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Campeã olímpica realiza sonho de ser modelo e já é disputada por agências

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

22/04/2015 06h01

Fabiana Claudino tinha o mesmo sonho de milhares de meninas que querem brilhar como modelo e desfilar pelas passarelas do mundo. Mas a vida a levou para outro caminho, e ela conquistou muito sucesso, só que em outra profissão.  Fabiana virou uma das atletas mais vitoriosas de sua geração no vôlei e chegou ao ápice com o bicampeonato olímpico pela seleção brasileira. Ainda assim, não deixou o sonho da modelagem de lado.

Hoje, mesmo às vésperas do Pan-Americano de Toronto, das Olimpíadas de 2016 e com a carreira nas quadras ‘bombando’, a meio de rede do Sesi e da seleção brasileira já firmou o seu espaço também no mundo da moda.

Entre uma cortada, um bloqueio e um treino e outro, ela tira o tênis e sobe no salto alto. Já fotografou para marcas renomadas como Mercedes Benz e fez desfiles até vestida de noiva.  Na última semana, foi atração na principal semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week, para apresentar o uniforme que a delegação brasileira vai usar no Pan de Toronto.

Além das campanhas, ela é disputada por duas agências de modelo renomadas: a Ford Models e a Mega Model. Aos 30 anos, Fabiana não disputa posição com as modelos que estão começando a carreira. Já entra com vantagem nos desfiles como celebridade, categoria que as agências vêm investindo bastante.

E ela já sonha até com carreira internacional. “Claro que gostaria. É um sonho. Quem sabe um dia? Por que não?”.

Para dar conta de tudo, o maior segredo é o mesmo que usou nas quadras por todos esses anos: determinação. Em qualquer tempo livre, ela estuda, treina os passos e corre para o curso do diretor de passarelas Namie Wihby, que já trabalhou com tops como Izabel Goulart, Raica Oliveira e a atriz Deborah Nascimento.

“Eu sempre tive o sonho de ser modelo, eu amo. Não consegui seguir a carreira porque eu era muito alta e aqui no Brasil as pessoas não aceitam muito. Mas agora eu estou investindo. Até pensei em deixar o vôlei e focar na moda. Mas estou conseguindo conciliar os dois, que é o ideal para mim”, disse.

“Hoje faço curso de passarela, aula particular, me dedico muito. Sendo atleta, nosso jeito de andar é muito diferente. Tenho treinado bastante e estou fazendo aula até com salto 10”, comemora ela, do alto, literalmente, de seus 1,94 m.

O dia a dia não é fácil. O trabalho com Namie começou há dois anos, mas ela dificilmente consegue ter uma sequência. Fabiana entrou em turmas regulares de jovens adolescentes. Mas a rotina de treinos, jogos e viagens fez com que ela abandonasse o curso várias vezes.

A solução foi fazer aulas individuais com horários mais flexíveis. Para o diretor de passarelas, ela já evoluiu muito.

“É difícil a gente embalar por causa dos campeonatos. Mas é um prazer trabalhar com ela. Ela é tão dedicada quanto ela é com o vôlei. E ela tem uma energia... se todas as modelos estivessem 50% envolvidas com esse trabalho de preparação igual a ela, eu estaria feliz. Ela tem comprometimento, ela ama isso”, conta Namie.

Nas aulas, o professor explora no potencial fotográfico da atleta e, principalmente, treina a caminhada nas passarelas que tem os mais diferentes formados. Acostumada a sempre usar tênis, uma das maiores dificuldades é que ela se acostume aos saltos altos.

Agora o principal foco do trabalho é resgatar a feminilidade de Fabiana, para que ela deixe de lado a virilidade do esporte.

“Ela consegue mostrar o seu valor mesmo com a altura que não favorece nas passarelas. A pele dela é absurda, o corpo, as pernas, não tem o que falar, a energia, o empenho. A gente se diverte. Agora a gente está colocando um salto mais alto, independentemente da altura dela, para buscar essa mulher mais feminina, elegante, chique. Estamos treinando muito a coordenação motora, a movimentação de braço por igual, uma perna na frente da outra que são enormes e lindas”.

Apesar de não competir com as tops que brilham nas semanas de moda pelo mundo hoje em dia, Namie acredita que ela pode crescer ainda mais. “O que eu acho interessante é que se não foi por um lado, foi pelo outro. Ela queria ser modelo, virou jogadora de vôlei, mas agora é o vôlei que está trazendo essa possibilidade de ela ser modelo, de entrar como celebridade”, conclui.