Triste por atentados, belga do Osasco sonha com título para familares
Lise Van Hecke chegou ao Brasil no ano passado para defender o Vôlei Nestlé/Osasco. E em mais de seis meses do país, talvez esteja vivendo a semana mais emotiva desde que aqui desembarcou.
Em meio a série de playoff semifinal da Superliga contra o rival Rexona - liderada pelo Osasco por 1 a 0 -, a atleta de 24 anos "ganhou" uma nova preocupação: o estado de alerta que vive seu país natal, a Bélgica, após os atentados que mataram pelo menos 31 pessoas na última terça-feira.
"Estou pensando muito na minha família e rezando por eles e pelo meu país. Mas estou no Brasil e não posso fazer nada daqui. Me resta torcer para que tudo se resolva rápido por lá e fique tudo bem. Tenho tentado separar as coisas e deixar meu lado emocional de fora para conseguir dar meu melhor em quadra", disse ao UOL Esporte a atleta que tem sido um dos destaques da equipe de Osasco na Superliga.
Lise não nasceu nem vive em Bruxelas - é de Sint Niklaas - mas tem muitos amigos e familiares que moram na capital e sempre costuma passar pela cidade.
"A Bélgica é um país pequeno, então é possível ir e voltar com muita facilidade. Fiquei preocupada, mas ao mesmo tempo tranquila por saber que familiares e amigos estão bem. A notícia me deixou um pouco assustada, mas como foram meus próprios parentes que me deram contaram fiquei mais aliviada", contou Lise.
Ela só soube da notícia dos atentados quando acordou na terça-feira, um dia após o Nestlé derrotar o Rexona em casa por 3 sets a 2. Apesar de se dizer chocada, garante que não foi pega tão de surpresa pelas notícias que chegavam em seu celular.
"A Bélgica já estava em estado de alerta, pois na semana passada a polícia prendeu aquele que eles acreditam ser um dos principais suspeitos. Mas claro que fiquei preocupada e triste. Os lugares em que tudo ocorreu são muito familiares para mim", disse a atleta que defende a seleção belga, mas não estará nos Jogos Olímpicos do Rio, uma vez que a equipe não foi bem no Campeonato Europeu.
Em um momento de tristeza e tensão, Lise só pensa no título da Superliga para dar um pouco de alegria aos amigos e familiares. E poderá ficar mais perto disso caso o Nestlé derrote o Rexona nesta sexta-feira no Rio de Janeiro e garanta vaga na decisão. Em caso de derrota, a terceira e decisiva partida será na segunda-feira novamente no Rio.
"Eu e todo time temos um objetivo em comum. O que mais quero é poder voltar para casa nas minhas férias com uma medalha e com objetivo cumprido. Quero poder abraçar minha família que está torcendo a distância por mim", afirmou.
Superar a solidão no Brasil, aliás, foi um dos desafios de Lise quando aqui chegou. Morando sozinha e sem falar português teve algumas dificuldades. Hoje, já garante estar tirando tudo de letra. Até mesmo ao caótico trânsito paulistano garante estar adaptada.
"Eu tinha medo em dirigir em São Paulo e me perder. Mesmo antes de vir para cá já sabia que São Paulo era enorme. Tinha medo no início de andar por aí e não conseguir pedir ajuda devido ao fato de não dominar o idioma. Mas isso já passou e atualmente não tenho dificuldades", disse a ponteira.
Para aprender o idioma, Lise contou com a ajuda da literatura. Mas foi no convívio com as companheiras de time que passou a dominar o português. O fato de ter jogado na Itália lhe ajudou.
"Logo que cheguei ao Brasil tinha um livro de português e foi por aí que comecei a aprender. Porém, acredito que o melhor aprendizado é o contato com as pessoas e praticar sempre usando as palavras novas e aumentando o vocabulário", afirmou Lise, que colecionou títulos na Bélgica e na Itália.
Por conta da rotina intensa de treinos e jogos, ela afirma que não teve muito tempo para conhecer o país e pontos turísticos de São Paulo. Porém, já conseguiu dar um pulo na praia.
"Não tive a chance de visitar muitos lugares, mas estive na praia de Maresias e gostei bastante. Gosto do mar e as praias brasileiras são bonitas. Gosto de acordar todo dia e ver o sol. Está época do ano é muito frio na Europa. Joguei na Itália e o verão por lá é bem frio. Jogar no Brasil é muito gostoso por causa do clima", disse a belga que não perde o sorriso nem em um momento de tensão em seu país.
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