STJD aguarda documentos para denunciar Minas por caso de racismo contra jogador de vôlei
O caso de racismo contra o oposto Wallace, do Sada Cruzeiro, deve entrar na esfera jurídica. A procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) aguarda, por mera formalidade, que a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) envie os documentos do caso para então denunciar o Vivo/Minas, já que, na quarta-feira, durante a partida entre os dois times, uma torcedora do Minas xingou o jogador de "macaco".
MAIS SOBRE O RACISMO CONTRA WALLACE
O oposto Wallace Souza, do Sada Cruzeiro, foi vítima de um ato racista durante o segundo set da partida contra o Vivo/Minas, em Belo Horizonte. Uma torcedora do Minas, quando o oposto estava no saque, gritou "Wallace, seu macaco, volta para o zoológico". Depois, a palavra "macaco" foi ouvida outras vezes por quem estava na quadra.
Uma pessoa ligada diretamente ao STJD ouvida pela reportagem do UOL Esporte, mas que pediu para não ser identificada, afirmou que um caso como este dificilmente passará impune pelo órgão, que deve enquadrar o time mineiro no artigo 243G ("praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência").
Neste caso específico, a pena aplicada deverá ser uma multa que varia entre R$ 100 e R$ 100 mil. Em 2011, em caso parecido, quando a torcida do Cruzeiro xingou Michael, do Vôlei Futuro, o time levou uma multa de R$ 50 mil.
A procuradoria deve receber um "dossiê" com vídeo e súmula da partida nesta sexta-feira ou, no máximo, na segunda. A denúncia será feita de um dia para o outro.
"É um tipo de atitude gravíssima, mesmo o torcedor não tendo sido identificado. Neste caso, o Minas acaba respondendo pelo torcedor. Mas é preciso aguardar os documentos chegarem à sede do Tribunal", explicou a pessoa, que pediu para não ser identificada.
Já Flávio Zveiter, auditor do Pleno do STJD, afirmou que neste caso o Tribunal não precisa nem mesmo aguardar que a CBV envie os documentos, já que houve grande repercussão e há vídeos e provas disponíveis na internet. No entanto, Zveiter disse não poder dar mais detalhes do caso, já que a procuradoria ainda não encaminhou a denúncia aos auditores e nem mesmo ele chegou a se inteirar sobre a ofensa feita ao oposto do Sada e da seleção brasileira.
O provável julgamento será feito primeiramente pela Comissão Disciplinar. Em caso de recurso de uma das partes, o processo vai a novo julgamento, desta vez no Pleno, onde Zveiter estaria diretamente envolvido e, por isso, evitou dar declarações.
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