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Ex-líbero dos EUA apoia quem não revela orientação sexual publicamente

Ex-líbero Stacy entrevista José Roberto Guimarães - Leandro Carneiro/UOL
Ex-líbero Stacy entrevista José Roberto Guimarães Imagem: Leandro Carneiro/UOL

Leandro Carneiro

Do UOL, em Milão (Itália)

07/10/2014 06h00

Assumir publicamente ser homossexual não é uma prática comum entre os atletas. Stacy Sykora, que fez história como líbero dos Estados Unidos, só disse ser gay depois que se aposentou. Agora, como jornalista Federação Internacional de Vôlei no Mundial feminino, ela defende o fato de algumas jogadoras não quererem falar publicamente sua orientação sexual.

“Por que temos de assumir isso? Por exemplo, uma atleta que é casada, não fala ‘eu sou heterossexual, estou com meu marido’. Somente os gays têm de falar, por quê? Por que quem está com homem não tem de falar nada? Só eu porque estou com mulheres?”, disse a jogadora.

Segundo Stacy, o mais importante é que a pessoa consiga ser feliz, independentemente se escolheu assumir publicamente ou não.

“Estou bem, eu sou feliz. Eu sei muitas jogadoras gays que não falam, elas falam ‘não quero’ e não têm de falar. Não importa se você está feliz, não importa o que pensem delas. Eu sou feliz, muita gente tem marido e não é feliz. Por que elas querem ficar com mulher e não podem?”, completou a ex-líbero.

Stacy foi festejada por quase todas as atletas brasileiras no encontro na zona mista. E, cada uma que falava com ela, a ex-líbero ressaltava: “quero falar bem português”, afirmava ao reclamar de só poder falar italiano no torneio.

A ex-jogadora foi obrigada a abandonar as quadras em 2012 depois de sofrer um grave acidente de ônibus com o time do Vôlei Futuro em Osasco. Ela chegou a ficar quase um mês internada e um problema em sua visão, consequência da batida, a fez largar as quadras.

“É muito diferente (essa profissão), mas estou bem, feliz, porque posso fazer algo com vôlei, então, não importa se estou jogando ou fazendo as coisas que estou fazendo, estou feliz porque isso aqui é vôlei”, ressaltou a jogadora, que ainda sente falta de jogar.

“Tanta saudade que todos os dias eu penso em vôlei, todos dias, não passa um dia que não estou pensando: ‘acho que posso jogar sem ver’. Mas não posso mais, eu sei, que saudade”, finalizou.

Segundo a ex-atleta, ela não consegue coordenar os dois olhos ao mesmo tempo e, com isso, não consegue enxergar a bola direito.

Na última edição do Mundial, em 2010, Stacy foi eleita a melhor líbero da competição. Além de seu trabalho como jornalista na competição, ela também é assistente de advocacia, em Las Vegas.