O PlayStation 4 recebeu os exclusivos mais badalados --além do premiado "God of War" e de "Spider-Man", teve "Shadow of the Colossus", "Detroit: Become Human" e bons games para o PS VR.
Quer mais? Houve ainda uma leva de ótimos jogos de produtoras independentes, como "Celeste", "Dead Cells", "Into the Breach" e "Moonlighter".
Ao longo do ano, o UOL Jogos analisou mais de 50 games. E aqui estão os que consideramos os 10 melhores.
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10º: Celeste
Por Daniel Esdras
É engraçado pensar que um jogo que figura entre os melhores de 2018 surgiu de forma tão descompromissada. Noel Berry, criador do "Skytorn", e Matt Thorson, de "Towerfall", criaram o conceito de "Celeste" em uma Game Jam. Durante aqueles quatro dias de evento, foram feitos 30 níveis, que misturavam de forma muito divertida o estilo "Super Meat Boy" com as mecânicas mais legais do "Towerfall". O resultado foi tão positivo que os desenvolvedores decidiram aprimorar o conceito e colocar o jogo à venda.
O diferencial de "Celeste" é que tudo que foi adicionado no jogo é extremamente bem executado, algo difícil em um projeto independente. A música de Lena Raine é memorável e foi indicada no Game Awards. A história de Madeline é cativante e muito ligada à jogabilidade, que é desafiante e recompensadora. Menus, interface de jogo e apresentação são impecáveis. Por último temos a arte executada pelos brasileiros da MiniBoss, que trabalharam durante dois anos para criar um dos jogos mais aclamados de 2018.
"Celeste" é com certeza um ponto alto do ano que você deveria colocar na sua lista, caso ainda não tenha jogado.
Um game difícil em que você recomeça a cada morte parece ser a receita para uma experiência bastante frustrante. O mérito da Motion-Twin foi fazer com que "Dead Cells" abordasse essa fórmula de uma maneira a instigar os jogadores a sempre "tentar mais uma vez" - e, assim, lá se vão horas.
O game de ação é um chamado "rogue-lite", ou seja, que coloca o jogador em uma situação desfavorável e sem a possibilidade de reviver no meio do caminho --para piorar, os cenários variam a cada partida. A parte "lite" da história é que os itens obtidos a cada jogada permanecem, de maneira que você está sempre mais forte. Tudo isso combina bem com o visual retrô do jogo e com sua jogabilidade sólida, precisa e viciante, fazendo uma ótima mescla entre passado e presente.
Há décadas temos games baseados em "Dragon Ball", de RPGs a card games. Mas são os títulos de luta que fazem sucesso, e "Dragon Ball FighterZ" é o melhor jogo do anime já feito. Obra da Arc System Works, a mesma de "Guilty Gear" e "BlazBlue", tem como grande mérito fazer o jogador se sentir em um episódio da série.
Rola uma enorme quantidade de referências ao coisas vistas em episódios do anime, tanto nos movimentos e golpes dos personagens quanto nas animações que ocorrem antes, durante e depois das lutas. O visual é apenas um dos trunfos do game, que tem ainda uma jogabilidade do tipo "fácil de aprender, difícil de dominar". Isso permite que jogadores casuais não se sintam tão perdidos e que a galera mais "hardcore" encontre uma boa dose de profundidade, com personagens bem distintos entre si e com pontos fortes e fracos bem aparentes. "Dragon Ball FighterZ" é imperdível para quem curte o anime e jogos de luta.
"Assassin's Creed" voltou com tudo em 2017, com o ótimo "Origins". O vasto mundo aberto foi mantido em "Odyssey", no meio da Guerra do Peloponeso, entre gregos e espartanos, da Grécia Antiga. No comando de Alexios ou Kassandra, você desbrava o mar Mediterrâneo e as ilhas gregas para saber mais sobre sua família e as tramoias da política regional.
Competente na jogabilidade, o game impressiona no visual e no escopo, porque o mapa é gigante e repleto de missões e áreas a serem exploradas. A navegação também voltou como foco, o que não ocorria desde "Black Flag". "Odyssey" é perfeito para quem quer se perder por dezenas de horas em um mundo gigante com cenários lindos.
Jogos de corrida são frequentemente usados para demonstrar as capacidades gráficas de um console e, no caso de "Forza Horizon 4", não é nenhum exagero dizer que se trata de um dos games mais bonitos disponíveis para Xbox One --e a coisa fica ainda mais "séria" caso ele esteja rodando em um Xbox One X ou um PC mais parrudo. Mas o jogo da Playground Games não é um mero "rostinho bonito".
Há muito o que fazer no game e isso, somado à comunidade sempre ativa, é garantia de diversão por muito tempo. Ainda que o cenário não seja tão variado quanto o de "Forza Horizon 3", ele conta com mudanças de estação, que transformam totalmente o ambiente --os carros se comportam de maneiras bastante distintas de acordo com o estado do piso em que trafegam.
