Topo

Murilo admite receio de 'não ser como antes' e faz planos para o 1º filho

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

04/11/2013 06h00

As dores incomodavam há mais de dois anos. O ombro do melhor do mundo já não respondia mais como anteriormente. O incômodo venceu, e obrigou Murilo, do vôlei, a passar por uma delicada cirurgia em maio deste ano. 

Hoje, seis meses depois, ele está voltando. Foi chamado para treinar com a seleção brasileira, mas o retorno às quadras ficará somente para dezembro ou janeiro. Durante a recuperação, o processo de fisioterapia, gelo e fortalecimento, uma dúvida passou pela cabeça do jogador, eleito o melhor do mundo no Mundial de 2010: será que ele voltará a jogar como antes?

"Não é que eu temo, mas ainda estou desconfiado. Não posso garantir aquele nível que estava há três anos. Vou precisar de um tempo, não vou conseguir logo de cara. Preciso de tempo para ganhar confiança, estourar bloqueio, principalmente nas bolas mais altas", afirmou o jogador, em entrevista ao UOL Esporte.

Quando foi liberado para fazer os primeiros trabalhos com bola, o medo apareceu. Medo, por exemplo, de no primeiro ataque potente as dores reaparecerem. Mas isso ficou de lado. No Sesi, acompanhado de médico e fisioterapeuta, o retorno foi gradativo. E tem sido ainda. Mesmo que queira, o ombro ainda não responde como antes.

“O ataque ainda está sem potência, estou receoso de soltar o braço. Quando tento acelerar um pouco, ele ‘grita’. Quer dizer que ainda não está pronto. Estou contente com a evolução, feliz por ter voltado, por mais que seja aos poucos. O saque é complicado de ganhar confiança na volta de uma cirurgia de ombro. A bola percorre um espaço longo. Mas eu tenho tempo ainda, tenho trabalhado bastante. Só vou dizer lá na frente se vou conseguir (voltar como antes)”, disse o ponta.

MURILO FALA DA VOLTA AOS TREINOS E MIRA SELEÇÃO EM 2014

No período em que esteve sem treinar, Murilo recebeu a notícia de que seria pai. Arthur, fruto de seu casamento com Jaqueline, deve nascer no meio de dezembro. Durante estes meses, o jogador conciliou fisioterapia com os preparativos ao lado da esposa. Admite que ajudou menos do que gostaria, mas já faz planos e sonhos com o futuro ao lado da criança.

"Eu imagino do que vivi aqui, do que vivi com o Gustavo (Endres, irmão), que tem dois meninos. De ver ele (Arthur) na quadra, engatinhando atrás da bola. Sempre que acaba jogo enche de criança na quadra. Eu me imagino nessa situação. Acontece de jogador levar para o pódio. Adoraria levar ele, ganhar titulo e ele estar comigo. Quero que ele vivencie um pouco, entenda a profissão do pai e da mãe, e não só mostre por foto", disse o camisa 8, ansioso para ter o filho nos braços. 

Oportunidades para ter Arthur nos braços no pódio não faltarão. No ano que vem, ele terá a chance na Copa do Brasil e na Superliga, pelo Sesi, e, se tudo correr do jeito que Murilo e a equipe médica esperam, a Liga Mundial e o Mundial da Itália pela seleção. Embora ainda não faça previsão, o atacante deverá estar no grupo de Bernardinho.

"Eu coloquei nos planos, mas não posso afirmar que vou estar 100%. Adoraria chegar em fevereiro e já começar a jogar bem, a me sentir bem em quadra, confiante. Aí sim dá para pensar em seleção e Mundial. Acabando a Superliga, pelo histórico que temos, o Bernardo vai me levar para a seleção. E lá é treino, come e dorme. Ele tem histórico bom de recuperação com toda a equipe dele. Se tiver 2 ou 3 meses antes do Mundial, dá para ganhar bastante", declarou Murilo.

"Vamos defendendo um tricampeonato, e o tetra seria histórico. É uma responsabilidade ainda maior que vamos carregar. Muda a geração, você vê que estamos em alto nível desde 2002. É fantástico esse trabalho que o Bernardinho vem fazendo. Para o jogador é muita pressão. A cada título, aumenta mais. E acho que pesa as duas finais olímpicas que deixamos escapar. Começa a colocar uma dúvida na cabeça. E temos que trabalhar isso. O grupo é novo, temos sangue novo para treinar bastante", finalizou.