Sequência de best-seller, 'Murdle 2' despertou Sherlock adormecido em mim

Sou fã do gênero suspense e já me diverti com o famoso jogo de tabuleiro do personagem Sherlock Holmes, "Scotland Yard". E voltei a esse papel de detetive quando li "Murdle: Volume 2", lançado neste mês no Brasil e continuação do best-seller "Murdle: Volume 1".

Escritos pelo estadunidense G.T. Karber, os títulos fazem parte de uma série com quatro volumes originalmente publicados em inglês. "Murdle 1" ganhou o prêmio de Livro do Ano do British Book Awards de 2024 e a franquia teve os direitos de adaptação vendidos pela Legendary Television — para virar série de TV. A seguir, eu conto sobre o quê esses livros falam e o que achei de ler a sequência.

Sobre o que os livros Murdle 1 e 2 falam?

A palavra "murdle", em inglês, significa assassinato. E dá nome aos livros justamente porque tratam de casos de assassinato apresentados como enigmas de lógica e dedução para o leitor resolver. Talvez não surpreenda saber que o autor G.T. Karber é formado em matemática e língua inglesa.

Os livros funcionam como um jogo. À medida que você avança nas páginas, encontra desafios para solucionar, que seguem uma linha cronológica. No primeiro volume, o leitor conhece a saga do detetive Logicus e um manual de como solucionar os mistérios. "Murdle 1" apresenta 100 casos de assassinato, bem como as soluções de todos eles.

O segundo volume segue esse padrão, com o manual de resolução e 100 novos mistérios. Em cada caso, são descritos suspeitos e armas, além de pistas e indícios. É com essas informações que dá para preencher os chamados "quadros de dedução", que ajudam a responder perguntas como: "quem matou", "onde", "com o quê" (com qual arma) e "por quê". Ainda dá para consultar dicas extras no final do livro. Depois, é hora de checar as soluções.

A história de "Murdle 2" começa com um convite para Logicus ir até uma celebração na Ilha Violeta — território extrajudicial da região de Dracônia. No entanto, ele é surpreendido com assassinatos para solucionar, a exemplo da morte de um piloto do zepelim. Depois, ao chegar no destino onde ocorrerá a celebração, mais casos misteriosos acontecem, até que ele consegue desvendar qual é o segredo sombrio do lugar.

Logicus encontra o inspetor Irratino e eles passam a solucionar mistérios juntos — com o desafio de analisar depoimentos dos suspeitos. A premissa é de que o culpado mente e os demais dizem a verdade. Em alguns enigmas, é necessário avaliar individualmente os depoimentos, para saber se é logicamente possível que cada suspeito esteja mentindo ou falando a verdade.

O que achei do livro "Murdle: Volume 2"?

Sou prova de que não é necessário ter afinidade com matemática para solucionar os desafios, já que resolvi boa parte dos enigmas. Acredito que isso ocorreu porque o autor usa uma estratégia que considero didática, ao dividir os desafios por nível de dificuldade: básicos, médios, muito difíceis e impossíveis. Quanto mais complexo o enigma, são dadas mais pistas, e também mais respostas o leitor deve encontrar. Por isso, ao ler "Murdle 2", senti que evolui no uso da lógica.

Além do mais, G. T. Karber usa um toque de humor que deixa o livro — aparentemente mórbido — divertido. Um exemplo é a escolha das armas que podem ser usadas nos crimes ficcionais: uma xícara de café quente, um sapato de salto bem alto, um esquilo voador e um celular grande (e pesado) dos anos 1980.

Contudo, avalio que, em determinados pontos, o texto fica repetitivo. Alguns dos personagens suspeitos, como o General Coffee e a Lady Violet — herdeira da Ilha Violeta —, são descritos mais de uma vez no livro. Mesmo que isso ajude a construir um fio condutor para a história, deixa a leitura um pouco enfadonha.

Por último, para ler "Murdle: Volume 2", eu recomendo lápis e borracha, assim como umas pitadas de curiosidade e persistência para desenrolar os mistérios. Se, assim, como eu, você está tentando diminuir o uso do smartphone, esse livro ainda pode ser um bom passatempo fora das telas. E, apesar de ser uma continuação, dá para ler Murdle 2 sem ter lido antes o 1.

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