A oferta de centenas de carros também garante uma variedade de experiências ao jogador. Se você curte games de corrida com uma pegada mais arcade, "Forza Horizon 4" é a melhor opção disponível.
A apresentação da Nintendo na E3 deste ano deu o tom do que seria "Super Smash Bros. Ultimate": todos os lutadores que já entraram no ringue estariam de volta. Mas não era só isso, porque além das dezenas de personagens, entre eles Simon e Richter Belmont (de "Castlevania"), o game de luta que criou seu próprio subgênero trouxe muitos modos, a volta do multiplayer local (torneios) e ótimas opções para quem joga sozinho.
A jogabilidade é a melhor desde o querido "Melee", com lutas frenéticas e enorme variedade de estilos entre os 76 lutadores. "Ultimate" também é uma verdadeira "aula de história" dos videogames, catalogando mais de mil de personagens do meio como "espíritos", equipáveis no World of Light, o robusto modo história do game. Este "Smash Bros." agrada jogadores casuais e hardcores, que curtem jogar sozinhos ou em grupo. Apenas o online deixa a desejar --uma tradição ruim da franquia.
A série é gigante no Japão desde os tempos do PSP, mas não tinha virado um jogo das massas por aqui. Mais acessível, "Monster Hunter: World" mudou isso e se tornou o jogo mais vendido da história da Capcom. O novo game trouxe uma enorme quantidade de melhorias, desde a navegação livre pelas diferentes áreas dos mapas, antes separadas, até a eliminação de "burocracias" de edições anteriores, como o número ilimitado de pedras para afiar sua arma.
Para um jogo que tem como objetivo, literalmente, caçar monstros, "Monster Hunter: World" tornou essa tarefa divertidíssima. As criaturas gigantes interagem entre si, às vezes com violência, e se comportam como animais em seus habitats naturais. Completar as caçadas nunca foi tão recompensador como agora - com os amigos no multiplayer online, então, é ainda melhor.
A Insomniac Games nos agraciou com seu melhor jogo ao colocar em "Marvel's Spider-Man" a mais incrível e completa aventura do Aranha. Mais do que simplesmente criar uma história original, com surpresas e uma narrativa que te prende na frente da TV, ela acertou em cheio tanto quando estamos na pele do escalador de paredes, combatendo o crime pela cidade de Nova York, quanto nas horas em que somos apenas Peter Parker, em situações corriqueiras envolvendo seus amigos, familiares e até mesmo seu emprego.
Se pendurar com as teias pela cidade é tão recompensador e divertido que por muitas vezes ignoramos a existência do sistema de viagem rápida, comum em jogos de mundo aberto, pois preferimos ficar explorando a cidade que nunca dorme, enquanto seguimos ao próximo objetivo ou missão. As lutas lembram um pouco a jogabilidade vista na série "Batman Arkham", mas tem um estilo próprio, adaptado aos superpoderes do Homem-Aranha, deixando tudo ainda mais rápido e dinâmico. Nunca foi tão bom ser o cabeça de teia como em "Marvel's Spider-Man".
"Red Dead Redemption 2" é um jogo repleto de superlativos. A Rockstar Games dedicou muito tempo (oito anos) e recursos (mais de mil atores gravaram falas) para poder contar a história da gangue de Dutch Van der Linde, um dos antagonistas do primeiro game da série. O projeto era muito ambicioso e rendeu polêmicas, mas o resultado foi uma aventura épica no começo do fim do Velho Oeste americano.
O game protagonizado por Arthur Morgan traz uma história emocionante de luta por ideais, frustrações e redenção (como indica o título). Tudo isso se passa em um mundo vivo e coeso. Se está frio, você precisa se agasalhar, caso contrário terá problemas de saúde. Suas ações importam: atropelar alguém com o cavalo fará a "polícia" correr atrás de você. "Red Dead Redemption 2" é muito mais do que uma sequência de seu antecessor; é um novo clássico dos jogos de mundo aberto.
Em 2013, a série "God of War" atingia seu ponto mais baixo, com o contestado "Ascension". Cinco anos depois, deixando a Grécia para trás e apostando na mitologia nórdica, Kratos voltou acompanhado do novo filho Atreus para estreia da franquia no PlayStation 4. E que estreia! O jogo deixou de lado a violência caricata da trilogia original e apostou em uma história intimista, de relação entre pais e filhos. Tudo isso nos Nove Mundos nórdicos, o ambiente mais ambicioso e detalhado criado pelo Santa Monica Studio.
Se não é tão épico quando seus antecessores, o novo "God of War" é uma obra primorosa, com jogabilidade, história e visual excelentes. É uma verdadeira reinvenção da série, que adicionou elementos de jogos de mundo aberto e RPG à ação frenética do passado. Mais do que isso, a narrativa é dinâmica e toda em plano-sequência, uma abordagem que funcionou muito bem e nos deixou ansiosos para o próximo episódio da franquia - como não, depois desse final secreto? (spoilers no link)