Topo

Cartola critica iraniana presa: "não deveria misturar esporte e política"

Ghoncheh Ghavami foi detida por ter tentado assistir a uma partida de vôlei - Free Ghoncheh Campaign/AP
Ghoncheh Ghavami foi detida por ter tentado assistir a uma partida de vôlei Imagem: Free Ghoncheh Campaign/AP

Do UOL, em São Paulo

05/11/2014 14h08

Presidente do Conselho Olímpico da Ásia (OCA), o sheik Ahmad Al-Fahad foi na contramão das críticas internacionais e apoiou a prisão da mulher iraniana condenada a um ano de detenção por tentar ir a um jogo masculino de vôlei em seu país.

O dirigente pediu explicações ao Comitê Olímpico Iraniano sobre o caso, mas defendeu a ação da Justiça do país. Segundo Al-Fahad, não se deve misturar assuntos políticos com os esportivos, o que teria sido feito pela mulher detida.

“Não vejo apenas que ela tinha passaporte britânico. Se ela é iraniana, não tem que usar este benefício para fazer política no esporte. Se ela usa essa dupla nacionalidade por uma situação política, rejeitaremos porque não queremos que ninguém use o esporte para fazer política”, disse Al-Farah.

“No esporte queremos paz e solidariedade. Se alguém usa para passar imagens erradas, vamos resistir. Você tem que saber que existem diferentes culturas ao redor do mundo, esta não é a única cultura”, completou.

Ghoncheh Ghavamí, de 25 anos, estudante de Direito na Universidade de Londres e graduada na Escola de Londres de Estudos Orientais e Africanos (SOAS), foi detida em 20 de junho após ir com várias ativistas dos direitos das mulheres a uma partida da seleção iraniana de vôlei no estádio Azadi de Teerã.

As jovens se manifestaram fora do centro esportivo exigindo liberdade para que as mulheres possam comparecer como público a este tipo de evento. Várias delas foram detidas pelas Forças de Segurança e liberadas sob fiança após poucas horas, mas Ghavami retornou à delegacia dez dias depois para reivindicar seus objetos pessoais e voltou a ser detida.

Ela foi julgada no dia 14 no Tribunal Revolucionário de Teerã e acabou condenada a um ano de prisão. Segundo a imprensa britânica, ela começou uma greve de fome em 1º de outubro, que durou 14 dias, o que foi negado pelas autoridades judiciais iranianas.

Os direitos esportivos das mulheres têm gerado polêmica na Ásia nos últimos meses. Representantes dos direitos humanos criticaram a Arábia Saudita por excluir as mulheres de sua delegação que disputou os jogos do continente, acusando o ultraconservador estado islâmico de fechar as portas para atletas femininas.

Já o Qatar se retirou da competição de basquete feminino dos Jogos Asiáticos após a Fiba proibir suas atletas de jogarem com véus.