Topo

De lesões nos joelhos a corte da Olímpiada: relembre o inferno astral de Mari nos últimos anos

Mari deixa a quadra após entorse no joelho contra a Polônia, na fase final do GP - FIVB/Divulgação
Mari deixa a quadra após entorse no joelho contra a Polônia, na fase final do GP Imagem: FIVB/Divulgação

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

23/02/2013 06h00

Até 2010, Mari era considerada uma das grandes armas da seleção feminina de vôlei. Naquele ano, porém, uma grave lesão no joelho a afastaria das quadras por oito meses e a confirmaria como ausência no Mundial do Japão, quando o Brasil ficou com o vice-campeonato.

Desde que voltou a jogar, já em 2011, Mari não conseguiu mais recuperar a forma física e técnica que a fizeram ser considerada uma das melhores do mundo, e começou a viver um verdadeiro inferno astral, que foi 'completado' com mais uma grave lesão, sofrida no último domingo, na Turquia.

Além das lesões e de dores que a incomodaram nos últimos tempos, Mari não engrenou nem na Unilever nem na seleção. Prova disso é que, por opção do técnico José Roberto Guimarães, foi cortada dos Jogos Olímpicos de Londres e não participou da campanha do bicampeonato.

Irritada com o corte, Mari não deixou barato. Convocou uma entrevista coletiva e disparou contra Zé Roberto. Poucos meses após a Olimpíada, em entrevista publicada com exclusividade pelo UOL Esporte, a ponteira abriu o jogo e detonou o técnico, dizendo que nem mais amizade teria com o comandante da seleção.

Relembre abaixo algumas das situações sofridas pela atleta desde 2010

LESÃO GRAVE NO JOELHO TIROU MARI DO MUNDIAL-2010 NO JAPÃO

  • Divulgação/FIVB

    Durante partida contra a Polônia, no Grand Prix de 2010, Mari sofreu uma ruptura total do ligamento cruzado do joelho direito, teve de passar por uma cirurgia e ficou fora do Mundial daquele ano, no Japão, quando o Brasil ficou com o vice-campeonato.

    Na época, a ponteira ainda vinha em boa fase e era uma das principais armas ofensivas de José Roberto Guimarães. Na mesma competição, o técnico ainda perdeu Paula Pequeno, que fraturou o tornozelo e também foi desfalque no Mundial.

    Ali começava o inferno astral da camisa 7, que, desde então, não consegue reviver seus melhores momentos no vôlei e ficará bastante tempo afastada após nova lesão.

SOB O COMANDO DE BERNARDINHO, MARI ALTERNA ALTOS E BAIXOS

  • Unilever/Divulgação

    Quando voltou a atuar, em fevereiro de 2011, a expectativa era grande em cima de Mari na Unilever. Ela, porém, não esteve tão bem no fim da temporada. Alternou altos e baixos, muito ainda pela falta de ritmo devido a tanto tempo afastada.

    De contrato renovado para o ano seguinte, Mari decepcionou. Fez uma Superliga muito abaixo do que poderia render, chegou a ser barrada por Bernardinho em alguns jogos, e não parecia feliz em quadra.

    Mesmo após as más apresentações dela, Zé Roberto Guimarães a convocou para os treinamentos da seleção brasileira visando à preparação para os Jogos Olímpicos.

EM MÁ FASE, MARI É CORTADA DO PRÉ-OLÍMPICO EM SÃO CARLOS

  • Alexandre Arruda/CBV

    Durante a preparação para o Pré-Olímpico de São Carlos, Zé Roberto já havia dado o recado de que Mari não vivia boa fase e não descartava o corte da atleta. E assim foi feito. Já na cidade do interior paulista, o comandante tirou a ponteira da lista das 12 jogadoras inscritas para o torneio.

    Na avaliação de José Roberto Guimarães, Mari ainda estava abaixo tecnicamente das demais companheiras, e, por isso, perdeu a vaga na competição.

    Ali, a ponteira já ficou ciente de que não estava nem perto de estar garantida nos Jogos Olímpicos de Londres. Embora se dissesse confiante, Mari sabia que Zé não estava satisfeito com o desempenho dela.

MARI NÃO AGRADA E FICA FORA DOS JOGOS OLÍMPICOS

  • Daniel Ochoa de Olza/AP

    No dia 10 de julho de 2010, o sonho de Mari ser bicampeã olímpica acabou. Cerca de 15 dias antes do início da competição, a CBV divulgou que a jogadora não fazia parte dos planos de Zé Roberto e, por isso, havia sido dispensada do grupo.

    O corte ocorreu após uma conversa do técnico com a atleta no CT de Saquarema, no Rio de Janeiro, onde a equipe fazia a reta final de preparação para os Jogos. Após um almoço, Zé chamou Mari em seu quarto e a dispensou.

    Depois de alguns dias afastada dos holofotes, Mari convocou uma entrevista coletiva para desabafar sobre a dispensa da seleção brasileira.

IRRITADA, MARI ENTRA EM ATRITO COM ZÉ ROBERTO

  • Alexandre Arruda/CBV

    Em seu prédio no Rio de Janeiro, Mari desabafou. Negou que houvesse qualquer tipo de problema com as companheiras, mas deixou claro que não concordava com o seu corte. Segundo ela, seria 'loucura' se concordasse.

    “A opção é dele. Não concordo de forma alguma, mas respeito”, resumiu a jogadora, que rejeitou os argumentos usados pelo treinador para tirá-la do grupo que disputaria a Olimpíada em Londres.

    As respostas, claro, causaram polêmica, mas o treinador a todo momento evitou responder à ex-comandada, dizendo que respeitava a opinião da jogadora.

MARI VOLTA A CRITICAR ZÉ ROBERTO E REVELA GRUPO RACHADO

  • Roberta Nomura/UOL

    Em entrevista concedida à Revista Istoé 2016, publicada com exclusividade pelo UOL antes, Mari detonou Zé Roberto. A atleta se disse injustiçada e declarou não ter qualquer tipo de relacionamento com o comandante tricampeão olímpico.

    "Fui injustiçada. Não tenho mais relacionamento com ele e não faço a menor questão de ter", falou a jogadora. "Não estou pensando em seleção. Sinto o dever cumprido pelo que já fiz. Se eu voltar para a seleção é porque quero e gosto, não porque preciso", esbravejou.

    Zé Roberto, de novo, evitou comentar as críticas. Mas o UOL Esporte apurou que não há mais clima para o retorno da ponteira, ainda mais após o técnico renovar o contrato até 2016.

    Mari revelou ainda que ao longo do último ciclo olímpico, grande parte das jogadoras estava insatisfeita com o comandante, e o grupo estaria rachado com a comissão técnica.

LNOVA ESÃO NO JOELHO DÁ CONTINUIDADE AO INFERNO ASTRAL

  • Divulgação

    No último domingo, durante partida do Fenerbahce (TUR), Mari sofreu mais uma grave lesão, desta vez no joelho esquerdo. Assim como em 2010, ela rompeu o ligamento cruzado e terá de passar por uma cirurgia para reconstrução.

    A expectativa é a de que a ponteira fique afastada por até oito meses das quadras e já nem defenda mais o Fenerbahce, que não pretende renovar o contrato da atleta.

    Na Turquia, Mari quase foi dispensada do clube, insatisfeito por ela ficar tanto tempo no departamento médico e não render o que era esperado quando foi contratada. Mari, porém, esboçou uma reação e começou a melhorar, mas tinha pouco espaço e logo se machucou.