"Rogério Ceni do vôlei", ex-seleção foge de aposentadoria aos 43 anos
A aposentadoria – ou não – de Rogério Ceni tem sido tema frequente nas últimas semanas no futebol brasileiro. Aos 40 anos, o goleiro do São Paulo ainda não definiu seu futuro para 2014. Mas a longevidade no esporte não é exclusividade do arqueiro. No vôlei, há uma jogadora mais velha que Ceni e que, ao contrário do goleiro, não pensa em deixar as quadras.
Arlene, líbero que defendeu a seleção brasileira no começo dos anos 2000, tem 43 anos e disputa a Superliga 2013/2014 pelo Minas. Perto dos 44, ela sequer cogita deixar o esporte. Em entrevista ao UOL Esporte, a defensora comparou-se ao são-paulino e citou até o lendário atacante camaronês Roger Milla, que disputou Copa do Mundo aos 42 anos, como exemplos.
“O Rogério é a mesma situação que eu, fica na defesa. No futebol, aos 30 anos dizem que a pessoa está velha. Ele está de parabéns, assume a responsabilidade. Eu tenho esse papel, assim como ele. Nós mostramos que independentemente da idade, estamos em alto nível. Todo atleta tem altos e baixos, mas enquanto nós sentirmos o frio na barriga, entraremos lá para dar nosso melhor. O Roger Mila jogava como garoto. Por que não acreditar, então?”, afirmou a jogadora.
No início de sua trajetória pela seleção, Arlene atuava como atacante e participou da conquista de dois Grand Prix e do vice-campeonato da Copa do Mundo, em 2003. Há 11 anos, seguindo o conselho do preparador físico José Elias Proença, virou líbero justamente para prolongar a carreira. A mudança deu certo - ela disputou a Olimpíada de Atenas-2004 já na nova condição -, e a mineira nem pensa em aposentadoria.
“Enquanto Deus me capacitar, eu vou estar em quadra. Não posso falar que vou parar no ano que vem, estaria mentindo, acho. Eu tenho prazer de estar em quadra. Estou aqui para quebrar paradigmas mesmo. Estou em ótima forma física, nunca sofri muito com lesões na carreira e me sinto privilegiada por isso”, festejou.
Pela idade ‘avançada’, Arlene ouve algumas brincadeiras no elenco do Minas. Ela tem idade até para ser mãe de algumas das companheiras – o elenco nesta temporada é formado em sua maioria por jogadoras das categorias de base. Laís, líbero reserva, tem só 17 anos, por exemplo.
“As meninas me zoam o tempo inteiro. Me chamam de “véia”, falam que a idade está pesando. Esses dias, tomei uma bolada, e uma das meninas falou que o reflexo não é o mesmo de antigamente, que estou ficando lenta. Mas tudo na brincadeira. Tem que dar uma quebradinha, levar pelo lado bom. Se eu não entrar no esquema, sou eu quem perco”.
Mesmo aos 43 anos, a líbero dispensa qualquer tipo de treinamento diferenciado, seja na parte física ou na parte técnica e tática. Em forma, costuma fazer os mesmos trabalhos que as companheiras, orientadas pelo preparador físico Batata ou pelo técnico Marcos Queiroga. E Arlene garante que aguenta o ritmo forte.
"Eu vou no mesmo ritmo, elas é que corram atrás de mim (risos). A única coisa que faço de trabalho específico é o treinamento para líbero. Eu conheço bem meu corpo, sei meus limites, e aí é que entra minha experiência. Eu sei dosar bem isso, converso com eles, mas não tenho nada em especial na parte física", finalizou.
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