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Brasil tem quem resolva no Mundial de vôlei sem ser só na pancada

Wallace procura sempre os efeitos nas bolas - Divulgação/FIVB
Wallace procura sempre os efeitos nas bolas Imagem: Divulgação/FIVB

José Ricardo Leite

Do UOL, em Katowice (Polônia)

10/09/2014 18h00

Cada esporte tem suas jogadas que mais empolgam os torcedores, como um gol após vários dribles no futebol ou uma enterrada no basquete. Já no vôlei, o que mais empolga é a famosa cravada, bola batida pelo atacante com muita força e sem chances para o rival, que não consegue a defesa ou até se protege de uma pancada.

Mas não é só esse tipo de lance que resolve no voleibol, até porque podem ser telegrafadas mais facilmente. Daí o uso de outras jogadas, como a largadinha ou explorar o bloqueio. Na seleção brasileira, o oposto Wallace é do tipo que consegue resolver usando muito pouco as pancadas. Prefere mais as bolas com efeito que costumam confundir os adversários.

O jogador do Cruzeiro, segundo maior pontuador brasileiro no torneio, costuma bater com a parte externa da mão e manda bolas chapadas para o outro lado, geralmente próximas da linha ou até dos pés dos adversários. No jogo contra a Bulgária, ele abusou desse tipo de jogada e foi o maior pontuador do time nos 3 a 0, com 14 pontos.

Diz que sempre teve como característica buscar as bolas mais diferentes do que as cravadas. “Principalmente nas bolas mais difíceis, que não dá pra se colocar toda a potência, eu tento fazer algo diferente, dar uma quebra de ritmo”, explicou.

“Sempre fiz isso. Eu nunca fui o cara só de atacar forte, atacar e atacar. Tem oposto que só ataca, e se você for ver um jogo e ele tiver dado duas largadas é muito. Não sou muito dessa característica. Algumas vezes é difícil, mas tento fazer isso (bolas com efeitos)”, continuou.

O oposto da seleção explica que gosta de observar outros jogadores e tira de cada um que pode. “Esses tapas com efeito eu via o Rivaldo ( fazer isso, tem algumas coisas que você pega. O próprio alemão Grozer, que consegue atacar as bolas mais altas. Tento pegar um pouco disso.”

Wallace vem sendo quase que um termômetro brasileiro na competição. Quando está bem, dificilmente a equipe está bem. Mas no jogo contra Cuba, fez sua pior partida e foi substituído por Leandro Vissotto, que foi um dos destaques daquele jogo. 

Bloqueio e recepção funcionam

Antes da partida desta quarta, o Brasil já esperava uma Bulgária ousada no saque para quebrar a recepção brasileira e dificultar as jogadas de ataque. Mas os saques fortes, quando entraram, encontraram uma recepção brasileira muito boa, sobretudo com Murilo.

Assim, o Brasil não teve dificuldades para articular os ataques bem executados para Wallace, Lucarelli, Sidão e Lucão. “Jogávamos contra uma equipe que vinha bem, de um bom jogo contra a Rússia. Sabíamos que tinham sacado muito bem contra Bulgária e Canadá. Eles forçaram muito o saque. Tínhamos essa preocupação e treinamos a recepção pra segurar as pancadas”, falou o líbero Mário Jr, um dos alvos das pancadas de saque búlgaras e que teve boas recepções.

“Começamos sacando e bloqueando bem, deixamos o time deles inseguro. Foi um jogo onde todos fundamentos foram bem. Quando acontece isso, fica complicado de jogar contra uma equipe de qualidade Temos por característica ao uso de primeira bola, e quando o saque rival não entra fica difícil pras outras equipes de marcar (o Brasil)”, opinou o central Lucão.

“Isso (neutralizar o saque rival) era uma coisa que a gente sabia. Um time que não consegue sacar contra a gente é complicado”, endossou o levantador Raphael.

Com a vitória, o Brasil lidera o Grupo F da segunda fase, com 12 pontos no total, fruto de quatro vitórias. A Rússia é a segunda, com 11. No atual estágio, são levados os resultados anteriores da primeira fase, exceto diante dos times que não avançaram (no caso brasileiro, os jogos contra Tunísia e Coreia do Sul são descartados). Estão agora contabilizados os triunfos sobre Bulgária, Cuba, Finlândia e Alemanha.

Apenas os três primeiros colocados dos oito da chave brasileira se classificarão para a fase seguinte. Esta próxima etapa terá também outros três que sairão do outro grupo (formado por Polônia, Sérvia, Argentina, França, Irã, Estados Unidos, Itália e Austrália. Os seis que sobrarão (três de cada grupo) formam dois triangulares dos quais avançam dois times de cada um para fazer as semifinais.

O Brasil volta quadra na próxima quinta-feira, quando encara a seleção da China, às 11h30 (horário de Brasília). No sábado encara ao Canadá, e um dia depois, a Rússia. Além dos quatro, o grupo tem Cuba, Finlândia e Alemanha.