ÍCONE DE VERÃO

Ela, a caipirinha

Por que o drinque é um símbolo etílico da estação mais quente do ano no Brasil

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Cachaça, limão, açúcar e gelo: eis a caipirinha. Paixão nacional, a bebida é perfeita para o verão pois é fácil de preparar e traz um gostinho refrescante
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A origem do drinque é disputada - há narrativas que remetem aos séculos 19 e 20. Mas todas têm São Paulo, de cultura canavieira, como o berço da bebida. Muitas apontam que ela teria começado como um tipo de remédio
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Uma das histórias mais conhecidas conta que a caipira teria surgido como um coquetel para combater os sintomas da gripe espanhola, entre 1918-1919. Foi no Rio de Janeiro, porém, que ela se tornou patrimônio imaterial um século depois, em 2019
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"Era limão, mel, cachaça e alho. Tiraram o alho, trocaram o mel pelo açúcar e virou a caipirinha", diz o sommelier de cachaça Mauricio Maia
Outra história conta que a origem está ligada ao combate ao escorbuto, doença causada pela deficiência de vitamina C, comum entre marinheiros. Segundo essa narrativa, o drinque teria despontado primeiro na cidade portuária de Santos
Hoje, a bebida é popular de norte a sul do Brasil e ganhou muitas versões ao longo do tempo: incorporou diversas frutas - e até cerveja, vinho, saquê e rum no lugar da cachaça

Mas a alternativa com vodka, a caipiroska, se tornou uma das mais comuns. "Quando as marcas começaram a vir para o Brasil, se apropriaram do drinque nacional", conta Maia
Puristas, porém, vão lembrar que para ser considerada caipirinha é preciso que a receita leve aguardente. No Brasil, o conceito é até regulamentado por lei federal, desde 2009
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E, segundo especialistas, a caipirinha certa deve ser feita sem ser batida, somente misturando-se os ingredientes num copo - liquidificador, mixer e coqueteleira não são bem-vindos

Há uma razão: ao bater, extrai-se muito óleo da casca do limão e vem o amargor. Para compensar, acaba-se exagerando no açúcar, resultando num drinque desequilibrado
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Tradicionalmente, usa-se cachaça branca. "Quando você coloca uma envelhecida estabelece um conflito, mas às vezes funciona, dependendo do que você acrescenta", avalia o consultor etílico Paulo Leite

Para escolher uma cachaça para a caipirinha, Leite adverte: deixe de lado aquela história de que cachaça ruim vai para a caipirinha e que a "de qualidade" é feita para ser tomada pura
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Para escolher uma boa cachaça, vale ver se há um carimbo do Ministério da Agricultura na garrafa. Às vezes a que é vendida como "artesanal", sem rótulo, pode esconder uma destilação malfeita, que desce mal no copo - e no corpo
Mas não deixe de pensar no que mais agrada seu paladar. "A gente tem que fazer do jeito que a gente gosta", diz Leite. De quiosques pé na areia a bares de resorts de luxo, caipirinha tem para todos os gostos
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Publicado em 26 de fevereiro de 2022.
Reportagem: Larissa Linder

Edição: Juliana Sayuri e Eduardo Burckhardt

Design: Carol Malavolta

Imagens: iStock