Galã e astro, novo técnico do vôlei brasileiro lançou filho de Bernardinho
Assumir a seleção brasileira de vôlei masculino depois de Bernardinho, 57, seria um desafio árduo para qualquer um. Em 16 anos no cargo, o treinador que deixou a equipe nacional nesta quarta-feira (11) amealhou dois ouros olímpicos, três títulos mundiais e oito taças da Liga Mundial. Poucos candidatos, contudo, chegariam ao cargo com uma bagagem tão grande quanto a de Renan dal Zotto, 56, escolhido pela CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) para assumir o posto. A despeito de não trabalhar na função desde dezembro de 2008, o novo técnico está ligado ao esporte desde os anos 1970 e já foi de tudo: como jogador, referência técnica e galã da geração que obteve medalha de prata nos Jogos de Los Angeles-1984; depois, comandou Palmeiras/Parmalat, Frigorífico Chapecó, Olympikus e Cimed no vôlei brasileiro.
Renan também foi gestor de esportes da Unisul, time em que lançou o levantador Bruninho, então novato. O jogador de 30 anos, filho de Bernardinho, foi titular e capitão da seleção brasileira na conquista do ouro olímpico na Rio-2016.
A aposta no camisa 1, porém, está longe de ser a única coincidência entre o antecessor e o novo técnico da seleção brasileira. Quando atletas, os dois foram companheiros de seleção brasileira e estiveram no grupo que perdeu para os Estados Unidos a decisão dos Jogos Olímpicos de 1984. Bernardinho, levantador, era reserva do capitão William; Renan, titular, era uma das principais estrelas daquela equipe: acumulou durante a carreira os títulos de jogador mais espetacular do mundo, melhor defensor do mundo, melhor atacante do mundo e melhor jogador de voleibol do século 20 – a eleição foi feita em 2001 pela FIVB (Federação Internacional de Voleibol).
Aquela geração foi precursora num processo de popularização do vôlei no Brasil. Era o time do saque “Jornada nas Estrelas”, de Bernard, e do “Viagem ao Fundo do Mar”, que era realizado por Montanaro, William e pelo novo treinador da seleção. A modalidade ganhou espaço na televisão, e a seleção rapidamente virou alvo de um frenesi de público. Os jogadores viraram estrelas a ponto de um jogo festivo contra a União Soviética ter levado mais de 100 mil pessoas ao Maracanã – o evento tinha como atrativo o fato de ter sido disputado a céu aberto.
Além dos aspectos técnicos, o sucesso da geração de 1984 tem relação direta com o lado midiático dos jogadores. Sobretudo Renan, o primeiro galã do vôlei brasileiro. O ponteiro extrapolou o sucesso nas quadras e se tornou referência também como celebridade.
Nascido em São Leopoldo (RS), Renan começou a jogar vôlei ainda na escola. Nos anos 1970, passou a ser convocado para a seleção brasileira. Defendeu a equipe nacional como atleta dos 16 aos 29 anos, com participação em três Jogos Olímpicos, três Mundiais, três Jogos Pan-Americanos e dois Mundialitos.
De 1988 a 1993, Renan defendeu times de vôlei da Itália. Voltou ao Brasil para iniciar carreira como técnico, assumiu o Palmeiras/Parmalat e foi vice-campeão do Paulista e da Superliga.
No entanto, o trabalho como técnico nunca foi a única ocupação de Renan. Aí entra outra coincidência com Bernardinho: o novo comandante da seleção brasileira, assim como o antecessor, tem largo histórico como empresário e palestrante.
Renan lançou, por exemplo, a Par Mais, assessoria de planejamento financeiro com foco em pessoa física. Trabalhou como comentarista na TV Globo e virou diretor nacional de cursos do programa de administração esportiva do COI (Comitê Olímpico Internacional). Além disso, atuou como gestor de esportes e diretor de marketing da farmacêutica Cimed e teve duas experiências como dirigente no futebol (no Figueirense e no Guarani de Palhoça).
Em 2014, Renan voltou a trabalhar na CBV. Foi diretor de marketing durante um ano, e depois disso assumiu a diretoria de seleções. Trabalhou diretamente com Bernardinho, o que estabelece mais uma coincidência nas trajetórias de ambos.
“Disse ao Bernardo: ‘Preciso de você dentro do processo’. Não existe mudança de rota; é aquela estabelecida lá atrás e vamos tentar dar um prosseguimento. Temos uma cultura e metodologia de treinamento toda implantada. É um desafio enorme dar continuidade. O que posso dizer é que a filosofia é muito parecida, mas os métodos podem mudar um pouco. Cada um pensa de uma maneira. Não existe um caminho para alcançar bons resultados. Estão aí o Zé Roberto e o Bernardo, com estilos diferentes e que alcançaram vitórias”, disse Renan em entrevista coletiva.
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