Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Mignon Chárika: um restaurante húngaro que merece ser descoberto
Entre as muitas lembranças que trago de Budapeste, mesmo tendo passado poucos dias naquela cidade linda, lindíssima, uma boa década atrás, está a impossibilidade de mergulhar no idioma magiar.
"Puskas", "Liszt" e "goulash" eram as três únicas palavras e nomes que eu até então conhecia da língua húngara.
Daquela viagem até hoje, aprendi uma quarta palavra, "langos" (fala-se "langósh"), que, obviamente é algo de comer. Num texto para este mesmo blog, em sua primeira encarnação, tentei descrever essa receita que os locais costumam comer na rua: uma espécie de pão frito, em forma de disco, coberto por salsicha picada e um molho gordo, com diversos legumes.
Era algo difícil de comer mas, como toda boa street food, era coisa boa.
Na semana passada, descobri que existe um lugar a pouco mais de 2 quilômetros de casa, chamado Casa Húngara, que prepara langos.
Quem me contou a boa nova foi a Carlota, a simpática senhorinha de brilhantes olhos verdes que é a dona do restaurante Mignon Chákira, uma casa que fica a 50 metros de minha casa e que, lamentavelmente, demorei oito anos para conhecer.
Reparei o erro duas quartas-feiras atrás, quando saí de casa em busca de uma feijoada no almoço. Bati na padoca, no bar da esquina e seguia na direção do boteco no meio do quarteirão, quando, da calçada, vi as mesas do restaurante cheias e, bem, deixei a feijoada pra outro dia.
O Mignon Chákira é um casa simples, de 30 lugares, que abre apenas para o serviço de almoço. Recebe muita gente que trabalha naquele trecho entre o Itaim Bibi e o Jardim Paulista e que busca, no repasto do dia a dia, uma omelete ou um filé de frango com tempero, como de diz, caseiro.
Além dessas sugestões triviais, consta no cardápio o goulash (R$ 60), decerto a mais conhecida receita típica da Hungria.
No restaurante da dona Carlota, digo, dona Chárika ("Chárika é Carlota", disse-me ela) o goulash é muito gostoso: os cubos de carne têm bom ponto de cozimento e o molho, além da textura mais espessa, é daqueles bem condentados. Me fez suar. Vem à mesa precedido por uma saladinha de alface americana com cenoura ralada, tomate e pepino, e acompanhado de spatzle, aquela espécie de nhoque mais branquelo, menorzinho e mais al dente do que o de batata.
Aos sábados, dona Chárika serve mais opções da culinária húngara, em pratos como carne à caçadora, lombo recheado e repolho em camadas. Langos, infelizmente, não há. Mas se dona Carlota disse que o da Casa Húngara, quem sou eu para discordar?
Vai lá:
Mignon Chárika. Avenida São Gabriel, 501, Itaim Bibi, São Paulo
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