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'A Cabeça do Santo' me fez rir, mas com muitos significados nas entrelinhas

"A Cabeça do Santo" tem uma história deliciosa, cheia de brasilidade, que eu devorei em poucos dias Imagem: Elisa Soupin

Elisa Soupin

Colaboração para o Guia de Compras UOL

22/10/2024 05h30Atualizada em 22/10/2024 15h59

O livro "A Cabeça do Santo", da autora Socorro Acioli, tem inúmeras indicações no BookTok, o segmento do TikTok em que usuários falam sobre literatura e dão dicas de livros —e que bom que o algoritmo me despertou a curiosidade para essa leitura.

Uma história deliciosa, cheia de brasilidade, que eu devorei em poucos dias e, desde então, recomendo para todo mundo.

Sobre o que é o livro?

A narrativa, cheia de personagens cativantes e de caráter altamente duvidoso, se passa na pequena cidade fictícia de Candeia, no sertão cearense. Por lá, há anos uma obra segue inacabada: o corpo de um Santo Antônio está de pé, mas falta colocar a cabeça.

Essa parte, inclusive, é real, mas o nome da cidade foi trocada. A verdadeira estátua inacabada de Santo Antônio fica na cidade de Caridade (CE), e a cabeça, que está parte em um quintal e parte na rua, virou ponto turístico local.

Um dia, o protagonista Samuel, que está de passagem em Candeia, procura abrigo para uma tempestade e entra em um lugar que, depois, descobre ser justamente A Cabeça do Santo.

Samuel, que de santo não tem nada, percebe que, lá dentro, consegue ouvir vozes: são as preces de amor das mulheres da cidade fazendo seus pedidos mais confidenciais a Santo Antônio.

"A Cabeça do Santo'", da autora Socorro Acioli Imagem: Elisa Soupin

O que eu achei

É um texto leve, mas cheio de significado nas entrelinhas. Simples e, ao mesmo tempo, extremamente cativante. As diversas tramas paralelas que se cruzam na história são todas muito coesas e se desdobram com humor (e romance, às vezes).

Um dos grandes méritos, na minha opinião, é a construção dos personagens, que são complexos e cheios de camadas. Nem mocinhos, nem vilões: pessoas reais, que carregam suas histórias, dores, traumas e que estão fazendo o melhor que podem (mesmo que na corda bamba de limites éticos), às vezes despertando raiva, mas em outras despertando empatia, compaixão e, por que não, a torcida dos leitores?

Foi uma leitura que me fez gargalhar, refletir sobre o perdão, sobre as certezas nem sempre certas que carregamos e pensar sobre o amor.

Apesar de ter sido lançado em 2014, o livro demorou uma década para ter o seu grande boom. Em breve, a obra vai virar filme, quer motivo melhor para ler agora, antes da história tomar as telonas?

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