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Herói do Brasil na Liga Mundial mostra romantismo e dedica vitória à mulher

Lipe comemora ponto na Liga Mundial de vôlei, no Rio - Divulgação/FIVB
Lipe comemora ponto na Liga Mundial de vôlei, no Rio Imagem: Divulgação/FIVB

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/07/2015 18h56

Lipe é o tipo de jogador que chama atenção pelo comportamento. Na atual seleção brasileira de vôlei masculino, ninguém chega perto do que o ponteiro oferece em aspectos como vibração e agressividade – agressividade, aliás, é uma das palavras mais usadas por todos para descrever o camisa 12. Depois de ter sido o grande nome do time nacional na vitória por 3 sets a 1 sobre os Estados Unidos nesta quinta-feira (16), porém, Lipe não foi nada agressivo. Após ter sido ovacionado pelo Maracanãzinho e de ter tido o nome gritado pelo público presente no ginásio, o atleta mostrou um lado mais intimista e romântico.

“Eu só pensava na minha mulher, que estava aqui comigo. Eu só penso nela, mesmo quando estou sacando. Quando a bola está subindo, é ela que está na minha cabeça. Penso nela o tempo inteiro, olho para ela durante todo o jogo. Ela me dá força”, contou Lipe.

A mulher do ponteiro, Manuele, é advogada e costuma ir aos ginásios para ver os jogos do marido. Os dois se conhecem há muito tempo, mas estão juntos oficialmente há pouco mais de um ano.

“Ela veio me abraçar depois do jogo, chorando, e falou que se emocionou muito quando ouviu o ginásio todo gritando meu nome. Estou muito feliz. Ela sabe que eu jogo por ela e que ela é a razão dessa força que eu tenho, dessa confiança”, disse o jogador, que definiu o jogo desta quinta-feira como a maior emoção de sua carreira esportiva: “Isso aqui eu acho que não teve nunca. Isso aqui foi emocionante. Foi uma coisa que me tocou muito”.

Reserva no elenco comandado por Bernardinho, Lipe tinha participado pouco do jogo contra os Estados Unidos até o terceiro set, quando foi acionado para substituir Murilo. A entrada dele mudou o clima da seleção brasileira, que passou a vibrar mais, e isso contagiou o ginásio.

“Ele é um desses maçaricos. Nós temos até de controlar em alguns momentos para não transformar isso em ansiedade”, avaliou Bernardinho. “O Lipe é assim: consegue entrar sempre com sangue no olho e puxar o time junto”, completou o oposto Evandro.

A entrada do ponteiro foi relevante a ponto de criar uma incógnita sobre a sequência do time titular. Murilo é um dos jogadores mais experientes da seleção e já foi eleito o melhor do mundo, mas ainda precisa recuperar potencial de ataque após ter sido submetido a intervenções cirúrgicas no ombro. O camisa 8 é fundamental para passe e defesa, mas o efeito do reserva contra os Estados Unidos foi indiscutível.

“Acho que há momentos e momentos, e hoje era um momento de agressividade a 500%. Vai haver um jogo em que eu vou ter de ficar quieto no banco sem falar com ninguém porque eles vão precisar de paz e de tranquilidade”, ponderou Lipe. “Posso começar ou posso não começar. A gente tem um time base muito bem formado, e talvez a minha força seja trazer de fora. Isso cabe ao Bernardo decidir, e eu tenho certeza que o que acontecer, se eu jogar, se o Murilo jogar ou se o Lucarelli jogar, todo mundo vai confiar no que está sendo feito”, adicionou.

O Brasil ainda precisa esperar o jogo entre Estados Unidos e França, na sexta-feira (17), para saber se estará nas semifinais da Liga Mundial. Depois, em caso de resposta positiva, precisa avaliar o adversário e entender quais características são mais relevantes entre os ponteiros. Bernardinho já sabe ao menos o que esperar de Lipe: “Para mim, na minha cabeça, todo jogo é de energia no máximo”.