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Histórias do Mar

REPORTAGEM

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Exclusivo: satélite registra porta-aviões que Marinha quer afundar em 72h

Imagem de satélite mostra porta-aviões brasileiro que será afundado pela Marinha - Greenpeace
Imagem de satélite mostra porta-aviões brasileiro que será afundado pela Marinha Imagem: Greenpeace

Colunista do UOL

03/02/2023 17h06Atualizada em 03/02/2023 22h01

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Através de imagens de satélite, o Greenpeace conseguiu, na tarde de hoje, as primeiras imagens em alto mar do porta-aviões São Paulo, que a Marinha pretende afundar "nas próximas 72 horas", como informam fontes internas na corporação.

Após a publicação desta reportagem, e mesmo sob críticas de ambientalistas, o porta-aviões foi afundado pela Marinha no final da tarde de sexta-feira (03).

O comboio, formado pelo ex-porta-aviões e o rebocador Purus, da Marinha do Brasil, sob escolta da fragata União, que patrulha a região a fim de impedir a aproximação de outras embarcações, está a cerca de 192 milhas náuticas (por volta de 350 quilômetros) da costa do estado de Pernambuco, mais ou menos diante de Recife, como apurou o navegador e consultor marítimo Guilherme Kodja, após intenso trabalho de pesquisa.

Embora em alto-mar, praticamente no limite do Zona Econômica Exclusiva do mar brasileiro, o comboio está na mesma direção de onde partiu dias atrás, após deixar as proximidades do porto de Suape, também em Pernambuco, onde o navio jazia sendo rebocado há meses, aguardando uma possibilidade de atracar.

A profundidade no local onde o comboio se encontra — muito provavelmente a mesma onde ocorrerá o afundamento, já anunciado pela Marinha — beira os 5 mil metros, e está além da Plataforma Continental do Brasil.

Histórias do Mar - porta-aviões - Guilherme Kodfa - Guilherme Kodfa
Imagem: Guilherme Kodfa
Histórias do Mar - porta-aviões - Guilherme Kodfa - Guilherme Kodfa
Imagem: Guilherme Kodfa

Mas isso preocupa os ambientalistas da mesma forma, porque, uma vez diluídos na água, os materiais tóxicos existentes a bordo do velho navio (uma quantidade não sabida ao certo de amianto, substância mundialmente banida, e, talvez, também PCB, composto químico que é pior ainda) se espalham, e causam danos no meio-ambiente como um todo.

A Marinha não se pronuncia sobre detalhes da operação que porá o navio a pique, mas afirma que será um "afundamento controlado e seguro".

Fontes internas também disseram que isso será feito através de explosivos, colocados em pontos-chave do navio, e que estes artefatos já foram instalados no imenso casco, que mede 266 metros de comprimento, restando apenas a definição do dia e hora e detonação - que, muito provavelmente, ocorrerá à noite, a fim de evitar imagens do momento, que, certamente, se espalhariam pelo mundo.

Imagem de satélite mostra o porta-aviões que será afundado pela Marinha - Greenpeace - Greenpeace
Imagem: Greenpeace

Apelação do recurso foi negada

Ontem, o Ministério Público havia entrado com um recurso contra a decisão do juiz federal de Pernambuco, Ubiratan de Couto Mauricio, que indeferiu um pedido de liminar para que a operação fosse suspensa, evitando assim danos ao meio-ambiente.

Mas o recurso também foi negado pelo Desembargador Federal Leonardo Resende, da 6ª turma do TRF 5, nesta tarde.

Com isso, as chances jurídicas de se evitar o afundamento do ex-porta-aviões praticamente se esgotaram.

Histórias do Mar - PRINCIPAL  - Antonio Gauderio/Folhapress - Antonio Gauderio/Folhapress
Imagem: Antonio Gauderio/Folhapress

Vai afundar

Dessa forma, o destino do ex-porta-aviões, que já foi o maior navio militar do Brasil, parece selado de vez: será o fundo do Atlântico, a 350 quilômetros da costa brasileira, talvez já nas próximas horas.

Para entender este complicado caso, que virou um imbróglio com pinta de novela — e que, agora, com o afundamento do navio, pode ganhar implicações mundiais, com a responsabilização do Brasil por entidades ambientalistas, clique aqui.