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Sem clube, Jaque chora e teme perder Olimpíada: "pode ter sido último jogo"

Leandro Carneiro

Do UOL, em Milão (Itália)

12/10/2014 15h44

As jogadoras da seleção brasileira choraram muito após a conquista da medalha de bronze no Mundial de Vôlei, e Jaqueline estava entre as mais emocionadas. Não só pela vitória, mas pela tristeza de viver seu último jogo no ano, por estar sem clube e ter medo de perder as Olimpíadas.

“Meu choro é de tanta coisa, saber que fiquei um ano parada, consegui voltar, dar a volta por cima, saber que no Brasil não vou ter equipe de jogar, que hoje foi meu último jogo. Se todo mundo for pensar, esse foi meu último jogo. Não vou mais jogar, vou cuidar do meu filho, da minha família, mas o esporte que gosto de fazer, trabalho, não vou ter no Brasil", disse a jogadora na saída da quadra.

Um dos receios de Jaqueline é acabar fora da Olimpíada do Brasil. "Como vou ficar parada e voltar para seleção? Sendo que as meninas vão estar jogando. Outras jogadoras merecem estar aqui e eu não vou estar jogando. Como ele vai me convocar? Esse ano me trouxe porque tinha um motivo, eu estava grávida, ele queria que eu voltasse. Mas ano que vem não tem como. Mas é culpa minha, jogo toda culpa em cima de mim. Querer jogar eu quero, mas não quero sair do Brasil e deixar minha família. Com certeza, isso não tenho dúvida (pode me tirar da Olimpíada)", completou.

Jaqueline ficou mais de um ano parada por causa do nascimento de seu filho Arthur, fruto do casamento com o também jogador Murilo. Na atual temporada, ela ainda não acertou contrato com nenhum time da Superliga.

Até a atual temporada, cada time poderia ter até três atletas de pontuação 7, a máxima possível e justamente a pontuação de Jaque por ser bicampeã olímpica. Na temporada 2014/2015, no entanto, a regra foi modificada e cada equipe agora pode ter somente duas atletas de pontuação 7. O novo ranking dificulta as chances de ela ser contratada porque os clubes grandes já preencheram as duas vagas e os de menor expressão não têm condições financeiras de arcar com uma atleta desse nível.

A jogadora poderia sair do Brasil e jogar em um clube do exterior, mas quer priorizar a vida pessoal e ficar perto do filho e do marido que joga no Sesi-SP e tem contrato de mais um ano.

"Não vou sair do Brasil, agora não é momento, vou esperar meu marido acabar o contrato no Sesi, que ele quer cumprir direitinho, não quis rescindir com ninguém até porque o Paulo Skaf (presidente do Sesi) o ajudou muito com a cirurgia dele. Enfim, ele quer estar lá, quer poder ajudar a equipe, não sou eu que vou o tirar de lá. Quem vai se sacrificar agora sou eu, infelizmente", finalizou.