Jaqueline teve até abaixo-assinado, mas deve perder a Superliga. E agora?
Fãs da ponteira Jaqueline organizaram um abaixo-assinado online com o objetivo de convencer a CBV a permitir a atleta de disputar a edição 2014-2015 da Superliga. A campanha pede a mudança no ranking de jogadoras por equipe, que, da maneira que está hoje, deixa a pernambucana de 30 anos fora do torneio, que começa em novembro.
A possibilidade de perder a competição já foi motivo de muito choro há pouco mais de 10 dias, quando Jaqueline conquistou a medalha de bronze no Mundial da Itália com a seleção brasileira. Ao final do compromisso com a equipe nacional, Jaqueline teve de encarar a realidade do vôlei nacional.
Tudo por causa do critério de ranking de jogadoras, elaborado pela CBV e aprovado pelos clubes da Superliga. Até a temporada passada, cada time poderia ter até três atletas de pontuação 7, a máxima possível e justamente o status de Jaque, por ser bicampeã olímpica. Para a edição 2014-2015, a regra manda que apenas duas atletas com 7 pontos possam defender a mesma equipe. O novo ranking dificulta as chances de a ponteira ser contratada porque os clubes grandes já preencheram as duas vagas e os de menor expressão não têm condições financeiras de arcar com uma atleta desse nível.
Jaqueline ficou mais de um ano parada por causa do nascimento de Arthur, filho dela com o também jogador Murilo Endres, do Sesi e da seleção brasileira.
A campanha online para mudança do regulamento iniciou-se em 12 de outubro, dia em que Jaque apareceu na TV, aos prantos, lamentando a ausência de times para se encaixar. A expectativa é de mobilizar, pelo menos, 10 mil assinaturas e entregá-las à CBV.
Os interessados devem ir ao site da Avaaz, uma organização não-governamental internacional voltada para campanhas de diversos tipos. Desde mudanças climáticas, como ocorreu no mês passado, que reuniu mais de 300 mil pessoas em uma marcha nas ruas de Nova York, até a campanha contra a extinção das abelhas, que já soma mais de 3 milhões e assinatura no mundo inteiro.
Mas a mobilização pela mudança da regra de ranking de jogadoras da CBV está longe de ser tão popular quanto a das abelhas. Em 10 dias, foram pouco mais de 1.7 mil assinaturas. “Nós vimos a campanha na internet. Muito legal, a gente ficou super comovido, mas não sei se isso pode mudar alguma coisa”, afirmou o ponteiro Murilo, marido de Jaqueline, que amarga um período no estaleiro em razão de uma cirurgia no ombro.
E o jogador tem razão. Mesmo que a campanha na internet reúna as 10 mil assinaturas, a CBV não parece propensa a se sensibilizar. “Qualquer mudança que se faça no ranking é preciso que haja unanimidade nos votos dos clubes. Eles precisam ser consultados. No momento, isso está descartado”, afirmou o superintendente de competições de quadra da CBV, Radamés Lattari.
“Ela [Jaqueline] já chorou, já reclamou, já falou muito, agora só pode esperar. Vamos aguardar até dezembro para ver se alguma equipe abre uma vaga. Uma coisa é certa: não dá para aceitar uma proposta do exterior neste momento, com o nosso filho deste tamanho”, disse Murilo.
*Colaborou Fábio Aleixo
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