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Promessa do vôlei foi à fase final do Miss SP e tem meta ousada como modelo

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

01/06/2015 06h01

Natasha Gallinari é uma das milhares de meninas que saem de casa cedo para tentar uma carreira de atleta sonhando com as glórias que o esporte pode proporcionar. Aos 20 anos, ela se esforça noite e dia como jogadora do time de Presidente Prudente que disputa o Campeonato Paulista Sub-21. Mas ela também tem outros tipos de sonhos.

Natasha se divide para conciliar a vida nas quadras com as passarelas. Neste ano, ela foi eleita Miss Presidente Prudente e representou a cidade do interior no Miss São Paulo. Na final do concurso, terminou entre as 30 primeiras colocadas. Apesar de não ter conseguido a classificação que esperava, mantém garra de atleta para estabelecer uma meta ainda mais ousada.

“Vou tentar de novo. Quero ser Miss São Paulo, depois me tornar Miss Brasil. Quem sabe chegue a ser Miss Universo. Se a gente não sonhar, ninguém vai sonhar pela gente”, conta ela.

Depois que conquistou o título em Prudente, Natasha teve uma preparação intensa para o Miss São Paulo e queria ficar entre as dez ou 15 primeiras colocadas. Entre as 30, não teve a chance de fazer o desfile de biquíni e mostrar um pouco mais do seu potencial. Ela acredita que a experiência das outras candidatas foi um fator decisivo.

Por isso, não desanimou e quer usar o aprendizado a seu favor. No ano que vem, ela pretende tentar a vaga representando outra cidade do interior ou quer concorrer ao título de Miss Prudente novamente daqui a dois anos, já que é o tempo mínimo permitido pelo concurso para se candidatar pela mesma cidade.

Mas apesar de ter se dedicado bastante para o Miss São Paulo, Natasha entrou no concurso em Presidente Prudente bem por acaso. Estava afastada da moda havia dois anos por causa do esporte e foi incentivada por uma amiga a se inscrever na última hora. Mesmo sendo marinheira de primeira viagem, fez bonito. Venceu a competição local e desbancou quase cem meninas na seletiva estadual para conseguir chegar ao grande dia.

Como o esporte a ensinou, não quis saber de apenas competir e colocou em prática todo o seu talento, beleza e dedicação. Conseguiu um patrocínio de uma agência de modelos e da prefeitura da cidade para cuidar do cabelo, da pele e comprar novas roupas. Mudou até seus hábitos e treinos no time de vôlei.

“Tive que comprar algumas roupas e mudar um pouco a minha forma de vestir. Aprendi a fazer maquiagem e cabelo. Eu treinei muito a passarela e as paradas. Eu tinha alguns hábitos mais grosseiros, tive que saber me portar melhor e aprender um pouco de etiqueta. Tive que me adaptar às situações. No esporte me veem como mais delicada, no Miss me veem como mais grosseira. Atleta tem que fazer tudo com firmeza, até meio bruto. E para Miss tudo tem que ser delicado, sutil, leve. Então eu tento me adaptar, mas sou eu mesma, né?”, brinca ela, com seu jeito ainda de menina.

Com duas carreiras, Natasha muitas vezes se vê em um dilema. Em sua posição de central, o esporte exige que ela seja forte fisicamente para dar golpes, bloqueios, saltar e realizar com perfeição todos os fundamentos. Mas a indústria da moda espera que ela siga o padrão das modelos bem magrinhas.

“As duas profissões não seguem o mesmo perfil de corpo, isso me atrapalha um pouco. Eu quero treinar, mas não posso ficar muito forte porque modelo tem que ser mais magra. Ao mesmo tempo tenho que ser forte para dar golpes e aguentar os jogos”.

Por isso, ela conseguiu dar um jeitinho. Como na época do concurso o time ainda estava em fase de preparação para o Campeonato Paulista, ela contou com a ajuda fundamental do técnico do seu time para fazer um treino mais leve diferente das colegas.

“Ele me ajudou muito. Conversamos e vimos que como as datas não batiam, eu poderia fazer um treino diferente. Comecei a fazer um treino mais funcional que me desse mais resistência e preparo físico. Agora que acabou o concurso e o campeonato vai começar, já posso pegar pesado. Mas eles me deram todo o apoio, muitas vezes eu tinha que faltar para viajar para os eventos em São Paulo. As minhas colegas me apoiaram incondicionalmente também”.

Com o fim do concurso, agora Natasha volta as suas atenções para o vôlei. Depois de passar por times como Araraquara e Botucatu, está confiante que o Prudente possa fazer uma boa campanha no Campeonato Paulista, apesar de ter que enfrentar times fortes como São Caetano e Osasco.

E começou com pé quente. Logo na estreia, o time já venceu o Santos por 3 sets a 0. “A expectativa é muito boa, o nosso grupo é bem fechado. Se forem duvidar, a gente mostra que a gente consegue ganhar. Outros times têm meninas mais vividas, que correram mais times, com mais altura e força, mas se soubermos fazer um bom jogo, a gente abala o psicológico delas e leva o jogo”, conta ela. Fato é que dedicação e otimismo não faltam a Natasha em nenhuma área.