Topo

Há quase duas décadas ele foi campeão da Superliga. Agora busca 4º título

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

10/04/2015 06h00

Dez horas diárias de sono, pouca badalação na noite e nem uma gota de álcool no organismo. Pequenos detalhes que fazem toda a diferença para Marcelo Elgarten, o Marcelinho. Aos 40 anos de idade, o levantador se sente como um garoto e cheio de apetite por vitórias. No domingo, com o Sesi-SP, buscará o quarto título de sua carreira na Superliga. Isso 18 anos após levantar a taça com o Report/Suzano na temporada 1996/1997. São praticamente duas décadas em alto nível.

A longevidade é tamanha que ele será o jogador mais velho em ação no duelo entre o time paulista e o Sada Cruzeiro, que ocorre às 10h, no Ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte (MG).

Para se ter uma ideia, o companheiro de equipe Lucarelli tinha só cinco anos quando Marcelinho conquistou o título em 97. Ele voltou a levantar o caneco em 1999 pelo Olympikus/Telesp e em 2004 pela Unisul.

“Acho que não existe muito segredo para seguir tão bem até hoje. É ter força de vontade e saber se cuidar, que fui o que fiz ao longo dos meus 23 anos de carreira. Até mesmo na alimentação não tem nada especial. Como de tudo, mas com moderação. Não me privo de nada. Só procuro tomar pouco refrigerante. Doce também não sou muito chegado. Só dormir, que preciso de umas nove ou dez horas, se não tenho muita dificuldade para acordar de amanhã”, disse o levantador em entrevista ao UOL Esporte.

“Faço apenas o que alguns atletas não conseguem fazer ao longo de suas carreiras”, afirmou.

“Claro que o desgaste na posição de levantador é diferente em relação aos atacantes que estão sempre saltando e precisam fazer muito mais força. Mas as exigências são outras. A vida que levo também não é fácil”, comletou.

Marcelinho foi uma peça fundamental do Sesi no caminho para a decisão do título nacional. O levantador, que chegou ao clube nesta temporada após três temporadas no Minas, é o terceiro melhor atleta de sua posição na Superliga até este momento, de acordo com as estatísticas oficiais da competição. Tem eficiência de 33,39% dos levantamentos e apenas 12 erros em 572 tentativas. Com isso, fica atrás apenas de Ricardinho e o líder William, do Cruzeiro.

“Pelo que estou jogando, teria totais condições físicas e técnicas de jogar na seleção brasileira. Mas não tenho nenhuma vontade, a minha hora já passou. Tenho discernimento para saber isso”, disse o levantador, que vestiu pela última vez a camisa verde e amarela nos Jogos Olímpicos de Pequim (CHN)-2008, quando a equipe nacional ficou com a medalha de prata.

Se jogar pela seleção está fora de cogitação, seguir no vôlei por um longo tempo ainda é desejo de Marcelinho. O veterano não traça planos para deixar as quadras, como já fez metade do time que foi ao pódio na China.

“Não tenho nada programado”, resumiu-se a dizer.

Se continuar no Sesi-SP ao longo das próximas temporadas, Marcelinho precisará manter a rotina de viagens para poder seguir perto da família. Ele mora em São Paulo, próximo ao clube na Vila Leopoldina, e sempre que tem uma folga pega o avião para ficar com a esposa Raquel e o filho Pedro, de seis anos.

“Fico fazendo esta ponte aérea. Todo fim de semana vou para lá. Mas não me incomoda em nada”, disse.