'Deslumbramento': livro sobre 'mundo em colapso' me fez perder o sono
Como explicar para uma criança que o mundo está em colapso? Essa é uma das premissas do livro "Deslumbramento" (editora Todavia), do norte-americano Richard Powers. Na ficção, o leitor é inserido neste "mundo caótico", com ainda mais mudanças climáticas e uma crise política nos Estados Unidos.
Portanto, é um livro que traz um cenário extremamente atual. Acrescente a isso uma criança atípica de nove anos, que tem dificuldade de entender o que está acontecendo ao redor dela. Robin, além de tudo, é apaixonado por animais e pelo meio ambiente.
Quantos pais não se pegam pensando no futuro dos filhos? Diante de tantas mudanças ambientais, principalmente, é normal pensar: "O que vai sobrar para eles?". No livro, essa pergunta é o ponto central. "Todo mundo sabe o que está acontecendo. Mas todo mundo vira a cara", diz o garoto em determinado momento.
O que diz o livro
No livro escrito por Powers, a história se passa em um futuro incerto, mas que não parece tão distante assim. Há ainda mais espécies de animais em extinção, mais catástrofes ambientais e uma crise política sem precedentes.
O garoto Robin acabou de perder a mãe e, depois de um tempo, apresenta episódios explosivos de raiva. Em nenhum momento, o autor se preocupa em fechar um diagnóstico para a criança, esse não é o objetivo. O foco é encontrar algo que possa ajudá-lo a conviver com outras pessoas, principalmente na escola.
É quando o pai, um astrobiólogo, encontra um tratamento chamado de "neurofeedback" — o que relembra bem os filmes de ficção científica. A partir de memórias do cérebro da falecida mãe, Robin começa a melhorar, ou seja, a apresentar um comportamento mais tranquilo.
Mas, por alguns motivos que não vou contar aqui, o tratamento precisa ser pausado. Com isso, o garoto começa a regredir novamente, deixando o pai totalmente desesperado. Isso porque ele sabe dos riscos que o filho corre se não "se comportar" neste mundo caótico do livro.
O que achei do livro
No começo, fiquei com dificuldade de me conectar com a história. Mas algumas páginas depois, me peguei pensando no menino e como, de fato, é difícil explicar algumas coisas para as crianças.
Robin fica totalmente desorientado quando descobre o que acontece com as vacas antes de eles chegarem aos pratos das pessoas, por exemplo. Não sou mãe, mas me peguei questionando várias vezes o que faria para explicar determinadas coisas. Além disso, me vi torcendo para que a criança ficasse bem, sem sofrer tanto por um mundo já sem esperanças —que é o cenário construído pelo autor.
Quando entendi o rumo do livro, fiquei arrasada. O final, inclusive, me fez perder o sono —tenho o hábito de ler antes de dormir. Fiquei sem palavras e passei dias chateada com o desfecho, principalmente porque parecia ser "o único caminho possível"— mas valeu a leitura por toda reflexão que trouxe.
"O mundo se tornou algo que nenhuma criança deveria descobrir", diz o personagem do livro. Pois é.
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