrangido pelo ocorrido", acusou Michael, após a partida em Contagem (MG) Imagem: Divulgação

Do UOL Esporte

Em São Paulo

14/04/2011 16h53

O Vôlei Futuro voltou a colocar fogo na semifinal da Superliga masculina de vôlei, no caso de homofobia contra o jogador Michael. Após o STJD decidir por multar os rivais do Cruzeiro em R$ 50 mil pelo comportamento inadequado de sua torcida, a equipe divulgou um comunicado criticando a punição, que diz ser insuficiente, e afirmando que, para a entidade, “discriminação tem preço”.

“Agora senhores preparem suas pencas de banana, ensaiem seus gritos de “macaco”, “preto”, “manco” e “bicha” e tantos outros, afinal agora é uma questão de custo x benefício, se isso serve para desestabilizar o outro time e ganhar o jogo através dessas estratégias, R$ 50.000,00 é uma pechincha para chegar a uma final. É isso mesmo, agora tem preço, paguem e discriminem, paguem e atinjam os seus objetivos, é apenas uma questão de dinheiro”, diz o comunicado da equipe.

O caso teve início na primeira partida da semifinal, em 1 de abril, quando a torcida do Cruzeiro fez gritos homofóbicos contra Michael. O Vôlei Futuro saiu em defesa de seu jogador e uma troca de comunicados e críticas entre as equipes teve início. Michael chegou a confirmar ser homossexual, e o entrevero foi parar no STJD.

A decisão de multar em R$ 50 mil o time mineiro foi tomada na quarta-feira, em julgamento realizado na Confederação Brasileira de Vôlei. O clube poderia pagar até R$ 100 mil.

No entanto, o Vôlei Futuro alega que a pena poderia ser ainda maior. O time de Araçatuba afirma que a denúncia foi feita no artigo 243-G parágrafo 1, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê “caso a infração prevista neste artigo seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de prática desportiva, esta também será punida com a perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição”.

Em outras palavras, o time tentava fazer com que o Cruzeiro perdesse os pontos da partida, o que os levaria diretamente à final, diante do Sesi. O time alega que o procurador “alterou a nossa denúncia e escolheu o parágrafo que previa somente a multa.”

"Quem foi punido? Os ofensores?  Os torcedores? Os que praticaram os atos discriminatórios? A equipe que se beneficiou da desestabilização do jogador do Vôlei Futuro? Enfim, alguém que fosse sofrer em função do envolvimento do mesmo com aquela equipe? Não, o único sofrimento e punição proporcionada por essa decisão é no setor financeiro, na frieza dos números de um caixa", completou a equipe.

O confronto entre Vôlei Futuro e Cruzeiro está em 1 a 1 e será decidido nesta sexta-feira, às 20h30, em Contagem, voltando ao palco dos atos homofóbicos.