Primeira musa do vôlei, Vera Mossa curte anonimato com loja de bijuterias
Hoje cada mais vez mais comum no vôlei feminino, o conceito de musa teve como principal expoente nacional uma ex-jogadora que diz que nem ligava para isso e preferia até fugir do rótulo.
Vera Mossa disputou sua primeira Olimpíada pela seleção feminina em 1980, em Moscou, quando tinha apenas 15 anos. Depois disso, virou um dos principais ícones do esporte em que atuou por mais 20 anos.
Hoje, com 48 anos, a mãe do levantador Bruninho e ex-mulher de Bernardinho, é considerada a primeira grande musa da modalidade e foi a pioneira a ser convidada para posar nua na Playboy. Mas recusou. “Tive uma sondagem, um convite. Vieram me perguntar se eu toparia, e falei que não. Nem foi feita proposta depois disso”, falou ao UOL Esporte.
Ela se diz uma pessoa que não gosta da fama ou estereótipos. Afirma que sempre ficou sem entender porque tanto se falava de sua beleza. Isso só a deixava confusa, admite. Mas diz que queria mesmo só ter foco em ser uma grande jogadora, apesar de ver o lado musa como importante para as gerações futuras.
“Eu não entendia muito porque davam importância de ser musa, o porquê falavam tanto disso. Não queria ser reconhecida pela minha beleza. Não entendia essa coisa. Queria que falassem que joguei bem, não que eu era bonita”, diz.
"Mas comecei a entender que isso foi importante para a popularização do vôlei. As pessoas precisam de ídolos para que o esporte se mantenha popular. Acho que foi interessante essa história das musas para o esporte, para se popularizar, mas eu nunca liguei ou quis isso.”
Vera parou de jogar em 2000 e hoje curte a vida de anonimato trabalhando como comerciante. Desde quando parou de jogar, decidiu que não queria trabalhar com esporte. Preferiu se aventurar em outro ramo por achar que não tinha características para ensinar.
“Fiquei meio perdida, não fiz faculdade por conta do vôlei e muitos anos de seleção. Acabei não estudando e fiquei sem formação acadêmica. Mas resolvi entrar no comércio por achar que seria um bom caminho.”
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Desde então, passou a apostar em atividades comerciais na cidade de Campinas. Comprou uma papelaria, mas o negócio não andou muito. "Fui meio precipitada. Precisava trabalhar e fazer alguma coisa. Tinha parado de jogar, e o dinheiro que tinha guardado estava indo embora. Não tinha outra fonte de renda. Entrei nesse negócio. Tomei um tombo”, conta.
Depois, teve uma farmácia na antiga rodoviária de Campinas. Mas, em virtude da construção de uma nova na cidade, teve que montar outro negócio. Então há seis anos está com uma loja de bijuterias, agora no bairro de Cambuí. Antes, já teve em um dos shoppings centers da cidade.
A loja, chamada Piccola assessórios, tem apenas uma funcionária, e Vera vai de negociadora com distribuidores até atendente. Conta que algumas pessoas a reconhecem, mas não faz questão de dizer quem é.
VERA MOSSA AO COMENTAR OLIMPÍADA PARA A RECORD
Vera chegou a fazer narrações para Sportv e Record de jogos de vôlei em Nacionais e Jogos Olímpicos. Agora está parada em termos de transmissão por estar morando em Campinas. Diz que a função ainda é muito nova para se apostar como futuro profissional. “Eu acho uma coisa bacana, mas no futebol, por exemplo, é diferente, tem muito jogo, muita competição. Lá ser comentarista é uma profissão. No vôlei não sei se é profissão. Existem poucos que vivem só disso. O vôlei está ganhando espaço, mas é um espaço restrito pro comentarista. Se todos os canais fizessem transmissões de vôlei, cada um teria um ou dois comentaristas. É uma TV só que faz basicamente. Não dá pra viver disso.”
“Não tenho dificuldade com fornecedor, nada. É mais essa questão de estar o tempo todo atendendo bem seu cliente. Fazê-lo voltar na sua loja. Não é que seja chato, mas tem que estar o tempo ligando, lembrando as pessoas de que está ali, se não esquecem”, diz sobre seu trabalho.
“Muita gente olha diz que me conhece de algum lugar. Digo só 'é', mas fico na minha. E minha funcionária fala 'é a Vera Mossa'. E eu morro de vergonha. Não gosto de ficar falando, se a pessoa reconhecer, tudo bem. Mas eu não vou ficar falando. Quer o que, que eu responda 'claro ,da televisão, não lembra de mim?'. Não dá pra fazer isso.”
Vera Mossa diz que não sente saudade nenhuma dos tempos em que era vista como musa e prefere a vida de anonimato e não ser reconhecida.
“Nunca tive esse tipo de vaidade, prefiro o anonimato do que a fama. Fico mais tranquila. Minha vida é bem mais tranquila dessa forma do que se eu fosse celebridade. Não tenho a menor paciência pra ser celebridade. Nem quero. Acho que em alguns momentos, fui muito conhecida, não sei se cheguei a ser celebridade. Não que tenha me incomodado, mas não sinto falta. Não é algo que eu quis, aconteceu”, falou.
“Eu queria jogar na seleção. Não jogava era pra ser conhecida. Isso aconteceu, sei lá..pensava 'por que falam tanto que sou bonita? O que importa isso?' Nunca tive essa busca. Ser famosa ou não ser. Eu prefiro não ser.”
Mãe do Bruninho
Vera Mossa foi casada na década de 1980 com o hoje técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, Bernardinho. Tiveram um filho, que é o hoje levantador da seleção, Bruninho. Acompanhar o filho é um dos motivos que a fazem assistir jogos.
Diz que o peso de ser ex-jogadora e mãe de Bruninho é o mesmo. “Eu acho que sou as duas coisas. O pessoal mais novo fala 'é a mãe do Bruninho, mas já foi jogadora'. Sou as duas coisas. Não tem muito essa coisa assim de esqueceram de mim. Passou. Não jogo mais. Quem joga é ele.”
Bruninho morou a maior parte do tempo com Bernardinho, que se casou com a também ex-jogadora da seleção e ex-companheira de Vera, Fernanda Venturini. A mãe de Bruninho diz ter boa relação com a madrasta de seu filho.
“É um relacionamento normal, nunca tive amizade mais forte com ela. A gente jogou juntas na seleção dois anos. Nunca nenhum problema. Nunca fui amigona, mas sem problemas, tranquilo. Colegas de trabalho. Ela jogava num time, e eu no outro, jogamos juntas dois anos.”
Além de Bruninho, Vera Mossa tem outros dois filhos e está em seu terceiro casamento.
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