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Carrasco do Brasil em 90, Andrea Anastasi derrete-se em elogios a Bernardinho

Bernardinho (e) e Andrea Anastasi, técnicos de Brasil e Polônia, respectivamente - FIVB/Divulgação
Bernardinho (e) e Andrea Anastasi, técnicos de Brasil e Polônia, respectivamente Imagem: FIVB/Divulgação

Guilherme Coimbra

No Rio de Janeiro

06/06/2011 07h00

Vinte e um anos depois do Mundial de 1990, Andrea Anastasi ainda sente algo diferente quando entra no Maracanãzinho lotado. O italiano, hoje técnico da Polônia, que perdeu neste sábado e domingo para o Brasil, foi um dos carrascos da seleção de vôlei naquela data. Referência entre os treinadores do mundo, ele não demora para elogiar seu rival no final de semana.

“Ele [Bernardinho]  é extraordinário. Sem sobra de dúvida, é o maior treinador de vôlei do mundo” afirmou Anastasi.

Para o técnico italiano, o sucesso brasileiro não tem segredo. É o resultado de uma combinação quase imbatível.

“O sistema de jogo é muito estruturado e não falta talento, que é o principal. O Brasil tem Giba, Gustavo, Rodrigão... Nas outras equipes, como a nossa, não há jogadores tão decisivos”, explica Anastasi, que gostaria que a sua equipe encarasse cada desafio como se fosse o primeiro. “A chave de tudo é a mentalidade. Se todas as equipes pensassem como o Brasil, a coisa seria mais equilibrada.”

De 1990 para cá, muita coisa mudou e a Itália passou de algoz a freguesa dos brasileiros. E hoje o trabalho de Bernardinho é referência para o técnico italiano.

“Lembro-me daquela semifinal como se fosse hoje”, comentou Anastasi. “Foi uma batalha em cinco sets, diante de uma torcida fanática. De lá para cá, vim várias vezes ao Brasil, muitas delas para aprender com vocês. Mas ainda não tinha conhecido o novo Maracanãzinho”, completou.

Naquele ano, depois de passar pelo Brasil, a Itália venceu Cuba na final do Campeonato Mundial e também faturou a Liga, abrindo uma década em que praticamente reinou absoluta. Até 2000, os italianos tinham oito títulos da Liga, contra apenas um do Brasil. Hoje a seleção brasileira é a recordista, com nove, incluindo a de 2004, conquistada em Roma, com uma vitória sobre os donos da casa na final.

Muitos creditam o declínio italiano à presença excessiva de estrangeiros na liga local, o que impediria o desenvolvimento dos atletas mais jovens. Anastasi, que comandou a azzurra em dois períodos (1999-2002 e 2008-2009), se recusa a falar sobre o assunto.

“Sobre a Itália, não falo”, vaticina. “Já tenho trabalho demais com a Polônia.”

Andrea Anastasi discorda do presidente da CBV, Ary Graça, que disse recentemente ao UOL Esporte que países como a Rússia, a Bulgária e a Polônia seriam imbatíveis se tivessem um quinto da estrutura do Brasil.

“A Polônia está crescendo como nação”, defende. “Vamos conseguir um saldo de qualidade com muito trabalho sobre os jogadores. Mas trabalhar com vôlei na Polônia é uma delícia. Quando jogamos diante do nosso público, a empolgação é contagiante. Em termos de estrutura, posso garantir que não falta absolutamente nada de nada”, completa.

Por ser o país-sede, a Polônia já está garantida na fase final da Liga Mundial. Mesmo com um time em formação, Anastasi garante que não veio ao Brasil atrás apenas de experiência.

“Jogamos para vencer”, garante. “O problema é que hoje até mesmo ganhar um só set do Brasil é quase impossível”.